FAO no Brasil

ODS 5: A luta das mulheres rurais pela igualdade de gênero

Maria Aparecida Martins traz consigo o espírito de liderança/Arquivo Pessoal
05/10/2017

Ter as mesmas oportunidades, rendimentos, direitos, reconhecimento são apenas algumas das inúmeras lutas da mulher no campo. A igualdade de gênero é um dos principais Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) para 2030, sendo o 5° dos 17 ODS. 

As mãos das mulheres não trabalham menos que as mãos masculinas e elas sabem disso. Cientes da sua capacidade, a força feminina tem mostrado, a cada conquista, que lugar de mulher é onde ela quiser, principalmente no âmbito de poder, de tomadas de decisões, seja na cidade ou no campo. 

Maria Aparecida Martins, agricultora e quilombola de 62 anos, é uma dessas mulheres que trazem consigo o espírito de liderança. Em 2009, a comunidade quilombola de Furnas do Dionísio, do Distrito de Jaraguari (MS), viu na doce e, ao mesmo tempo, forte Maria Aparecida, mais conhecida como Cida, a simplicidade e a garra que a levaria à presidência da Associação de Pequenos Produtores Rurais de Furnas do Dionísio. Após 20 anos de existência, a associação teve a sua primeira presidente mulher.

Maria conta que, no início, a candidatura não passava de uma brincadeira feita em um momento de descontração na casa de sua irmã. “Começou uma conversa sobre a candidatura da presidência e brinquei que iria me candidatar e fazer uma chapa só com mulheres. Elas me levaram a sério, fui gostando da ideia, e me candidatei”, lembra.

Para a surpresa de Cida, a candidatura não foi só aceita, como ela foi eleita, tendo o apoio de toda a comunidade, inclusive dos homens. A agricultora permaneceu no cargo até 2015. Durante o mandato, levantou bandeiras pela igualdade de gênero e o fortalecimento dos jovens da comunidade.

Ao mesmo tempo que Cida cuidava da sua plantação e dos seus animais, seguia à frente da associação desenhando e executando diversos ações em prol dos produtores. Seu primeiro projeto como líder do grupo foi em 2010, com o Casa da Juventude (Caju) – Ressignificando as relações sociais e sexuais de gênero, raça e etnia. O objetivo da inciativa foi o empoderamento dos adolescentes, quanto aos direitos sexuais e produtivos, incentivando a inserção social e as organizações, além de valorizar a identidade cultural.

Em 2013, Cida decidiu focar nas jovens adolescentes, conscientizando-as de seus direitos, principalmente os direitos humanos, com o Viva Menina. Ela continuou sua trajetória com outros projetos e intercâmbios, sempre envolvendo mulheres e valorizando a identidade cultural.

Após seis anos de mandato, a agricultora deixou na associação uma história repleta de conquistas. Entre elas, a regularização do cadastro jurídico junto à Receita Federal, a construção de 82 casas na comunidade em parceira com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o escoamento da produção da comunidade e uma parceria com o Instituto Brasileiro de Inovações Pró sociedade Saudável do Centro Oeste (IBISS/CO) para a realização de projetos, com o qual ela continua atuando. Mas para ela, a maior conquista foi a ampliação da sede da associação, em parceria com a Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e Energisa. 

Cida mostrou que de liderança as mulheres entendem e atuam muito bem. A instituição que não possuía financiamentos e que estava com o caixa negativo, hoje tem diversos projetos e está conseguindo de fato ajudar a comunidade. “Tive uma experiência muito boa. Tive a oportunidade de conhecer pessoas e o prazer em ajudar a comunidade. Não imaginava que me faria tão bem”, afirma a mulher guerreira, acolhedora, a primeira mulher líder quilombola em Furnas do Dionísio.

15 dias de ativismo

No marco da campanha internacional #MujeresRurales, mujeres con derechos, o Brasil inicia a sua participação nos “15 dias de ativismo pelo empoderamento das mulheres rurais”. A ideia é difundir os principais ODS a forte ligação da atuação da mulher rural para o cumprimento dos temas.

Fonte: Sead