FAO no Brasil

FAO participa do 1º Simpósio Nacional sobre Gestão do Fogo

08/07/2024

Entre os dias 2 e 4 de julho, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou, em Brasília, o 1º Simpósio Nacional sobre Gestão do Fogo (Sinafogo). A oficial da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) Lara Steil, do departamento de atividades florestais, veio da sede, em Roma, para integrar os debates com a palestra “Eventos extremos de incêndios florestais pelo mundo e iniciativas de cooperação interinstitucional”.

Todos os anos, segundo dados do Global Wildfire Information System, o mundo enfrenta em média, 1,1 milhões de focos de incêndio, localizados sobretudo em regiões arbustivas e de savana, especialmente no continente africano. De acordo com Lara, observa-se uma associação entre pobreza e fogo, já que se trata de uma ferramenta usada para sobrevivência e para manter a segurança alimentar. Os países menos desenvolvidos concentram quase 60% das ocorrências globais de fogo, apesar de somarem apenas 14,2% das áreas com vegetação.

A situação é agravada pelas mudanças climáticas e de uso da terra, que alimentam incêndios florestais cada vez mais frequentes e intensos. Nos últimos anos, tem se identificado um aumento da severidade das ocorrências, em áreas até então nunca afetadas, são os chamados “eventos climáticos extremos”. No Brasil, o Pantanal exemplifica o tema, já que em 2020 a região enfrentou a pior seca em 47 anos. No total, 17 milhões de animais vertebrados morreram, após cerca de 30% da cobertura vegetal do bioma ter sido queimada, correspondendo a uma área de 4,5 milhões de hectares. 

O Hub Global para o Manejo Integrado do Fogo 

Para enfrentar esses desafios, a oficial da FAO destacou a importância de uma mudança de paradigma, para uma visão de Manejo Integrado do Fogo. “A gente tem que sair do processo de respostas reativas”, alertou Lara. “Estamos em um momento em que precisamos pegar as lições já aprendidas com os eventos extremos vividos para evitar novas ocorrências. Temos que realizar ações proativas de prevenção, para minimizar danos”, adicionou.

O conceito de manejo integrado do fogo incorpora não apenas supressão, prevenção e uso do fogo, mas também aspectos socioeconômicos e atributos ecológicos. Essa perspectiva leva em consideração tanto a ciência como as necessidades das comunidades e das agências implementadoras de políticas públicas. Nos últimos anos, a FAO liderou o desenvolvimento de uma abordagem de Gestão Integrada de Incêndios (IFM), que ajuda a garantir que todas as atividades relacionadas ao fogo sejam integradas nas políticas e planos nacionais, sejam intersetoriais e envolvam diversos stakeholders.

Além disso, sob a iniciativa Global Fire Management Hub, liderada pela FAO e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), estão reunidos parceiros-chave para auxiliar os países na construção de capacidades para implementar a gestão integrada de incêndios, com o objetivo de reduzir os impactos negativos dos incêndios florestais nos meios de subsistência, nas paisagens e na estabilidade climática global.

O Global Fire Management Hub estrutura-se em cinco pilares iniciais: a) Compartilhamento de conhecimento e dados; b) Capacitação; c) Avaliação de risco de incêndio e alerta precoce; d) Comunidades resilientes a incêndios florestais; e) Apoio a políticas. Para conhecer a iniciativa, clique aqui.

Saiba mais

O seminário, que contou com mais de 150 convidados, incluiu palestras, mesas redondas e painéis temáticos.  Além da FAO, participaram do evento o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), as secretarias estaduais de meio ambiente, os corpos de bombeiros militares estaduais, universidades e a sociedade civil. O encontro foi transmitido via YouTube, aqui.