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PARTE3.
CULTIVO DE ALIMENTO VIVO PARA LARVAS E ALEVINOS DE PEIXES QUE SERÃO ES TABULADOS EM TANOUES, REPRESAS E RESERVATÓRIOS DE ÁGUA.

J.E. VINATEA*

3.1 Introdução

Qualquer programa de repovoamento que se deseje implantar para aumentar a produção de lagos, represas e/ou reservatórios estará sujeito ao conhecimento prévio dos nutrientes presentes, a qualidade e quantidade dos mesmos, os que mais tarde, graças ao fenômeno fotossintético do fitoplâncton, o que por sua vez, alimentará o zooplâncton, neuston, perifiton, psammos e outras formas mais desenvolvidas e complexas da cadeia trófica como, o benthos e necton. Esta intrigada cadeia trófica estará utilizando distintos substratos do corpo de água distribuídos desde o lodo e a areia que é banhado pela maré da zona litoral, por sua parte céntrica superficial a zona limnética ou epilímnion, a sublitoral, e a parte profunda, o hipolímnion. Muitas formas de vida aquática estarão utilizando a parte superficial da película da água, como o neuston, seja deslizando-se sobre ela, aproveitando a tensão superficial, e outras vivendo debaixo dessa película, como sucede com as comunidades que integram o epineuston e o hiponeuston, tal é o caso de certos insetos patinadores, larvas de insetos terrestres (culicideos) e outros.

A produtividade de um lago, represa e reservatório e sua capacidade trofogênica das distintas cadeias existentes na pirâmide Eltoniana entre organismos autótrofos e heterótrofos, sejam construtores, transformadores, recuperadores, etc de energia, serão de domínio de biólogos, os quais estaraão, em todo caso, em condições de prestar sua assistência aos aqüicultores para poder saber com segurança a capacidade produtiva, a biomassa existente e/ou a capacidade de carga que possa ter em relação com a possível empresa de peixamento e estabulação com peixes, moluscos e crustáceos (Cole, A, 1983).

3.2 Importância do alimento vivo nas fases larvárias e alevinagem de peixes e crustáceos

O êxito e/ou fracasso de uma empresa e aqüicultura mede-se pela taxa de natalioade e sobrevivência de larvas e alevinos, contados desde a reabsorção do saco vitelino da maioria dos casos, a aparição da abertura bucal com os esforços iniciais para a captura de alimento.

A taxa de sobrevivência será mais elevada quando a disponibilidade de alimento, em quantidade e qualidade seja também adequada e oportuna. Recordar sempre que o alimento vivo geralmente é bem recebido por pequenos peixes e camarões, comidos e devorados com prazer, é raro que os rotíferos, copédodos, infusórios, microal gas, cladoceros e amostracos sejam deixados de lado pelos vorazes predadores como são os filhotes de peixes e camarões objecto de nossa atenção. lgualmente, haverá que ter presente, que o alimento vivo não suja, apodrece nem contamina a água, não cria cheiros desagradáveis nem altera a qualidade da águe como costuma acontecer com o alimento inerte, balanceado, úmidó ou seco, que se costuma ministrar, na ausência do alimento vivo.

* Técnico da FAO.

O alimento vivo muito apetecido por larvas de crustáceos, moluscos e peixes pode estar representado por uma ampla gama de organismos de tamanhos microscópios até aqueles vistos a simples vista. Alguns exemplos podem ser indicados: Microalgas dos gêneros: Skeletonema; Chaetoceros; Scenedesmus; Microcystis; Dunaliella; Tetraselmis; Chlorella; etc. Rotíferos dos gêneros: Brachionus; asplanchna; synchaela; Kellicottia; Keratella. Cladoceros: Daphnia; Diaphonosoma; Bosmina; Ceriodaphnia; Chydorus; Simocephalus; leptodora. Copédodos, familias Diaptomidae, que normalmente abundam em águas doces. Alguns calanóides que se encontram em águas continentais provêm de familias marinhas; Centropagidae, é um grupo marinho, embora alguns gêneros possam ser encontrados em águas doces da América do Norte, como: Limnocalanus; Calamoecia; Tropocyclops; Diacyclops. Anfípodos: Hyalella; Crangonx; Gammarus; Pontoporcia.

