FAO e UNESCO criam aliança para fortalecer a educação alimentar no combate à fome e ao sobrepeso
Agências assinaram um acordo para apoiar os países da América Latina e do Caribe a alcançarem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável relativos à erradicação da fome e ao acesso à educação.
Santiago do Chile – A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), desenharam uma estratégia de trabalho conjunto para fortalecer a educação alimentar e nutricional e promover sua integração nas políticas públicas dos países latino-americanos e caribenhos.
A Oficina Regional (FAO) e a Oficina Regional de Educação da UNESCO para a América Latina e o Caribe (OREALC/UNESCO Santiago) assinaram o acordo Segurança nutricional e alimentar entre meninos, meninas e adolescentes na América Latina e Caribe.
Com o acordo, a FAO e a UNESCO promoverão iniciativas, políticas e programas do setor educacional capazes de contribuir para a melhoria da educação para saúde. Isso contribuirá, também, com o bem-estar das crianças em idade escolar da região através de melhorias na alimentação e na nutrição.
Educação alimentar para combater todas as formas de má nutrição
Segundo o último informe da FAO, o Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional da América Latina e o Caribe (2017), embora a desnutrição crônica na região tenha sofrido queda de 24,5%, em 1990, para 11%, em 2016, ainda há 5,9 milhões de crianças que se veem afetadas pela desnutrição.
Ainda mais grave é a situação do sobrepeso infantil que se transformou em um problema de saúde pública na América Latina e no Caribe: atualmente 7% das crianças menores de 5 anos estão com sobrepeso.
“Que 3,7 milhões de crianças sofram de sobrepeso na região é algo inaceitável. Estamos colocando em risco o futuro de toda uma geração de latino-americanos e caribenhos. O momento de atuar é agora, por isso construímos esta aliança com a UNESCO. ”, explicou o Representante Regional da FAO, Julio Berdegué.
Berdegué apontou que a região deve realizar o mesmo esforço que permitiu melhorar os índices de desnutrição infantil crônica e aguda para enfrentar a obesidade e o sobrepeso. De acordo com ele, a FAO e a UNESCO trabalharão para que os governos façam desse compromisso uma prioridade.
Alimentação escolar: a arma secreta na luta contra a má nutrição
De acordo com a FAO, uma forma de enfrentar a má nutrição em todas suas formas são os programas de alimentação escolar, que vêm tendo efeitos bastante positivos na juventude da região, já que reforçam a continuidade do ciclo nutricional, fortalecem a cultura alimentar e a participação social na criação de hábitos saudáveis.
Desde 2009, a cooperação internacional do Brasil e da FAO fortalecem os programas de alimentação escolar e formam escolas sustentáveis em treze países da região.
Para a UNESCO, esses programas devem ser acompanhados por educação na saúde para uma boa nutrição e estilos de vida saudáveis ao longo do ciclo escolar.
Cecilia Barbieri, diretora (a.i.) da OREALC/UNESCO Santiago, explicou que “temos muita evidência da importância de uma alimentação sadia no aprendizado efetivo dos estudantes. Este acordo nos permitirá unir forças para melhorar o acesso a alimentos suficientes e saudáveis para os jovens, dentro do contexto do trabalho de implementação do Roteiro da Agenda Educativa 2030 para América Latina e o Caribe e o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4”.
Segundo a FAO, em comunidades com altos níveis de insegurança alimentar, os programas de alimentação escolar também ajudam a combater a desnutrição e a manter as crianças na escola. Além disso, dinamizam as economias locais quando se conectam com programas públicos de abastecimento de alimentos e com cadeias de distribuição da agricultura familiar.
“As meninas e os meninos em idade escolar são uma prioridade para as intervenções de nutrição. A escola é o lugar ideal para o ensino de conhecimentos básicos sobre alimentação, nutrição e saúde”, salientou Berdegué.