FAO no Brasil

A FAO inicia com ministro brasileiro ciclo de análises sobre avanços na redução da fome na América Latina e no Caribe

06/08/2024

Segundo o recente relatório SOFI 2024, apresentado em reunião G20 no Rio de Janeiro, as cifras de fome no mundo se mantido persistentemente altas durante os últimos três anos, mas a América Latina registra um progresso significativo

Santiago, Chile – O Escritório Regional da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) na América Latina e no Caribe organizou um primeiro encontro dentro de uma série de eventos dedicados a analisar os progressos da região na luta contra a fome e a má nutrição, a partir dos resultados do relatório do Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo (SOFI 2024).

Segundo o relatório SOFI 2024, apresentado em julho durante reunião do G20 no Rio de Janeiro, Brasil, na América Latina e no Caribe o percentual de fome subiu de 5,6% em 2019 para 6,9% em 2021, mas registra uma redução progressiva, chegando a 6,2% em 2023. Isso significa que 4,3 milhões de pessoas deixaram de passar fome, principalmente graças a uma recuperação na América do Sul.

Atualmente, o Brasil é um dos países cujas políticas públicas têm tido um impacto positivo na redução da fome e da insegurança alimentar. Assim, através de uma Palestra Magna, realizada no escritório regional da FAO, com mais de 400 participantes presenciais e virtuais, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, compartilhou algumas das ações empreendidas pelo governo brasileiro na luta contra a fome.

O ministro Dias detalhou a estratégia que posiciona o Brasil como líder regional na redução da fome. "Tirar alguém da fome e da pobreza é um investimento que se faz uma vez só. Depois, é muito difícil que as próximas gerações voltem atrás. Por isso, é um investimento que vale a pena", afirmou.

O Subdiretor-Geral e Representante Regional da FAO para a América Latina e o Caribe, Mario Lubetkin, enfatizou que “a fome e a insegurança alimentar não são simplesmente questões de escassez de alimentos; mas refletem desigualdades estruturais e falhas sistêmicas que afetam a dignidade humana e a justiça social em todo o mundo e também na região”.

“Ter a oportunidade de refletir sobre essas experiências nos obriga a reconhecer que a fome é uma realidade que pode ser enfrentada com responsabilidade, decisão e trabalho coletivo; e assegurar que todas as pessoas, independentemente de sua localização geográfica, gênero ou condição econômica, tenham acesso a alimentos suficientes e nutritivos”, acrescentou Lubetkin.

Este processo de análise impulsionado pela FAO a nível regional, e que iniciou com a Palestra Magna do ministro brasileiro, busca aprofundar nas oportunidades e capacidades da região para contribuir com uma resposta global de erradicar a fome e a má nutrição, e abordar outros desafios como a redução da pobreza e das desigualdades. Objetivos internacionais estabelecidos para garantir o desenvolvimento sustentável.

Brasil no enfrentamento multidimensional da fome e da insegurança alimentar

O ministro Wellington Dias detalhou como o Brasil conseguiu tirar da pobreza 14 milhões de pessoas graças a um programa social que possui dois componentes: a assistência social e a segurança alimentar.

Este programa se sustenta na criação de um cadastro único social que permite conhecer as condições multidimensionais de pobreza que afetam uma família e gerar uma renda de assistência que se ajuste às suas necessidades. “A transferência de recursos significa implantar um acesso ao alimento e também a outras necessidades. Esse dinheiro que se entrega a uma pessoa circula no lugar onde ela vive. E os mais pobres normalmente vivem em lugares onde também vivem outras pessoas vulneráveis e pobres. Então, além de beneficiar essa família, beneficia-se essa comunidade”, assegurou.

O ministro acrescentou que essa modalidade de assistência é acompanhada com o Plano Safra para combater a fome e a insegurança alimentar. Com isso, trabalha-se em conjunto com pequenos agricultores para estimular a produção e depois o Estado poder comprar uma fração da colheita para entregá-la aos mais necessitados.