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VII. ESTADO ACTUAL DE LA INFORMACION SOBRE PRODUCTOS FORESTALES (MARCOS VINICIUS, CONSULTOR FAO)

1.Introdução

1.1. Contexto Geral

O Brasil é um país predominantemente tropical, apresentando um ambiente altamente diversificado e complexo, que inclui diversas tipologias vegetais. O País possui a maior extensão de floresta tropical do planeta e abriga a maior biodiversidade. O patrimônio florestal brasileiro é caracterizado principalmente pela Floresta Amazônica, pela Floresta Atlântica, pela Caatinga, pelos Cerrados, pelas Florestas de Araucárias e pelos plantios de essências nativas e exóticas distribuídos em todo o território nacional.

A Floresta Úmida da Amazônia, localizada no norte do País, ocupa cerca de 2,9 milhões de km2, e pode ocorrer em diferentes situações de relevo e solo, podendo ser classificadas como Florestas Aluviais, de Terras Baixas ou de Terra Firme, as quais, apresentam um volume de madeira estimado em 60 bilhões de metros cúbicos. A Floresta Atlântica remanescente, localizada ao longo do litoral brasileiro, ocupa aproximadamente 102 mil km2. A Caatinga ocorre na Região Nordeste e ocupa 700 mil km2. Os Cerrados, com área estimada em 2 milhões de km2, ocorrem prioritariamente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do país, enquanto que a Floresta de Araucárias do sul do Brasil corresponde a cerca de 3 mil km2.

As plantações florestais ocupam menos de 1% do território brasileiro, e totalizam aproximadamente 50 mil km2. Desse total, cerca de 30 mil km2 são reflorestamentos de Eucalyptus, 18 mil km2 de Pinus e o restante de outras essências. O estoque atual de madeira industrial, oriundo de florestas plantadas é da ordem de 815 milhões de metros cúbicos.

No Brasil, as florestas de produção, públicas e privadas, totalizam aproximadamente 3,7 milhões de km2.

1.2. Setor Florestal Brasileiro

A atividade florestal no Brasil teve início imediatamente após o seu descobrimento. O extrativismo florestal para o uso local em habitação, construção naval e combustível e, também, para suprimento de demandas do continente Europeu, perdurou por vários séculos.

Em meados do século XIX, a indústria madeireira começou a se desenvolver no sul do Brasil, baseada na grande disponibilidade de Araucária, matéria-prima de apreciável qualidade, constituindo-se, por muitos anos, em uma das principais fontes de divisas da região Sul do país.

A partir da década de 60, em virtude da redução na oferta de Araucária oriunda da região Sul e do processo de ocupação e integração da região Amazônica, ocorreu uma gradativa transferência do parque industrial madeireiro para o norte do país.

Atualmente, a indústria brasileira de base florestal é a mais expressiva da América do Sul, atuando em segmentos bastante diversificados. Não obstante, o parque industrial madeireiro do Brasil caracteriza-se pela modernidade e produtividade de seus equipamentos somente nas unidades industriais mais recentes. Via de regra, esse parque é antigo e, na maioria das vezes, obsoleto e de baixa produtividade.

A madeira oriunda de florestas plantadas é utilizada principalmente para a produção de celulose, aglomerados, chapas de fibras, carvão vegetal, compensados, madeira serrada e móveis. As madeiras das florestas nativas são utilizadas principalmente pelas indústrias de processamento mecânico, tais como: serrarias, laminadoras e fábricas de compensados. O consumo de toras das florestas nativas é da ordem de 35 milhões de metros cúbicos por ano, 85% dos quais provenientes da Região Amazônica. O País é, simultaneamente, o maior produtor e, também, o líder mundial em consumo de madeira tropical.

O Brasil consome mais de 300 milhões de metros cúbicos de madeira roliça por ano para todos os fins, sendo 166 milhões de metros cúbicos de toras por ano direcionados para o uso industrial. O setor de base florestal brasileiro oferece cerca de 2 milhões de empregos diretos e indiretos. Contribuiu, em 1999, com US$ 3 bilhões em impostos e participou com 3,9% do PIB nacional. O faturamento do setor brasileiro de base florestal, em 1999, foi de US$ 21 bilhões, período em que exportou cerca de US$ 4 bilhões, o que corresponde a 8% das exportações totais brasileiras.

