FAO no Brasil

Índice de Preços de Alimentos da FAO atinge recorde em fevereiro

04/03/2022

Roma - O indicador de referência para os preços mundiais de alimentos subiu em fevereiro, atingindo um recorde histórico, liderado por óleos vegetais e laticínios, informou a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). 

O Índice de Preços de Alimentos da FAO teve uma média de 140,7 pontos em fevereiro, 3,9% acima de janeiro, 20,7% acima do nível do ano anterior e 3,1 pontos acima do alcançado em fevereiro de 2011. O índice acompanha as mudanças mensais nos preços internacionais dos alimentos comumente comercializados. 

O Índice de Preços dos Óleos Vegetais da FAO liderou o aumento, subindo 8,5% em relação ao mês anterior, atingindo um novo recorde, principalmente impulsionado pelo aumento das cotações dos óleos de palma, soja e girassol. 

O forte aumento no índice de preços de vegetais foi impulsionado principalmente pela demanda global sustentada de importação, que coincidiu com alguns fatores do lado da oferta, incluindo a indisponibilidade de exportação de óleo de palma da Indonésia, o maior exportador mundial, e também perspectivas de produção de soja mais baixas na América do Sul, assim como preocupações com a redução das exportações de óleo de girassol devido a distúrbios na região do Mar Negro. 

O Índice de Preços dos Lácteos da FAO teve uma média 6,4% mais alta em fevereiro do que em janeiro, sustentada por uma oferta de leite abaixo do esperado na Europa Ocidental e Oceania, bem como pela demanda persistente de importação, especialmente do norte da Ásia e do Oriente Médio. 

O Índice de Preços dos Cereais da FAO aumentou 3% em relação ao mês anterior, liderado pelo aumento das cotações de grãos grossos, com os preços internacionais do milho subindo 5,1%, devido a uma combinação de preocupações contínuas sobre as condições das colheitas na América do Sul, incertezas sobre as exportações de milho da Ucrânia, e aumento dos preços de exportação do trigo. Os preços mundiais do trigo aumentaram 2,1%, refletindo em grande parte a incerteza sobre os fluxos globais de abastecimento dos portos do Mar Negro. Os preços internacionais do arroz aumentaram 1,1%, sustentados pela forte demanda por arroz perfumado dos compradores do Oriente Próximo e pela valorização das moedas de alguns exportadores em relação ao dólar americano. 

O Índice de Preços de Carne da FAO subiu 1,1% em relação a janeiro, com as cotações internacionais de carne bovina atingindo um novo recorde em meio à forte demanda global de importação e oferta restrita de gado pronto para abate no Brasil e alta demanda por reconstrução de rebanho na Austrália. Enquanto os preços da carne suína subiram, os da carne ovina e de aves caíram, em parte devido à alta oferta exportável na Oceania e à redução das importações da China após o fim do Festival da Primavera. 

O Índice de Preços do Açúcar da FAO caiu 1,9% em meio a perspectivas favoráveis de produção nos principais países exportadores, como Índia e Tailândia, bem como melhores condições de cultivo no Brasil. 

“Preocupações com as condições das colheitas e disponibilidades adequadas de exportação explicam apenas uma parte dos atuais aumentos globais dos preços dos alimentos. Um impulso muito maior para a inflação dos preços dos alimentos vem da produção externa de alimentos, particularmente dos setores de energia, fertilizantes e rações”, disse o economista da FAO, Upali Galketi Aratchilage. “Todos esses fatores tendem a comprimir as margens de lucro dos produtores de alimentos, desencorajando-os a investir e expandir a produção.” 

O Índice de Preços de Alimentos da FAO mede os preços médios ao longo do mês, de modo que a leitura de fevereiro incorpora parcialmente os efeitos de mercado decorrentes do conflito na Ucrânia. 

Produção mundial de trigo e milho deve aumentar em 2022  

A FAO também divulgou seu mais recente Resumo de Oferta e Demanda de Cereais, com previsão preliminar para a produção mundial de cereais em 2022. A produção global de trigo deve aumentar para 790 milhões de toneladas, com altos rendimentos previstos e plantio extensivo na América do Norte e Ásia, compensando um provável diminuição na União Europeia e o impacto adverso das condições de seca nas colheitas em alguns dos países do Norte de África.  

A colheita de milho começará em breve no Hemisfério Sul, com a produção do Brasil prevista atingindo um recorde e a produção na Argentina e na África do Sul acima da média. 

A FAO também atualizou sua previsão para a produção mundial de cereais em 2021, agora fixada em 2.796 milhões de toneladas, um aumento de 0,7% em relação ao ano anterior. 

A utilização global de cereais em 2021/2022 agora é de 2.802 milhões de toneladas, um aumento anual de 1,5%. Os estoques globais de cereais que terminam em 2022 devem crescer ligeiramente ao longo do ano, para 836 milhões de toneladas. Nessas estimativas, a relação estoque-uso de cereais em todo o mundo seria de 29,1%, “marcando uma baixa de oito anos, mas ainda indicando um nível geral de oferta confortável”, de acordo com a FAO. 

A FAO também elevou sua previsão para o comércio mundial de cereais para 484 milhões de toneladas, um aumento de 0,9% em relação ao nível 2020/2021. Esta previsão não pressupõe impactos potenciais do conflito na Ucrânia. A FAO está monitorando de perto os desenvolvimentos e avaliará esses impactos oportunamente. 

Déficit de produção de cereais em países vulneráveis 

Estima-se que a produção de cereais nos 47 Países com Baixa Renda e com Déficit Alimentar (LIFDCs) do mundo diminua 5,2% na temporada de comercialização 2021/2022 em comparação com 2020/2021, devido a conflitos e eventos climáticos extremos, de acordo com as últimos Relatório de Perspectivas de Colheitas e Situação dos Alimentos, também divulgado hoje pelo Sistema de Informação Global e de Alerta Precoce da FAO (GIEWS). Isso aponta para um aumento de 8% na necessidade agregada de importação por LIFDCs para 66,6 milhões de toneladas. 

O relatório trimestral inclui atualizações sobre a situação nos 44 países atualmente identificados como necessitados de assistência externa para alimentos, bem como atualizações mais granulares das tendências regionais de produção de cereais em todo o mundo, além de observar os riscos para a produção e exportações, bem como para meios de subsistência relacionados com a escalada do conflito na Ucrânia.