FAO no Brasil

Graziano da Silva fala de metodologias contra perdas e desperdícios em Fórum na UniCamp

12/10/2018

Campinas - Para mensurar de maneira mais precisa o tamanho do desperdício de alimentos no mundo, a FAO está desenvolvendo uma metodologia específica com vistas à adoção de um novo indicador, chamado Food Lost Index, afirmou o Diretor-Geral da FAO, José Graziano da Silva, em vídeo mensagem gravada para o Fórum Permanente “Perdas e desperdícios de alimentos: contribuição da tecnologia pós-colheita e um olhar para o futuro”, que aconteceu nessa quarta-feira (10 de outubro), na Universidade Estadual de Campinas.

Paralelamente à criação desse novo indicador, a FAO estuda a eficácia de várias políticas como possíveis incentivos econômicos para empresas e consumidores que possam investir na luta pela redução do desperdício. “A estratégia da FAO está construída sobre quatro pilares: a conscientização sobre o impacto do desperdício; a identificação de onde ocorrem as perdas; a sugestão de soluções viáveis e o apoio ao investimento nos setores público e privado para reduzir as perdas e os desperdícios”, explicou Graziano da Silva.

Além de considerações econômicas, as perdas e desperdícios de alimentos tem também uma grande dimensão ética e ambiental. Enquanto 8,21 milhões de pessoas no mundo estão em estado de insegurança alimentar, um terço de toda a produção alimentar do mundo é desperdiçada diariamente.

A estimativa é de que, anualmente, cerca de 1,3 bilhão de toneladas de comida é descartada e vai parar no lixo. “O ODS número 12.3 espera reduzir pela metade, até 2030, o desperdício do consumo final de alimentos per capita, bem como reduzir todas as perdas ao longo das cadeias de produção e abastecimento”, avaliou o Diretor-Geral da FAO. 

No quesito ambiental, em consonância com a ODS 12 (produção e consumo responsáveis) e a ODS 13 (ação contra a mudança global do clima), as perdas também têm um um impacto importante:  a emissão de gases dos alimentos desperdiçados é igual à poluição por dióxido de carbono de todo o parque automotivo do mundo, como explicou o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, que ministrou a conferência na Unicamp

O óxido nitroso e o metano, resultantes da degradação, são muito mais nocivos à camada de ozônio do que o CO2, nas razões de 300 por 1 e 20 por 1, respectivamente. “Além do forte impacto na saúde pública, com transmissão de enfermidades, o apodrecimento de alimentos tem alto custo. São consumidos recursos e energia na produção e um terço disso se perde”, disse Alan Bojanic.