Ultimamente, vem se utilizando em grandes quantidades na produção maciça de larvas de camarões peneideos e Palemonidae (Penaeus; Macrobrachium, o chamado “camarão de salmora”, do gênero Artemia). Entre os insetos, existem ao redor de 25.000 a 30.000, espécies aquácies aquécies aquáticas ou que apresentam estágios larvais aquáticos (Cole G.A., 1983), muito poucos deles são marinhos (Cheng, 1976; Vinatea, J.E., 1982 e Sorgeloos et al, 1987).

3.3 Acondicionamento de tanques de terra, cimento, fibra de vidro e outros aparentes para o cultivo de alimento vivo.

Toda estação de aqüicultura, empresa pública e/ou privada, que pretenda produzir sua própria semente (alevinos e pós-larvas) de peixes e crustáceos deverá contar com instalações apropriadas que facilitem a produção em quantidade suficiente de microalgas, rotfferos, dafnias, plantas aquáticas superiores, enfim, aquele alimento que seja mais requerido por peixes e camarões em sua etapa inicial de desenvolvimento, que, comumente, é a critica nas granjas.

Pode-se produzir alimento vivo em uma variedade de recipientes, de tamanhos e natureza distintas, dependentes do tipo de cultivo e a quantidade de indivíduos que se tenha que alimentar. Existem tanques de cimento, fibra de vidro, lona, borracha, bolsas de polietileno, represas de terra desde 10 a 10.000 m2, isto é, instalações que estarão em proporção com a escala de cultivos semi-intensivos e de repovoamento, como sucede com as represas, lagos e reservatórios.

Os métodos de cultivo de alimento vivo também variarão de acordo com as espécies de algas, rofítfferos, cladoceros, etc e, naturalmente, dependerá muito dos hábitos alimentares das espécies de peixes e/ou camarões.

Por regra geral deve-se ter presente que a maioria de peixes e crustáceos têm preferência em sua idade inicial pelo fitoplâncton, logo em algumas etapas larvárias mostrarão tendência a consumir o zooplâncton, logo fitoplâncton, para converter-se por último a partir de alevinos a sementes (5 a 8cm) em fitófagos permanentes, exemplo, Tilapia rendalli; Cetenopharyngodon idella. “carpa forrageira”, outras, em troca, preferem desde o começo o zooplâncton, e terminam sendo carnívoras estritas, truta e outros salmonídeos.

Será bom, no melhor dos casos, conhecer o hábito aimenticio e o espectro trófico dos comensais, que pode mudar segundo a idade, e estação e o próprio comportamento de determinado animal.l O êxito do aquüicultor, concretamente do nutricionista, será conhecer o requerimento de aminoácidos, sais minerais carbohidratos, gorduras, vitaminas e demais oligoelementos dos animais em cultivo, para poder formular, dosificar e preparar o alimento mais apropriado possível para suprir as necesidades bioenergéticas do peixe, camarão etc.

As microalgas, como: Tetraselmis; lsocrysis; Dunaliella Chaetoceros; Skeletonema, etc, são cultivadas primeiro em tubos de ensaio, beaker, balões, matrases depois repicadas ou inoculadas em recipientes maiores, de até 1 a 5m3 de capacidade (recipientes de fibra de vidro, retangulares, circulares, cônicos, outros). Sâo alimentadas com nutrientes, fosfatos e nitratos principalmente. São submetidos a distinta intensidade de iluminação, oxigenação e a uma temperatura controlada. Toma-se muito cuidado de manter a pureza da cepa e o cultivo. Quase sempre é praticado o cultivo em laboratório, locais protegidos, convenientementes isolados, isto é, em lugares onde os parâmetros físico-quimicos sejam controlados. Esse tipo de instalações, se vê em viveiros e/ou criadouros de camarões, ostras, "almejas" e linguado, etc.

