Um laboratório de inovação para identificar, selecionar e divulgar experiências brasileiras inovadoras que incentivem a produção, a disponibilidade, o acesso e o consumo de frutas, legumes e verduras no país. Esse foi o anúncio feito durante o evento de lançamento da agenda de trabalho do Ano Internacional das Frutas, Legumes e Verduras no Brasil (AIFV 2021), realizado na quinta-feira, 1 de julho, em transmissão digital. 

O evento de lançamento da agenda de trabalho é resultado de uma cooperação técnica entre a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) e o Ministério da Saúde (MS) –por meio da Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição do Departamento de Promoção da Saúde e do Instituto Nacional de Câncer (INCA)–, com o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), do Ministério da Cidadania, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTIC), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e do Programa Mundial de Alimentos (WFP).

O representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala, abriu sua fala com uma pesquisa do Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef) destacando que 41% dos brasileiros reduziram o consumo de frutas, legumes, verduras e alimentos não industrializados desde o início da pandemia. As causas foram a queda na renda e o menor acesso à alimentação escolar. "O Ano Internacional das Frutas, Legumes e Verduras nos convida a mudar nossa ideologia alimentar. Uma verdadeira mudança na forma como pensamos nossa alimentação: com mais tempo, diversidade e atenção", afirmou. 

O Diretor do Centro de Excelência contra a fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP) no Brasil, Daniel Balaban pediu que os governos valorizem estratégias para aumentar o consumo de frutas, legumes e verduras, promovendo hábitos alimentares saudáveis, e recomendou que políticas públicas tornem esses alimentos mais acessíveis, por meio de incentivos à produção. "Esses alimentos precisam ser acessíveis economicamente para a maior parte da população e, para tanto, precisamos incentivar a compra da agricultura familiar pelas políticas públicas tais como escolas, hospitais, restaurantes populares, presídios, Forças Armadas e, com isso, ajudar a fomentar hábitos saudáveis".  

Juliana Rezende, representando o departamento de promoção da saúde do Ministério da Saúde, diz que a iniciativa intersetorial trará repercussões no aumento do consumo de frutas, legumes e verduras, possibilitando a implementação de uma agenda coordenada que melhore as condições de saúde da população e aumente a segurança alimentar. "Esperamos produzir um amplo esforço multissetorial na agenda de fomento às frutas, verduras e legumes". 

O evento teve ainda a participação em vídeo do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, e do Presidente do FNDE, Marcelo Lopes. Queiroga destacou que ações voltadas ao aumento desse tipo de alimento na dieta das pessoas têm grande impacto na promoção da saúde, da alimentação saudável e na prevenção de doenças crônicas, como a obesidade e o câncer.  "Julgamos ser de extrema prioridade essa parceria que se estabelece com o ano de comemoração das ações voltadas às frutas, legumes e verduras no Brasil. Promoveremos políticas e soluções que apoiem a implementação das recomendações do guia alimentar para a população brasileira".

Por sua vez, Tereza Cristina afirmou que eventos como o lançamento do AIFV 2021 "são importantes para ampliar as demandas de frutas e verduras e, com isso, fomentar os sistemas alimentares sustentáveis e reduzir o risco de excesso de oferta e desperdício”.

O Presidente do FNDE, Marcelo Lopes, reforçou que o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é um pilar fundamental das ações de promoção das frutas, legumes e verduras, uma vez que o cardápio da alimentação nas escolas é um instrumento de promoção da saúde e de bons hábitos alimentares não só dos estudantes, mas também de suas famílias.

A palestra magna foi realizada por Israel Rios-Castillo, oficial de nutrição da FAO Mesoamérica, que teve como foco a necessidade de não só promover o consumo, mas a produção de frutas, legumes e verduras em sistemas alimentares sustentáveis e saudáveis, com a inclusão dos agricultores e agricultoras familiares. Em seguida, os participantes assistiram falas de Gisele Bortolini, Coordenadora-Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, de Sérgio de Zen, Diretor de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento da CONAB, e da Professora Semíramis Domene, da UNIFESP.

Laboratório

Ao fim do evento, foi lançado o edital do Laboratório de Inovações - Incentivo à produção, ao abastecimento e ao consumo de frutas, legumes e verduras. Luisete Bandeira, consultora nacional da OPAS/OMS, destacou que o laboratório serve para sistematizar e divulgar experiências de diferentes setores, permitindo a troca de dados entre gestores, trabalhadores e diversos atores da cadeia produtiva, possibilitando até mesmo o diálogo com outros países. 

"O laboratório vai possibilitar a ampliação da identificação de experiências para além do setor de saúde. É isso que ele tem de inovador em seu lançamento: a possibilidade de mapear circuitos de produção que integrem produtor, consumidor, iniciativas coletivas de promoção da alimentação saudável", exemplificou. 

Representando o Ministério da Saúde, Gisele Bortolini afirmou que o edital terá dois eixos: um com foco em produção, armazenamento, distribuição, processamento e comercialização, e outro com foco no consumo de frutas, legumes e verduras, promoção e proteção de ambientes alimentares saudáveis. As inscrições estão abertas até 31 de agosto. O objetivo é que as ações selecionadas sejam apresentadas no Seminário Internacional promovido pelo Ministério da Saúde, em outubro. 

Assista ao evento: