FAO no Brasil

FAO vai acompanhar implementação de acordos de paz na Colômbia

30/08/2016

“Onde brotou a guerra, a Colômbia semeará as sementes da paz”, disse o diretor-geral da FAO em relação à prioridade que se deu ao desenvolvimento rural nos acordos de paz

Santiago – O governo da Colômbia e as FARC solicitaram que a FAO acompanhe a implementação do primeiro ponto do acordo de paz, que trata da luta contra a fome, o desenvolvimento do campo e uma reforma rural integral.

O acordo de paz é fruto de uma negociação de quatro anos e põe fim a cinco décadas de conflito armado. O primeiro ponto do acordo – Em direção a um Novo Campo Colombiano: Reforma Rural Integral – tem como objetivo gerar uma transformação nas zonas rurais da Colômbia, duramente afetadas pelo conflito armado.

Esse primeiro ponto inclui um plano de desenvolvimento rural multifacetado que ataca as raízes da pobreza e a fome rural, por meio da criação de um fundo de terras para distribuir entre agricultores sem terra e planos de grande escala para prover bens e serviços públicos em infraestrutura, estradas, desenvolvimento social, educação, saúde e moradia.

Também impulsiona programas de desenvolvimento com foco territorial, além de medidas para estimular a produtividade agropecuária em todo o país acordadas com as comunidades nas regiões mais afetadas pelo conflito e pela pobreza.

Cria ainda um sistema especial de alimentação e nutrição para erradicar a fome e a má-nutrição.

“Esse foco multifacetado de mais alto nível com apoio político de todos os setores do país é que se precisa para erradicar a fome e a pobreza, além de dar sustentabilidade ao processo de paz”, explicou José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO.

Como grande parte do conflito na Colômbia teve suas raízes no campo, a FAO considera a decisão das partes de começar o acordo de paz com medidas que fortaleçam as áreas rurais como um aspecto fundamental para garantir a paz em longo prazo.

O diretor-geral da FAO parabenizou a decisão das partes de colocar o campo, a agricultura, o meio ambiente, a associatividade e a segurança alimentar como pedra angular dos acordos de paz.

“Ali onde brotou a guerra, a Colômbia semeará as sementes da paz”, disse Graziano da Silva.

FAO, União Europeia e Via Campesina vão acompanhar o processo

No marco do Acordo final para o fim do conflito e a construção de uma paz estável e duradoura, firmado entre o governo da Colômbia e as FARC, as partes pediram para a FAO, a União Europeia e a organização da sociedade civil Via Campesina acompanhar a implementação do primeiro ponto do acordo de paz.

As três entidades vão apresentar um plano de trabalho conjunto nos próximos meses. Para este plano, a FAO propõe incluir ações que fomentem a produção rápida de alimentos, como uma forma de responder de maneira urgente àqueles que sofrem com a fome e a pobreza, além de ações para o fortalecimento necessário das instituições dedicadas ao campo e à segurança alimentar, apoiando o emprego digno e a melhoria da qualidade de vida no campo.

Milhões de pessoas ficaram desabrigadas devido ao conflito e muitos agricultoras e agricultores perderam suas terras, razão pela qual é chave apoiar aos pequenos agricultores familiares para que tenham acesso aos mercados, investimentos e infraestrutura, além de sistemas de informação de mercado e mecanismos de integração aos circuitos econômicos agroalimentares.

O cessar bilateral a violência adotado pelas partes desde 29 de agosto vai permitir que as populações rurais afetadas diretamente pelo conflito possam alcançar uma melhoria substancial na segurança alimentar.

 “Um ambiente seguro é fundamental para retomar as atividades agrícolas, para melhorar o funcionamento dos mercados e que as pessoas tenham melhor acesso à assistência social", disse Graziano da Silva.

Nos anos que virão, a Colômbia poderá aperfeiçoar sua agricultura e aproveitar os 22 milhões de hectares com potencial agrícola, dos quais atualmente apenas são aproveitados sete milhões.

“Acabar com a fome e a má-nutrição e alcançar a paz e o desenvolvimento rural não são tarefas separadas, mas aspectos diferentes de um mesmo desafio”, explicou o diretor-geral apontando que o êxito da implementação do ponto 1 do acordo vai garantir a recuperação do campo colombiano e as condições para uma paz estável e duradoura.

 “São muitos desafios, mas há uma grande vontade. Agora é essencial colocar em prática rapidamente as políticas públicas que gerem proteção, inclusão e coesão social”, ressaltou José Graziano da Silva.