FAO no Brasil

Conferência Regional da FAO discutirá com os países o avanço da obesidade na região

02/03/2018

Brasília, 02 de março de 2018 – O aumento da obesidade em países da América Latina e do Caribe será um dos temas da agenda de trabalho da 35ª Conferência Regional da FAO. A obesidade tornou-se uma epidemia na região. A Conferência, que reunirá ministros de 33 países membros da Organização, visa promover alianças entre todos os atores do sistema alimentar (governos, sociedade civil e setor privado), para transformá-lo e garantir uma dieta saudável, equilibrada e nutritiva para todos. 

Segundo a Secretaria adjunta nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Lilian Rahal, há um grande desafio em relação a dupla carga da desnutrição. Por um lado, a fome em grupos populacionais específicos e, por outro, a obesidade que vem avançando a passos largos em toda a região. “No Brasil, desenvolvemos uma estratégia nacional do âmbito da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional, a Caisan, de combate e controle da obesidade, nas áreas de saúde, educação, segurança alimentar e nutricional, e estamos implantando com a participação de vários ministérios”. 

A mesma preocupação destacou a Coordenadora-Geral do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Karine Santos, ao comentar que a respeito do consumo de alimentos processados e ultra processados no ambiente escolar, desde 2009, o Brasil proíbe a comercialização de refrigerantes e alimentos de baixo valor nutricional nas escolas públicas. “Em 2018, o Brasil está fazendo uma revisão interna da resolução tendo como base o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde, e estamos diminuindo drasticamente o acesso a alimentos processados e ultra processados nas escolas com recursos do governo federal”. 

Lilian Rahal ressaltou que vem sendo discutido com a sociedade civil no âmbito do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (Consea) e com vários grupos o tema da rotulagem de alimentos, a exemplo do que fez o Chile para que se possa “dar o direito à população de saber o que ela está comendo”. 

A coordenadora do PNAE, que fará parte da delegação brasileira para a 35ª Conferência Regional da FAO, destaca a importância do encontro como uma oportunidade para a America Latina e o Caribe discutirem temas estratégicos mundialmente na área de segurança alimentar e nutricional. “Nos dá a possibilidade de compartilhar experiência e trocar impressões sobre as ações de segurança alimentar que são desenvolvidas nos outros países”

Segundo a Coordenadora Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Michelle Lessa, a América Latina está liderando a agenda mundial da obesidade e o Brasil tem “abraçado” cada vez mais a questão da nutrição. “O Brasil tem grande interesse no intercâmbio com o Chile, o México, o Peru, o Uruguai e a Bolívia, pois todos têm exemplos de agenda regulatória em cantinas saudáveis, rotulagem frontal, sobretaxação de refrigerantes e publicidade”, afirmou Michelle Lessa. 

Sobrepeso e obesidade continuam afetando todos

Segundo o  Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e no Caribe 2017, o sobrepeso e a obesidade afetam todas as faixas etárias em homens e mulheres, e é um problema de saúde pública em todos os países das Américas. 

De acordo com a publicação da FAO, 7,4% (2,5 milhões) de crianças menores de 5 anos na América do Sul sofrem de sobrepeso e obesidade, assim como 6% das crianças da América Central e 6,9% do Caribe. Além disso, um terço dos adolescentes e dois terços dos adultos sofrem de sobrepeso e obesidade, sendo as mulheres as mais afetadas. 

Embora a desnutrição aguda (baixo peso para a altura) tenha sido praticamente eliminada nos menores de cinco anos da região, 11% ainda sofrem desnutrição crônica (atraso no crescimento) e, vale a pena destacar que 7% das crianças sofrem com sobrepeso. 

“A Conferência Regional da FAO é uma oportunidade única para que os países promovam mudanças substantivas na segurança alimentar por meio de melhores políticas públicas”, diz o Representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic. 

Segundo a FAO, a proporção de mulheres em idade adulta com obesidade supera a dos homens e as mudanças drásticas dos padrões alimentares vividos na região nas últimas três décadas explicam boa parte desta situação. Aumentou o consumo de produtos com alta concentração de óleos comestíveis, gorduras saturadas, sódio, açúcares e adoçantes.