1.3. Quadro Institucional

Embora tenham existido instrumentos de política nacional voltados à exploração e comercialização de produtos florestais nas primeiras décadas do século XX, o modelo institucional do setor florestal brasileiro tem linhas jurídicas originadas nos anos sessenta. Em 1965 instituiu-se o Código Florestal Brasileiro, em 1966 surgiram os incentivos fiscais ao reflorestamento e, em 1967, foi criado o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF.

A Constituição Federal de 1988 deflagrou um processo de profunda revisão nas ações relativas ao meio ambiente e aos recursos naturais, que levou a criação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, em 1989. O IBAMA absorveu as atribuições de várias outras instituições e responsabilizou-se pela fiscalização e pelo controle do cumprimento da legislação ambiental e das atividades relacionadas com o acesso aos recursos naturais renováveis.

Recentemente, o Governo Federal, por intermédio do Ministério do Meio Ambiente, estabeleceu o Programa Nacional de Florestas-PNF, resgatando a importância do setor de base florestal, com o objetivo de promover a gestão compartilhada do uso sustentável desses recursos. O PNF tem como objetivos específicos a expansão da base florestal, a promoção do uso sustentável das florestas nativas e a manutenção da integridade das florestas brasileiras.

Ao IBAMA compete também atuar em atividades referentes à comercialização e industrialização de produtos e subprodutos de origem florestal. Em que pese os esforços empreendidos pelo Instituto, a escassez de dados estatísticos oficiais sobre o setor florestal tem dificultado o planejamento e a implementação de ações voltadas ao uso sustentado dos recursos naturais.

O setor industrial madeireiro não dispõe de informações precisas e em tempo real e, ainda, quando presentes, os dados estatísticos são dispersos, desatualizados e, na maioria das vezes, não são prontamente comparáveis, pois se referem à conceitos e metodologias distintas.

Neste contexto, O IBAMA, órgão responsável pelo controle da produção e comercialização de produtos de origem florestal, recentemente desenvolveu e implantou em vinte e dois Estados do Brasil o Sistema de Fluxo de Produtos e Subprodutos da Flora-SISMAD. Este sistema informatizado permite a coleta contínua, o registro, o processamento e a disseminação de dados e informações sobre a produção, o consumo e o comércio da madeira e dos produtos derivados. O SISMAD deverá, em breve, ser integrado ao Sistema de Controle de Produtos Florestais-SISPROF.

Desta forma, a expectativa do IBAMA é de que a curto prazo, todas as estatísticas oficiais referentes ao desempenho do setor madeireiro deverão estar disponíveis para todas as regiões brasileiras.

1.4. Objetivos

Levantar informações sobre a produção, consumo e comércio de produtos florestais no Brasil dando especial ênfase à madeira industrial, aos painéis, à celulose e ao papel. Avaliar o status atual da instituição responsável pelo controle dessas informações e a metodologia empregada na compilação desses dados.

2. Metodologia

Neste trabalho utilizou-se diversas bases de dados para as estatísticas de produção, consumo e exportação de produtos florestais. Tais informações foram obtidas a partir de dados e registros de órgãos oficiais, de organizações não-governamentais, e de associações de classe.

3. Produtos florestais brasileiros

3.1. Madeira Serrada

O parque industrial brasileiro voltado à produção de serrados dispõe de aproximadamente 10.000 unidades. Cerca de 75% das serrarias são de pequeno porte, cuja capacidade instalada é inferior a 10.000 m3/ano, e 24% situa-se entre 10.000 e 30.000 m3/ano. Apenas 1% dessas unidades apresenta capacidade de produção acima de 30.000 m3/ano.

Mais de 75% dessas serrarias estão concentradas nas regiões Centro-Oeste e Norte do país. Nessas regiões predominam unidades produtoras de madeira serrada de folhosas nativas enquanto que nas regiões Sul e Sudeste, a maioria das indústrias opera com madeira de floresta plantada, predominantemente de pinus.

O consumo e as aplicações da madeira serrada no Brasil, em qualquer dos tipos (coníferas e folhosas), estão vinculados basicamente a três segmentos: indústria moveleira, indústria de embalagens e indústria da construção civil. Outros setores industriais diversos, a exemplo de artefatos de madeira, decoração e artesanato, também utilizam madeira serrada, porém com uma participação pouco expressiva em se considerando o consumo total.

O mercado doméstico consome quase toda a produção de serrados e, no momento, apresenta tendência de crescimento. Embora o país seja exportador de serrados de madeira sua participação global é relativamente pequena face ao seu potencial. Os principais países de destino das exportações brasileiros de madeira serrada são os EUA, a Espanha e a França. Dentre os países que integram o Mercosul, a Argentina destaca-se como o principal país importador.

Tabela 1 – Evolução da produção brasileira de madeira serrada no período de 1990 a 2000

Produção de Madeira Serrada (1.000 m3)

 

Ano Folhosas Coníferas Total

 

1990 10.930 2.800 13.820

1991 12.200 3.500 15.700

1992 12.410 3.480 15.890

1993 12.620 3.720 16.340

1994 12.830 3.780 16.610

1995 13.230 3.950 17.180

1996 13.650 4.050 17.700

1997 14.250 4.250 18.500

1998 14.000 4.200 18.200

1999 14.400 4.500 18.900

2000* 14.850 4.790 19.640

* Estimativa

Fontes: ABIMCI, STCP, ABPM, SBS.

Tabela 2 – Evolução do consumo brasileiro de madeira serrada no período de 1990 a 2000

Consumo de Madeira Serrada (1.000 m3)

 

Ano Folhosas Coníferas Total

 

1990 10.360 2.850 13.210

1991 11.510 3.440 14.950

1992 12.157 3.407 15.564

1993 12.404 3.670 16.074

1994 12.179 3.451 15.630

1995 13.022 3.570 16.592

1996 13.291 3.653 16.944

1997 13.752 3.648 17.400

1998 13.450 3.660 17.110

1999 13.860 3.840 17.700

2000* 14.300 4.030 18.330

* Estimativa

Fontes: ABIMCI, STCP, ABPM, SBS.

Tabela 3 – Evolução das exportações brasileiras de madeira serrada no período de 1990 a 2000

Exportação de Madeira Serrada (1.000 m3)

 

Ano Folhosas Coníferas Total

 

1990 724 80 804

1991 502 90 592

1992 495 140 535

1993 484 220 654

1994 1.061 329 1.331

1995 915 380 1.295

1996 859 400 1.259

1997 941 505 1.446

1998 787 540 1.327

1999 958 783 1.741

2000* 990 810 1.800

* Estimativa

Fontes: ABIMCI, STCP, ABPM, SBS.

Tabela 4 – Evolução das importações brasileiras de madeira serrada no período de 1990 a 1998

Importação de Madeira Serrada (1.000 m3)

 

Ano Folhosas Coníferas Total

 

1990 265 0 265

1991 255 0 255

1992 209 0,040 209,4

1993 388 0,250 388,25

1994 345,7 5,3 351

1995 703,3 3,7 707

1996 495,2 7,8 503

1997 338 8 346

1998 236 9,4 245,4

Fontes: ABIMCI, STCP, SECEX.

3.2. Compensados

O parque nacional voltado à produção de compensados conta com 300 unidades industriais. A capacidade instalada representada por essas unidades é de aproximadamente 2,2 milhões de m3/ano. Estima-se que 50% do compensado brasileiro é produzido com madeira tropical, enquanto que os outros 50% são produzidos a partir de madeira proveniente de florestas plantadas nas regiões Sul e Sudeste, principalmente, de coníferas do gênero Pinus. O consumo interno de compensados vem se mantendo constante na última década. Com exceção dos dois últimos anos, 1999 e 2000, as exportações têm diminuído ano a ano desde 1994, devido à competitividade e gradativa substituição por painéis reconstituídos. O Brasil participa com 2,9% do mercado internacional de compensados. As exportações brasileiras totalizaram em 1999 o equivalente a US$ 545 milhões. Historicamente as importações de compensados realizadas pelo Brasil são insignificantes sendo que os volumes não ultrapassam 500 m3/ano.