3.4 Cultivo de alimento vivo

3.4.1 Cultivo de cladoceros

Os cladoceros são também cultivados em laboratórios e em viveiros de terra, cimento e fibra de vidro. Podem empregar-se para o aumento de produção desses organismos, uma combinação de fertilizantes a base de Nitratos, Fosfatos e Amónia, assim como esterco de animais domésticos, cavalo,res, porco e galinha.

Os recipientes de cimento são submetidos a uma lavagem intensa, secados de 1 a 3 dias, caiados pelo menos com 250 – 500 gr/m2 de cal viva (CaO). Logo se enche de água gradualmente até alcançar 50 a 80cm de profundidade, se deixa dois a três dias assim. Em seguida se agrega o fertilizante aparente, se for fosfato triplo a razão de 10 a 25 gr/m2; esterco de cavalo de 1 a 3 kg/m2; esterco de galinha de 0,5 a 1,5 kg/m2; esterco bovino 2 a 4 kg/m2.

Nos viveiros de terra, o tratamento estará diretamente em relação com a natureza do solo, pH, temperatura, a água que alimentará o viveiro, etc; se o terreno for humífero, de acidez manifestada, convirá lavar o piso e as paredes, deixando correr a água várias vezes. Seguidamente deixar-se-á secar por 5 a 8 dias, para livrar de larvas de insetos, ovos de peixes e outros predadores. Polvilhar cal viva em uma proporção de 500 a 800 kg/ha e/ou cal apagada, calcário, etc, de 1.000 a 1.500 kg/ha. Deixar secar o piso e as paredes por dois dias. Posteriormente encher com água até 30 cm. Deixar assim por três dias. Subir o volume de água até 50 cm, manter 3 dias. Completar a 80 cm de profundidade e manter por 2 dias. A cor da água terá muoado desde o transparente, ao leitoso amarelado. Conviria remover a água com a cal sedimentada para homogeneizar melhor a mistura. Agrega-se esterco de cavalo, este deve ser seco, esfarelado, entre 2 a 7 kg/m2 quando se deseja cultivar cladoceros: dafnias, moinas, etc. Se não se dispõe daquele fertilizante poderá preparar-se com esterco bovino, esterco de galinha e de porco. Este último deve ser esfarelado em água, preferível liberar do sedimento ou material grosso, para não adicionar muita matéria orgânica nem aumentar o BCD em prejuizo do oxigênio disperso e não afetar outros parametros físico-quimicos, da água. Recomenda-se empregar o fertilizante disponível, barato, e com muito sentido comum, praticar alguns ensaios para saber com segurança, a dose de tal o qual a ser empregado. Cada aqüicultor será capaz de utilizar o método aplicado por outros autores com as modificações que se adaptam ao caso específico. Recomenda-se, aplicar a vontade, os métodos de cultivo de dafnias e cladoceros descritos por Vinatea, J.E. (1982) e/ou outros que mais convenham ao interesse particular de cada aqüicultor.

Foram feitos ensaios de cultivo de dafnias e moinas em tanques de cimento de 16 m2 com 80 cm de profundidade, com uma capa de terra de cultivo, peneirada e misturada com distintos fertilizantes orgânicos, estercos, plantas aquáticas e terrestres secas, triturados, o outros meios de cultivo, variáveis segundo o tratamento. Foi executado em 1981 - 82 por grupos de estudantes do Centro Regional Latino-americano de Aquicultura, CERLA, em Pirassununga, São Paulo. Os resultados foram convincentes, permitiu ser aplicado em escala major no próprio CERLA para atender seus programas de larvicultura, Guevara, J.at.al. (1982); Cestarolli, M. at al (1982).

