O projeto +Algodão promoveu uma capacitação online para os representantes da Cooperativa Agrária de Serviços Múltiplos “Tallán – Chusís” (COSTACH), da região de Piura, no Peru, sobre o manejo integrado de pragas (MIP) do algodoeiro. Os agricultores familiares da cooperativa têm enfrentado problemas com o bicudo-rosado (Pectinophora gossypiella), uma praga que está afetando a cultura do algodão em 2024 no país.

O projeto +Algodão é uma iniciativa de cooperação sul-sul trilateral executada pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), pela Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE) e seis países parceiros, entre eles o Peru, no âmbito do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO.

João Clementino, analista de projetos da ABC/MRE, destacou a importância dessa troca de conhecimentos para que a produção atual não seja afetada. “A ABC está à disposição para ajudá-los”, disse. Por sua vez, Adriana Gregolin, coordenadora regional do projeto +Algodão, também ressaltou que a cooperação entre a FAO e o governo do Brasil está à disposição não apenas do Peru, mas também de outros países da região que fazem parte do projeto.

Monitoramento constante das culturas

A capacitação foi realizada pelo pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Algodão, instituição brasileira cooperante do projeto. O pesquisador Fábio Aquino de Albuquerque, especialista em MIP, destacou a importância de o agricultor estar sempre muito atento à sua cultura e capacitado para identificar a ocorrência de pragas, especialmente aquelas com estruturas reprodutivas. “Os agricultores estão no campo todos os dias, por isso devem aprender a identificar a presença das pragas antes que comecem a causar danos”, ressaltou Albuquerque, acrescentando que a praga do bicudo-rosado pode ser extremamente agressiva.

O pesquisador disse aos agricultores da COSTACH que é mais fácil focar no monitoramento das mariposas e controlar os ovos que possam reproduzir. Uma das técnicas é a utilização de feromônios para evitar a cópula das mariposas. Além disso, Albuquerque destacou como estratégia de manejo de pragas o controle biológico, com o uso, por exemplo, das joaninhas, o que permite evitar ao máximo possível o uso de produtos químicos.

Ricardo Yarleque, gerente da COSTACH, disse que, embora a cooperativa esteja produzindo sementes de algodão Pima, a área de cultivo foi reduzida por diversos fatores, entre eles o preço do algodão e a colheita ter sido drasticamente afetada pelas inundações em 2023. O agricultor comentou que, atualmente, o bicudo-rosado está sendo controlado com o apoio do comitê técnico formado pela Direção Regional Agrícola (DRA), Ministério do Desenvolvimento Agrário e Irrigação (MIDAGRI) e Instituto Nacional de Inovação Agrária (INIA). Sobre as medidas que a cooperativa está tomando para o controle de pragas, o grupo destacou o uso de feromônios, o uso de capturas à noite e o monitoramento para a avaliação das corolas que caem da planta para identificar a presença de lagartas.

O projeto +Algodão, além das capacitações presenciais, também promove ações virtuais de fortalecimento de capacidades, intercâmbio, geração de conhecimentos e boas práticas de produção com o objetivo de fornecer assistência técnica e levar informação aos agricultores familiares produtores de algodão em diversos temas como o controle de pragas.