Tabela 5 – Evolução da produção, consumo e exportação brasileira de compensados no período de 1990 a 2000

Produção, Consumo e Exportação de Compensados

(1.000 m3)

Ano Produção Consumo Exportação

 

1990 1.050 750 300

1991 1.120 751 369

1992 1.250 770 480

1993 1.600 782 813

1994 1.900 1.002 898

1995 1.600 852 748

1996 1.670 1.012 658

1997 1.650 1.000 650

1998 1.600 980 620

1999 2.200 2.000 1.300

2000* 1.950 1.040 1.000

* Estimativa

Fonte: ABIMCI.

3.3. Painéis Reconstituídos

Abastecendo-se principalmente de pinus e de eucalipto, a indústria de painéis reconstituídos tem como característica o pequeno número de unidades industriais de grande escala, sendo 8 empresas operando 14 fábricas de chapas de fibras, de aglomerados e de MDF. Três outras fábricas estão previstas para iniciar suas operações em 2001.

Cerca de 62% do total de painéis reconstituídos fabricados no Brasil em 1999 - representados pelos aglomerados que totalizam 1,5 milhão de metros cúbicos - foram consumidos quase que totalmente pelo mercado doméstico. O consumo brasileiro de chapas de fibra dura vem se mantendo em 300 mil m3/ano. As exportações brasileiras têm participado com aproximadamente 13% do mercado mundial, não obstante a substituição gradativa por outros produtos, como o MDF, estar reduzindo as exportações nos últimos anos.

O parque de chapas de fibra data da década de 60 e as unidades vem sendo modernizadas. O MDF, com um parque industrial ultramoderno, vem ocupando o mercado de madeira sólida e mesmo de outros painéis reconstituídos, principalmente na indústria moveleira.

As exportações de painéis reconstituídos concentram-se basicamente nas chapas de fibras com 50% destinadas ao mercado externo. A exportação de aglomerados gira em torno de 15 mil m3/ano e a de MDF, passou de 17 mil, em 1999, para 3 mil m3/ano em 2000.

Tabela 6 – Evolução da produção, consumo, importação e exportação brasileira de aglomerados no período de 1994 a 2000

Produção, Consumo e Comércio de Aglomerados (m3)

 

Ano Produção Importação Exportação Consumo

 

1994 758.286 3.178 55.736 705.728

1995 879.296 43.136 56.567 865.865

1996 1.059.056 114.272 58.729 1.114.599

1997 1.224.112 120.107 49.462 1.294.757

1998 1.313.053 12.667 3.646 1.322.074

1999 1.499.947 1.363 28.019 1.473.291

2000 1.762.220 15.349 15.712 1.761.857

Fontes: ABIPA, SECEX.

Tabela 7 – Evolução da produção, consumo, importação e exportação brasileira de chapas de fibra no período de 1994 a 2000

Produção, Consumo e Comércio de Chapa de Fibra (m3)

 

Ano Produção Importação Exportação Consumo

 

1994 554.400 82 281.230 273.252

1995 555.500 425 271.051 284.874

1996 538.040 4.258 236.667 305.630

1997 539.230 16.131 233.397 321.964

1998 506.692 1.164 207.779 300.077

1999 535.691 0 204.929 330.762

2000 558.766 0 194.920 363.846

Fontes: ABIPA, SECEX.

Tabela 8 – Evolução da produção, consumo, importação e exportação brasileira de MDF no período de 1994 a 2000

Produção, Consumo e Comércio de MDF (m3)

 

Ano Produção Importação Exportação Consumo

 

1994 0 6.616 0 6.616

1995 0 21.486 0 21.486

1996 0 53.462 0 53.462

1997 30.036 113.287 0 143.323

1998 166.692 35.589 17.918 184.363

1999 357.041 10.977 17.430 350.588

2000 381.356 10.559 3.037 388.878

Fontes: ABIPA, SECEX.