Exemplos de 5 tratamentos para cultivo de Daphnia e Moina executados pelos participantes do curso sobre reprodução de Colossoma, na Estação de Piscicultura de Ahuashiyacu, Tarapoto, San Martin - Peru, em novembro- 1987 (Selva alta da Amazônia Peruana).

T1:  Represa de terra 300 m2; cal viva 1 kg/m2; polvilheiro de cal e secado 2 dias; cheio de água até 15 cm de altura, permaneceu assim 1 dia; se aumentou o nível de água até 50 cm; fertilizou-se com esterco de cavalo, secoesfarelado, 0,5 - 1,0 kg/m2; se manteve durante 4 dias com essa profundidade e esse tratamento. Semeou-se aproximadamente 1.000 dafnias. Dois dias depois realizou-se a primeira amostragem; no dia seguinte fez-se outra amostragem, os argumentos foram muitos evidentes. Nó dia segunite agregou-se fertilizante, 1/2 da quantidade inicial. Os dois dias posteriores efetuou-se a determinação da biomassa atual. Os resultados iniciais e parciais foram alentadores. Lamentavelmente coincidiu com o início da chuvas, pelo que os resultados seriam alterados. Recomendou-se continuar com a experiência em ambientes protegidos e ao ar livre quando o clima o permitisse.
T2:  Represa de terra do mesmo tamanho, 0,5 a 1,0 kg de cal/m2. A variante foi o esterco de vaca na mesma quantidade. Seguiu o esquema de trabalho do experimento anterior.
T3:  As variantes, 2 kg cal/m2; esterco de galinha 1 – 2 kg/m2.
T4:  Variantes, 0,8 kg cal/m2, mistura de essterco de cavalo com carneiro.
T5:  Variantes, 1,2 kg/m2 de cal; mistura de esterco de vaca e cavalo.

Os participantes mostraram muito interesse comprometendo-se realizar os cultivos em sua própria realidade (Departamentos de Loreto, Ucayali, San Martin, La Libertad e Lima) os três primeiros da amazônia e os dois últimos na costa peruana.

O importante de tudo, é que o aqüicultor esteja em condições de conseguir concentrações de 3 – 12 mil dafnias/litro já que deve recordar que a capacidade de consumo dos alevinos aumenta em proporção direta do tamanho do peixe e do alimento disponível. Assim, por exemplo, se indica que um alevino de carpa comum de 6 mm de comprimento é capaz de comer até 50 dafnias por dia; o de 1 cm - 330 dafnias por dia; 2 cm ± 2.000 dafnias/das. Há viveiros no Japão onde estabulam alevinos de carpa de 5 mm com a razão de 3.000.000 individuos/1.000 m2, os quais são aimentados durante 15 a 30 dias alcançando os alevinos de 1,0 a 1,5 cm de tamanho e pesos entre 0,3 a 0,8 gramas Vinaeta, J.E. (1982).

Quando se alimenta os alevinos de peixe com dafnias será necessário observar com muito cuidado o comportamento da população do animal de forragem, para fertilizar de vez em quando com o fim de manter a população de dafnias em quantidade e qualidade desejadas. Sabe-se que uma pulga de água adulta deposita 25 a 30 ovos/filhotes/dia. lgualmente, haverá que praticar amostragens semanais dos pequenos peixes em cultivo para determinar a relação peso/tamanho. Cuidar daqueles peixes que creasceram muito mais que os outros, que felizmente são os menos numerosos, mas que podem originar sérias perdas dos pequenos (nanismo) por canibalismo. (Matsui, 1948; Shimazu, 1973; Vinatea, J.E., 1982). Os pequenos peixes que tiveram maior tamanho deverão ser separados com emprego de malhas seletivas. Também se recomenda depurar a população com emprego de novos viveiros.

