FAO no Brasil

II Congresso Internacional de Alimentação Escolar apresentou iniciativas inovadoras desenvolvidas no Brasil e em outros países da região

©️FAO/Vanessa Olarte
26/05/2023

Participaram profissionais da alimentação escolar do Brasil e representantes de 11 países da Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES). 

Brasília – O ministro de Educação do Brasil, Camilo Santana, esteve presente na abertura do II Congresso Internacional de Alimentação Escolar, que reuniu cerca 350 profissionais da nutrição e educação do Brasil e representantes de governos de outros 11 países da América Latina para discutir a importância da educação alimentar e nutricional na execução dos programas de alimentação escolar e seu entorno escolar. Segundo o ministro, o programa brasileiro de alimentação escolar é um grande orgulho para o país. Santana ressaltou, ainda, a importância de fortalecer a rede que o governo brasileiro impulsiona com os países da América Latina e do Caribe para “conhecer as experiências desenvolvidas nestes países no tema de alimentação escolar”. A iniciativa internacional mencionada é a Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES), criada em 2018 pelo governo federal com apoio da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

A delegação internacional foi composta por representantes do: Chile, Costa Rica, Equador, El Salvador, Honduras, Guatemala, Panamá, Nicarágua, Paraguai, Peru e República Dominicana.

O II Congresso foi promovido pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do Ministério da Educação (FNDE/MEC), em conjunto com a Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE) e a FAO, no âmbito do projeto de alimentação escolar do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO.

Em sua fala, a presidenta do FNDE, Fernanda Pacobahyba, afirmou que a alimentação escolar faz uma grande diferença na vida dos estudantes, sendo, às vezes a sua única alimentação do dia. “Somente com refeições equilibradas e adequadas nossos estudantes terão os nutrientes necessários para um efetivo desenvolvimento biopsicossocial”, afirmou a presidenta que acrescentou: “saúde e educação caminham juntas”.

A diretora-adjunta da ABC, embaixadora Luiza Lopes da Silva, ressaltou o componente das compras da agricultura familiar no programa de alimentação escolar como uma ação “que mudou completamente o cenário da pequena agricultura”. A embaixadora mencionou, também, a importância do programa de alimentação escolar brasileiro, cuja experiencia e boas práticas têm sido compartilhadas com outros países. Ela felicitou a participação da delegação com representantes de governos de 12 países da região presentes no congresso, entre eles, os três novos integrantes da Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES): Chile, Nicarágua e Venezuela. Esta rede visa prestar assistência técnica aos países na implementação e reformulação de seus programas de alimentação escolar, baseado no princípio do direito humano à alimentação adequada.

A representante assistente do Escritório da FAO no Brasil, Lilian Romera, afirmou que a alimentação escolar é um tema cada vez mais presente nas agendas políticas dos governos da região, como uma política permanente de Estado e crucial para a garantia do direito à alimentação adequada e saudável dos estudantes. “Hoje, cinco países, além do Brasil já aprovaram suas leis de alimentação escolar”. Romera destacou a parceria existente há 14 anos entre o governo do Brasil, por meio da ABC e do FNDE, e a FAO no tema de alimentação escolar, mencionando o apoio técnico prestado aos países da América Latina e Caribe no fortalecimento e consolidação de programas de alimentação escolar. “Estamos muito empenhados em trabalhar em colaboração com os governos de outros países”.

Representando os países que integram a RAES, Adriana Mayorga, analista do Ministério de Educação do Equador, afirmou que esta rede, que conta com a participação de 21 países, tem criado um espaço de apoio técnico, de cooperação internacional muito positivo entre nações irmãs. “Já estamos planejando uma atividade de formação para os professores do nosso país no tema de educação alimentar e nutricional. Queremos que nossas escolas sejam espaços de criação de hábitos saudáveis com o apoio da,Cooperacao Brasil-FAO.”, disse Mayorga em relação às ações que o Equador realizará. O programa de alimentação escolar do país atende 9,8 milhões de estudantes.

Iniciativas internacionais também foram destaque

Na programação do congresso, além de casos bem-sucedidos no Brasil, foi apresentado um paineil sobre os desafios da alimentação escolar na América Latina e no Caribe. Cecília Malaguti, responsável de cooperação Sul-Sul com organismos internacionais da ABC, apresentou um panorama da cooperação iniciada pelo governo brasileiro, sob a coordenação da Agência, junto com a FAO, em 2008, no tema alimentação escolar. Ela destacou entre as iniciativas mais recentes a criação da Rede de Alimentação Escolar Sustentável (RAES), há quase 5 anos, que desenvolve ações para fortalecer as políticas de alimentação escolar da região, com a participação dos países e a partir de seus interesses. Ela confirmou, ainda, a continuidade do apoio aos países por meio do trabalho conjunto com FNDE e FAO.

Em sua intervenção, Najla Veloso, coordenadora de alimentação escolar do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO, também aproveitou para reforçar a importância do apoio técnico prestado pelo FNDE ao longo destes anos como “uma experiencia de 67 anos, substancial nessa iniciativa de cooperação conjunta em alimentacão escolar”, disse.

O oficial de nutrição do Escritório Regional da FAO para América Latina e o Caribe, Israel Rios, apresentou o tema das ações de educação alimentar e nutricional (EAN) para combater a obesidade, alertando que: "América Latina e Caribe lideram as médias mundiais de excesso de peso, por isso a ações de EAN podem fazer toda a diferença”. Segundo Rios, a região tem o mais alto custo de uma alimentação saudável, mas o programa de alimentação escolar tem um grande potencial para reduzir esse custo. “É o espaço ideal para criar hábitos de vida saudáveis nas crianças”.

Também foram apresentadas experiências bem-sucedidas de educação alimentar e nutricional de dois países: El Salvador e República Dominicana. Representando o governo e a Representação da FAO em El Salvador, respectivamente, Oralia Robles e Reina Osorio apresentaram a estratégia de alimentação escolar saudável e sustentável desenvolvida pelo país, destacando o curso de formação para docentes, que fortaleceu os conhecimentos em educação alimentar de mais de 5 mil professores aprovados nas três edições do curso, em todo o país.

Da República Dominicana, Ana Carolina Baez e Mariela Ortega, representando o governo e o escritório da FAO no país, respectivamente, apresentaram a iniciativa desenvolvida em educação alimentar e nutricional, vinculada ao programa de alimentação escolar dominicano, que beneficia 1,8 milhões de estudantes, com a entrega de alimentação adequada e saudável. Entre as ações apresentadas estão as iniciativas de cardápios adequados, redução do desperdício e promoção de melhores hábitos alimentares.