3.4. Produtos de maior valor agregado (PMVA)

A produção de PMVA é fragmentada e diversificada no Brasil. Tanto a produção de “blocks”, “blanks” e “edge glued panel”-EGP como a produção de molduras está baseada principalmente na madeira de pinus cujos principais produtores se localizam no sul do Brasil. Os volumes são representativos em se considerando o desenvolvimento relativamente recente desses produtos no Brasil que data do final da década de 80.

Dentre os principais PMVA's grande parte do EGP é consumida no mercado doméstico pela indústria moveleira nacional, uma vez que a maioria dos produtores nacionais de EGP opera de forma integrada com as indústrias de móveis; as exportações são direcionadas, em grande parte, para Alemanha e Coréia. De outro lado, no caso dos “blocks”, “blanks” e molduras, grande parte da produção é direcionada para o mercado externo, notadamente para os EUA.

Tabela 9 – Evolução da produção brasileira de PMVA no período de 1995 a 2000

Produção de PMVA (1.000 m3)

 

Ano Blocks/Blanks EGP Molduras Total

 

1995 250 230 35 515

1996 270 240 50 560

1997 310 250 85 645

1998 330 255 110 695

1999 361 267 133 781

2000* 396 277 186 859

* Estimativa

Fonte: ABIMCI.

Tabela 10 – Evolução das exportações brasileiras de PMVA no período de 1995 a 2000

Exportações de PMVA (1.000 m3)

 

Ano Blocks/Blanks EGP Moldura Total

1995 190 10 30 230

1996 170 10 44 224

1997 120 25 84 229

1998 1150 25 95 270

1999 180 34,8 126 340,8

2000* 187,2 35,76 90,8 313,76

* Estimativa

Fonte: ABIMCI.

3.5. Celulose e Papel

A produção brasileira registrou em 1999, 7,2 milhões de toneladas de celulose e 6,9 milhões de toneladas de papel, sendo 74% de fibra curta e 19% de fibra longa. O Brasil confirmou sua posição como sétimo produtor mundial de celulose e décimo segundo produtor mundial de papel, caracterizando-se também como principal fornecedor de celulose branqueada de eucalipto (fibra curta) no mercado internacional, sendo responsável por 47% da capacidade mundial desse tipo de fibra.

O faturamento total do segmento e a receita de exportações em 1999 foram, respectivamente, US$ 6,0 bilhões e US$ 2,1 bilhões. O segmento de celulose e papel recolheu mais de US$ 760 milhões em impostos aos cofres públicos em 1999.

As importações de celulose e papel no ano de 1999 foram, respectivamente, de 389 mil e 750 mil toneladas, correspondentes a US$ 188 milhões e US$ 641 milhões.

O Segmento de Papel e Celulose possui cerca de 1,5 milhão de hectares com florestas plantadas, sendo 70% de eucaliptos, 28% de pinus e 2% de araucária e outras espécies. Em 1999 o segmento plantou e reformou cerca de 108 mil hectares de florestas para fins produtivos.

Tabela 11 – Evolução da produção brasileira de celulose no período de 1990 a 2000

Produção Brasileira de Celulose (1.000T)

 

Ano Fibra longa Fibra curta Par(1) Total

 

1990 1.174 2.740 436 4.351

1991 1.212 3.134 431 4.778

1992 1.262 3.608 432 5.302

1993 1.357 3.653 461 5.471

1994 1.363 4.013 452 5.829

1995 1.411 4.031 493 5.936

1996 1.345 4.391 465 6.201

1997 1.282 4.622 427 6.331

1998 1.247 4.985 455 6.687

1999 1.405 5.359 444 7.209

2000 1.413 5.539 496 7.448

(1) Pasta de Alto Rendimento

Fontes: Bracelpa, SBS.

Tabela 12 – Exportação brasileira de celulose em 1999 e 2000

Exportação Brasileira de Celulose (T)

 

Tipo de Fibra 1999 2000

 

Pastas de Alto Rendimento 850 846

Longa Branqueada 0 161

Longa Não-Branqueada 163 527

Curta Branqueada 3.002.937 2.924.062

Curta Não-Branqueada 41.318 22.133

 

Total 3.045.268 2.947.729

Fonte: Bracelpa.