3.4.2 Cultivo de rotfferos

Alguns aqüicultores têm esforçado em cultivar um organismo em condição de suprir os requeirmentos alimentícios de larvas e pós-larvas de crustáceos, larvas e larvas e alevinos de peixes de água doce e marinha, e, ao mesmo tempo, poder substituir os mauplios, provenientes de cistos de Artemia, os quais são importados dos EUA, Brasil, Argentina, etc a preços muito elevados.

Fazem aproximadamente 25 anos que os rotfferos são cultivados maciçamente para atender principalmente programas de produção de larvas e alevinos de peixes marinhos como Pagros major, “pargo vermelho” e Acanthopagrus schlegeli desde 12,1 a 16,0 mm de tamanho mantidos durante 3 meses. Cultivos de rotfferos Brachionus plicatilis foram eficazmente melhorados, por exemplo, em tanques de fibra de vidro de 2,5 m3, produziram 1,2 × 1012. Existem dois tipos de B. plicatilis grandes e pequenos (tipo-S e tipo-L) variam no tamanho da lorica, os primeiros alcançam 150 micrones, e os outros chegam a 250, toleram baixas temperaturas de água. Estes rotfferos dos tipos S e L pertencem a variedades genéticas distintas. Taxanomicamente, são classificados como sub-espécies: B. plicatilis rotundiformis (tipo S) eB. plicatilis typicus (tipo L). Os métodos atuais para o cultivo maciço se caracterizam pela capacidade do tanque (volume da água) e os métodos de colheita, assim: (i) produção em tanques grandes (10 – 100t) com colheita parical ou total; (ii) producção em tanques pequenos (0,5 - 1,0t) com colheita total; (iii) produção em tanques de lona (5,0 -7,0t) com colheita total ou parcial, estes recipientes estão suspensos por bolsas situadas em baias calmas; (iv) produção em pequena escala comercial utilizando como alimento bacé rias fotossintéticas. As dietas empregadas para o cultivo maciço dos vários métodos indicados são a base de Chlorella, levedura de pão. Chlorella e levedura de pão combinada, W-levedura e Chlorella-W-levedura combinada.

Estudou-se o valor nutricional dos rotíferos alimentados com os distintos ingredientes. Aqueles rotíferos que foram cultivados com Chlorella marinho, em geral, tem um alto valor dietético devido a seu nível elevado de ácidos altamente insaturados (HUFA) derivados da Chlorella, especialmente o ácido eicosapenóico (20:5W3). Porém, é difícil obter uma quantidade estável de Chlorella no momento desjado quando se realiza cultivos maciços de rotfferos. Por essa razáo, consegue-se produzir levedura especial (W-levedura) o que se usa frequentemente com resultados ótimos. Entretanto, a Chlorella novamente está sendo reavalida como dieta de rotíferos em vista do alto preço alcançado pela (W-levedura) ademais pelo problema inerente á qualidade da água. Os rotíferos cultivados com a levedura de pão carecem de HUFA pelo que usualmente sao enriquencidos com água de Chlorella ou com um óleo espeical antes de ser oferecidos como alimento de larvas de peixes. O tratamento para o enriquecimento é completamente efetivo ainda em quantidades pequenas de água de Chlorella. Demora de 12 a 24 horas para enriquecer o cultivo (exemplo 5 × 108 rotíferos em tanque de lt com 2 – 3 × 107 células/ml de água de Chlorella

Ultimamente, introduziu-se como alimento de rotfferos uma diminuta alga Tetraselmis Tetrathole o que vem sendo empregado em combinação de Chlorella. Aceita bem os mesmos fertilizantes usados para multiplicar a Chlorella. É ,arcada,emte tolerante á temperatura elevada da água quando a Chlorella em troca tende a diminuir sua densidade. Deduzindo-so, então, que T. Tetrathele poderia resultar um efetivo substituto da diete de Chlorella na estação de verão (Fukusho, K., 1983).

Foi sugerido aos participantes do curso de Pentecoste, a metodologia de G. Ascon, 1987, que utilizava para o cultivo maciço de rotíferos na Estação Pesqueira de Ahuashiyacu, Tarapoto, San Martin, Peru.

O ensaio foi feito em 5 tanques de cimento de 15 m2 (5×3×0,4 m), no periodo de 2 a 22 de abril/87.

Os tanques foram lavados e deixados a secar durante 3 dias; em seguida foram caiados á razão de 450 g/tanque, depois de 24 horas, os tanques foram cheios com água até 0,25 m de altura. Imediatamente procedeu-se á fertilização, utilizando-se esterco de galinha (gall.), pasto seco (ps), pasto verde recém-cortado (pv) e super-fosfato tríplice (st).

Aplicou-se o esboço completamente ao acaso com 3 tratamentos e 2 repetições, como se indica em seguida:

T1: 1 kg (gall.)/m2 + 30g (st)/m2…sem réplica

T2: 1 kg (ps.)/m2 + 30g (st)/m2 + 0,5 kg (gall.)/m2…sem réplicas.

T3: 1 kg (pv)/m2 + 30g (st)/m2 + 0.5 kg (gall.)/m2…réplicas.

Distribuição ao Acaso


Viveiro
A66A67A68A69A70
kg fertilizantegall.pv.gall.ps gall.pv gall.ps gall.
Viveiro1515 715 715 715 7
g(st.)/Viveiro450450450450450
TratamentoT1T3T2T3T2

A fertilização foi iniciada com 15 kg de esterco de galinha, 15 kg de pasto verde, mais 450 g de super-fosfato tríplice para cada uma das repreasas. Ao oitavo dia de iniciada a experiência aumentou-se o nível de água a 0,4 m de altura. Simultaneamente acrescentou-se 7 kg de esterco de galinha a cada um dos viveiros fertilizados com os tratamentos T2 e T3.

Para determinar as análises qualitativas e quantitativas de zooplâncton, foram feitas amostragens diárias ás 08:00 horas filtrando 50 litros de água de cada um dos viveiros em uma rede de plâncton com abertura de malha de 60 micras. Após serem concentradas as amostras a 60 ml, realizou-se a análise qualitativa utilizando um microscópio binocular NIKON × 10× - 40× e chaves para identificação de rotíferos de Walter Kaste(1972) e Oliver Raul (1965).

A análise quantitativa foi feita aplicando o método volumétrico descrito por Tresseira, A. et al (1981), no Ma-] nual de Métodos Oceanográficos U.N.T.; o que consiste em centrifugar o zooplâncton no tubo de centrifuganção; para o cálculo aplicou-se fórmula seguinte:

Durante todo o processo de ensaio, tomou-se registros de TO e pH de (0 – 14). Igualmente determinou-se a cor aparente da água.

De acordo com o autor, quando se discute seus resultados teve uma produção maciça de rotfferos do gênero Brachionus. O tratamento T1 foi o mais eficaz frente aos tratamentos T3 e T2 com uma produção de rotíferos Brachionus. de 56 × 10-3 ml/l. Os registros de TO e pH no período experimental flutuaram de 26,8 a 29,7oC e pH de 6,5 a 7,5 respectivamente.

3.4.3 Cultivo de artemias

Até agora os nauplios de Artemia, isto é, do camaráo de salmoura continuam constituindo o melhor alimento, e que é mais utilizado a nível mundial, para atender os requerimentos de viveiros de peixes marinhos e de água doce, camarões peneideos e palemonidae, Macrobrachium rosembergii, fundamentamente.