Tabela 13 – Evolução da produção brasileira de papel no período de 1990 a 2000

Produção Brasileira de Papel (1.000T)

 

Ano Total

 

1990 4.716

1991 4.914

1992 4.900

1993 5.301

1994 5.653

1995 5.798

1996 6.176

1997 6.517

1998 6.589

1999 6.953

2000 7.115

Fontes: Bracelpa, SBS.

Tabela 14 – Exportação brasileira de papel em 1999 e 2000

Exportação Brasileira de Papel (T)

 

Tipo de Papel 1999 2000

 

Imprimir 752.202 589.740

Embalagem 368.580 388.817

Cartões/Cartolinas 77.645 92.486

Sanitários 25.945 12.456

Imprensa 21.768 12.935

Especiais 12.059 13.904

Papelão 1.261 1.980

Total 1.259.460 1.112.318

Fonte: Bracelpa

4. Perspectivas e tendências

Para atender o aumento pleno de demanda do mercado interno e para assegurar a produção de excedentes exportáveis, o setor florestal deve promover a rápida expansão de suas florestas e de sua capacidade industrial. Dentro dessa ótica, o Programa Nacional de Florestas – PNF indica a necessidade de um novo ciclo de investimentos passando dos atuais 180 mil para mais de 600 mil ha/ano de plantio. Este processo já teve início com a chegada, nos últimos anos, de empresas de produtos florestais da Europa, Estados Unidos e também de países do Mercosul. O PNF prevê também ampliar a oferta de madeira mediante a consolidação do manejo de florestas nativas públicas e privadas, incorporando no regime de produção sustentável mais de 70 milhões de hectares da Amazônia e de outras regiões. A implantação de regime de concessão para a exploração sustentável das florestas nacionais encontra-se sob avaliação do Governo Federal.

O setor privado vem articulando com o governo brasileiro, ações para a criação de um arcabouço propício ao desenvolvimento sócio-ambiental e econômico para o setor de base florestal. Os desafios maiores estão em garantir a competitividade dos produtos nacionais, que depende tanto do setor privado como do setor público, em assegurar investimentos para as oportunidades emergentes e prover mecanismos econômicos e políticos estáveis em longo prazo.

Projeções quanto ao consumo nacional de madeira serrada para os próximos anos, indicam para 2005 um consumo da ordem de 23 milhões de metros cúbicos. Para o total projetado, estima-se que cerca de 70% será de folhosas e o restante, 30%, de coníferas provenientes de florestas plantadas. Para o compensado é esperada uma demanda interna de 1,2 milhão de metros cúbicos em 2005.

Investimentos já realizados e outros anunciados para a produção de serrados de Eucalyptus e de Pinus prevêem o uso crescente deste tipo de matéria-prima sendo que os serrados de eucalipto contribuirão com 10 a 15% dos serrados oriundos de plantações e deverá haver a substituição parcial e gradativa na demanda de serrados de madeira de florestas nativas por serrados de madeira de florestas plantadas.

A demanda nacional por compensados e laminados deverá crescer 3% ao ano. A principal razão do reduzido crescimento deste produto está na concorrência com outros painéis de madeira, particularmente o MDF e o OSB, que devem mudar o perfil de consumo desses painéis. Já o consumo nacional de compensados em 2005 deverá ser da ordem de 1,0 a 1,2 milhão de metros cúbicos constituídos de 50% de madeira de pinus e 50% de madeira de florestas nativas.

A indústria de aglomerados, além das expansões já concretizadas, passará a contar com novas unidades produtoras operando a partir de 2001 e o OSB, ainda não fabricado no Brasil, porém com projetos já anunciados, poderá vir a ocupar espaço no mercado nacional de madeira estrutural devido às suas propriedades mecânicas. Em função disso, algumas empresas finalizam estudos para instalação de unidades industriais no Brasil, visando atender um mercado potencial de 300 mil m3/ano no Brasil e/ou produzir para o mercado externo.

A indústria de chapas de fibra dura não deverá crescer, mantendo-se a produção nos níveis atuais de 530 mil m3/ano.