A vantagem que se tem ao utilizar os cistos de Artemia é de dispor á vontade e no momento que se precise, do alimento quase ideal, para as larvas de peixes e camaróes, graças ao fato de poder incubar os cistos em água salina 25%, durante 24 hs, á temperatura de 24 a 28 °C. Os nauplios liberados de 0,4 mm de mobilidade ativa e de coloração rosácea seráo tentação e bocado muito apreciados por pequenos peixes e pquenos camarões. Sabese que nos mercados do mundo se comercializam mais de 100 MT de cistos de artemias a reços que oscilam entre 60 a 100 dólares/quilo.

A produção de cistos e seu emprego passou por uma etapa interessante de evolução a partir da década de 60, no que as fontes de abastecimento eram muito poucas como as de São Francisco e Lago Salgado nos EUA principalmente. Nessa época pensava-se que os recursos existentes nesse país eram ilimitados, entretanto, com a expansáo das atividades da aqüicultura nos anos 70, dispararam os preços dos cistos de maneira exponencial. Na conferémcoa Técnica de Aqüicultura da FAO em Kyoto, 1976, a equipe de técnicos e especialistas da Universidade de Ghent, Bélgica, afirmavam que a escassés de cistos era um fenômeno artificial, portanto, um problema temporário. Durante os anos seguintes muitos produtores de distintos paises assim como as ajudas provenientes de organizações internacionais criaram oportunidade de provar que a equipe de Ghent tinha razão ao demonstrar a possibilidade de produzir cistos localmente em vários países do terceiro mundo que permitissem assim baratear aquele recurso tão apreciado pelos aqüicultores. Atualmente, há produção e exploração de Artemia em paises dos 5 continentes, Sorgeloos, P.(1987). Há demonstraçãoes de produção integrada de produção de sal com Artemia (cistos e biomassa) Vinatea, J.E. (1983); Lavena, P.Ph. Leger e P. Sorgeloos (1986).

O camarão de samoura Artemia apresenta características que oferecem um grande potencial para a produção maciça, os mesmos sáo indicados em seguida:

  1. Em condicões ótimas a artemia cresce desde larva até adulto em menos de duas semanas incrementando seu tamanho por um fator de 30 e sua biomassa por um fator de 500.

  2. Os requerimentos bióticos como os abióticos náo mudam ao longo do desenvolvimento do animal.

  3. A Artemia pode ser cultivada em uma ampla categoria de salinidades de água, isto águe, isto é, desde 10 ppt atéo nivel de daturação. Sobre os 100 ppt não há predadores nem competidores de alimento, resultando em um monocultivo so b condições naturais.

  4. Váries centenas de variedades de Artemia são encontradas em salinas e lagoas costeiras assim como0 em lagos salgados continentias (licos em cloro, sulfatos e sais de carbonatos) existentes nos cinco continentes.

  5. Este crustáceo pode reproduzir-se de duas maneiras: viviparamente (liberação de nauplios vivos) e producção de cistos (os embriões se desenvolvem até a fase de gástrula, em tal estágio, se encapsulam dentro de uma casca interrompendo seu metabolismo).

  6. Artemia tem uma alta taxa de fecundidade (mais de 100 – 300 cistos e/ou nauplios), cada quatro dias e grande longevidade (pode superar os seis meses).

  7. Como estes pequenos animais são filtradores de hábito alimentar não seletivo, pode considerar-se uma ampla gama de insumos alimenticios e fertilizantes aparentes para serem utilizados nos cultivos de Artemia. Os adubos orgânicos (esterco de galinha) subprodutos agrícolas (farelo de arroz, soro, levedura de pão, etc).

  8. A artemia adulta tem um alto valor nutritivo; exemplo, seu exo-esqueleto é muito delgado (menos de 1 micron), 60% do seu peso é constituído de proteínas ricas em aminoácidos; ademais, a artemia coném concentrações significativas de vitaminas, hormônios, carotenóides, etc. Sorgeloos, P. (1987).

Em lugares de clima seco, pouco chuvosos e com abundantes salinas pode cultivar-se praticamente todo o ano. Pode-se praticar inoculações de Artemia nas salinas, naturais onde estao isentas desse crustáceo e/ou em salinas em exploração, melhorando a produção de sal em quantidade e qualidade, um exemplo concreto se menciona o sucedido nas salinas de São Bento, Acaraú, Ceará, Brasil, explorado por Artemisa Aqüicultura S.A. desde 1980. Vinatea, J.E.(1983).

Requisitos básicos considerados para o cultivo de artemia em escala comerical por Vinatea, L.A.(1987):

  1. Reconhecimento e seleção do terreno (inclui condições ambientais, taxa pluviométrica, qualidade da água)

  2. Fertilização: (depois de 5 dias há bloom de fitoplâncton)

    A frequência de fertilização deve ser de 1 a 2 semanas/cada fertilização.

  3. Inocolução 1 a 10 nauplios/litro, exemplo para um cultivo de 3 hectares serão necessários 120 gramas de cistos.
    1g de cistos = 250.000 nauplios

  4. Explosão demográfica Aos 12 ou 15 dias alcançam a maturidade sexual e há reprodução ovovivipara (nauplios) como ovípara (cistos).

  5. Manejo

  6. Produção: No artemial de Cristo Redentor (Artemisa Aqüicultura S.A.) em Aearaú, Ceará, Brasil.

  7. Processamento

A empresa indicada, começou o cultivo experimental de Artemia em forma tímida até com certa relutância em princípios do ano 1987, mas pelos resultados positivos e com grande acolhida do mercado interno (venda de biomassa, entre 500 a 600 cruzados/kg = 6–8 dólares e 60 a 80 US$/kg) e pedidos para suprir o mercado de exportação de 3 a 100 hectares em 1988. Será oportuno recoroar que Artemisa Aaüicultura tem producção de sal, camaróes peneideos e Artemia.

Desse modo, no capítulo que nos foi permitido abordar em forma suscinta se faz ver a grande importância que tem o alimento vivo nas instalações de larvicultura de camaróes e piscifaturas. Quanto melhor alimentados estejam as pós-larvas e alevinos de camarões e peixes major seráa a taxa de sobrevivência destes nas represas, açudes e reservatórios.

3.5 Referências

ASCON, G. Ensayos de cultivo masivo de Rotfferos. Estação pesqueira de Ahuashiyacu, Tarapoto, San Martin, Peru; 1987.

CESTAROLLI, G. Cultivo experimental de dafnias em el CERLA, Pirassununga São Paulo, Brasil (informe); 1982.

COLE, G. The freswater biota, habitats, and communities. Textebook of limnology, 3rd Edition. PP 30-83; The C.P. Mosby Company, London; 1983.

GUEVARA; J. Cultivo experimental de dafnias en el CERLA,Pirassununga São Paulo, Brasl (informe); 1982.

LAVENS, P., PH. Leger and. P. Sorgeloos. Production, utilization and manipulation of Artemiaas food source for shripm and fish larvae Oceanis, 12 (4): 229-247; 1987.

SORGELOOS, P. Ph. Leger, P. Lavens and W. Takaert. Increased yields of marine fish and shrimp production through application or innovative techniques with Artemia; Colloque Aquaculture et Developpment; Fondation Roi Baudonin el International Fondation for Science, Liege, 1987.

VINATEA, J.E. Acuicultura continental; Peces, artemias y dafnias, camarones y langostinos; Libreria Studium, 229 pp; Lima, Peru, 1982.

VINATEA, J. E. Ensayos de Inoculación de Artemia salina en las salinas de São Bento, Fazenda das Cacimbas, Acaraú, Ceará, Brasil; Simpósio Internacional de Zoologia; Arequipa - Peru; 1983.

VINAETA, L. A. Cultivo de Artemia en escala comerical en las Salinas de Cristo Redentor. Acaraú, Ceará, Brasil (Para Impressão).


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