A produção nacional de painéis reconstituídos, cujo segmento continua investindo na ampliação e modernização do parque fabril, deverá crescer até 150% em relação à produção de 1999. Os investimentos anunciados são de US$ 1 bilhão até 2003, além dos cerca de US$ 400 milhões já alocados nos últimos 4 anos. O crescimento maior será no segmento de chapas MDF que projeta quadruplicar a produção nos próximos 5 anos.

Tabela 15 – Projeção da produção de madeira processada para o período entre 2001 e 2004

PRODUÇÃO FUTURA DE MADEIRA PROCESSADA (1.000 m3)

 

Produto 2001 2002 2003 2004

 

Serradas Nativas 14.800 15.300 15.800 16.300

 

Serrados:

Pinus 5.500 5.800 6.100 6.400

 

Eucalipto 550 600 660 730

 

Compensados 1.600 1.600 1.600 1.600

 

Aglomerados 2.440 2.710 3.120 3.330

 

Chapas de Fibras 530 530 530 530

 

MDF 1.000 1.190 1.620 1.870

 

OSB ------- 175 350 350

Fontes: Abipa, Abimci, STCP, SBS.

A tecnologia em constante e rápida evolução no setor de painéis de madeira deverá ampliar a gama de novos produtos em diferentes formas e combinações, visando obter maior valor agregado. Produtos obtidos a partir de painéis com maior valor agregado – pisos, painéis revestidos, pré-cortados e outros – serão encontrados com mais freqüência nas linhas de produção das fábricas de maior escala. O Brasil deverá expandir a produção e as vendas externas de “clear-blocks”, “blanks”, “fences”, molduras e outros produtos derivados da madeira.

Apesar da expectativa de que a produção mundial de celulose e papel bem como a de produtos de madeira sólida cresçam a taxas entre 2% e 4% ao ano, o Brasil apresenta excelentes perspectivas de aumentar sua participação na produção mundial desses produtos. Adicionalmente, o crescimento da produção nacional deverá ser impulsionado principalmente pelo mercado doméstico cuja expectativa de crescimento para os próximos anos é superior a 4% ao ano. Espera-se um crescimento acelerado na produção de serrados de madeira de pinus, apesar da limitação de suprimento dessa matéria prima a médio prazo. A demanda nacional de serrados de florestas nativas crescerá 3% ao ano e a de plantadas, 5% ao ano. No Brasil, tais segmentos estão se preparando para atender a crescente demanda nacional e continuar participando do comércio internacional. O segmento de celulose e papel prevê ampliar a produção em 3 milhões de toneladas até 2005.

Cabe, por fim, salientar que o consumo de madeira industrial bem como o comércio de produtos florestais não tem sido a causa principal dos desmatamentos verificados no Brasil, especialmente na região Amazônica. O avanço da fronteira agropecuária, os programas de assentamento agrário e a pressão demográfica têm sido os responsáveis pela parcela mais significativa do decréscimo das áreas de florestas nativas no país.

5. Fontes de informação

ABIMCI - Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente

ABIPA - Associação Brasileira de Painéis de Madeira

ABPM - Associação Brasileira dos Produtores de Madeira

BRACELPA - Associação Brasileira de Celulose e Papel

IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

SBS – Sociedade Brasileira de Silvicultura

SECEX – Secretaria de Comércio Exterior

STCP Engenharia de Projetos Ltda.

6. Bibliografia

Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente - ABIMCI. (1999). Madeira Processada Mecanicamente: Estudo Setorial. Belém. 54p.

Curi, W. J. (2000). Fortalecimento do Setor Madeireiro. Porto Velho. 164p.

International Tropical Timber Organization – ITTO. (2000). Annual Review and Assessment of the World Timber Situation - 1999. Japão. 215p.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. (1999). Brasil em Números. Rio de Janeiro, 337p.

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA. (2000). Comercialização de Produtos Madeireiros da Amazônia. Brasília, 37p.

Smeraldi, R. & Veríssimo, J. A. O. (1999). Hitting the target: timber consumption in the Brazilian domestic market and promotion of forest certification. São Paulo, 41p.

Sociedade Brasileira de Silvicultura - SBS. (2000). O Setor Florestal Brasileiro: Fatos e Números. São Paulo, 31p.

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