FAO no Brasil

Conferência Ministerial do G7: FAO descreve cinco passos urgentes para enfrentar a crise alimentar global

©FAO
24/06/2022

O diretor-geral Qu Dongyu falou no evento "Unidos pela Segurança Alimentar Global"

Roma – Hoje (24), o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), QU Dongyu, delineou cinco passos urgentes para deter a crise alimentar global e transformar os sistemas agroalimentares, ao discursar na Conferência Ministerial do G7 "Unidos pela Segurança Alimentar Global.” 

Entre as principais ameaças à segurança alimentar global e ao funcionamento dos sistemas agroalimentares, Qu citou a pandemia da COVID-19; a interrupção global da cadeia de suprimentos e o aumento dos custos das principais commodities primárias; a guerra na Ucrânia e outros conflitos e crises humanitárias em todo o mundo e suas consequências prejudiciais. A situação se agravou ainda mais com a diminuição de investimento a longo prazo nos sistemas agroalimentares, enfrentando a pressão das mudanças climáticas e do crescimento populacional, observou QU.

“Corremos um sério risco de enfrentar uma crise de acesso a alimentos agora e uma crise de disponibilidade de alimentos para a próxima temporada”, disse o diretor-geral. 

Para lidar com essa situação, Qu descreveu as seguintes etapas urgentes:

Em primeiro lugar, é vital investir nos países mais afetados pelo aumento dos preços dos alimentos. Além da ajuda alimentar, também é fundamental apoiar a produção local de alimentos nutritivos. Atualmente, apenas 8% de todo o financiamento de segurança alimentar em emergências e ajudas de crise vai para a produção agrícola.

Em segundo lugar, Qu pediu maior apoio à iniciativa multiparceira da Classificação Integrada de Fases (IPC) para melhorar a segurança alimentar, a análise nutricional e a tomada de decisões para expandir a cobertura do país.

O IPC fornece informações sobre a dimensão e gravidade da situação de insegurança alimentar e fome. Em 2021, o G7 reconheceu o IPC como o “padrão ouro” para a análise de segurança alimentar, destacando seu papel como pilar crítico das respostas globais à fome. “A cobertura do IPC precisa aumentar de 46 para pelo menos 84 países que enfrentam uma situação desafiadora”, disse Qu. 

Em terceiro lugar, os países precisam promover políticas que aumentem a produtividade, eficiência, resiliência e inclusão dos sistemas agroalimentares. Isso exigirá um investimento financeiro significativo, estimado em 8% do tamanho do mercado agroalimentar, observou o diretor-geral, acrescentando que o investimento deve abranger uma infraestrutura sólida, infraestrutura da cadeia de valor, inovação, novas tecnologias e infraestrutura digital inclusiva.

Em quarto lugar, reduzir a perda e o desperdício de alimentos pode melhorar a segurança alimentar e a nutrição. Os alimentos atualmente perdidos e desperdiçados podem alimentar cerca de 1,26 bilhão de pessoas por ano. “Se tentarmos reduzir em 50% a perda e o desperdício de alimentos, haverá frutas e legumes suficientes para todos”, sublinhou o diretor-geral. A FAO desenvolveu o plano abrangente de ações para 52 países da Iniciativa Hand-in-Hand para atingir essa meta. 

Em quinto lugar, é de suma importância garantir um uso melhor e mais eficiente dos fertilizantes disponíveis. É crucial que todos os principais parceiros trabalhem de maneira coerente para obter os fertilizantes necessários para os agricultores, disse Qu, pedindo aos países que melhorem a eficiência dos fertilizantes para se adequar aos sistemas agrícolas locais. Por exemplo, a implementação rápida de mapas detalhados do solo ajudaria os países mais vulneráveis a usar seus fertilizantes de forma mais eficiente. 

Falando sobre a transparência do mercado e a necessidade de estabilizar os preços, o Diretor-Geral destacou a importância de manter aberto o sistema de comércio global. Ele reiterou o compromisso da FAO de aumentar a transparência do mercado global por meio do Agricultural Market Information System (Sistema de Informações do Mercado Agrícola, em português), que é uma ferramenta essencial para promover a confiança nos mercados globais. 

A conferência internacional foi organizada pelo governo alemão, representado pela Ministra das Relações Exteriores Annalena Baerbock, Ministra da Cooperação Econômica e Desenvolvimento Svenja Schulze e Ministro da Alimentação e Agricultura Cem Özdemir. A conferência reuniu ministros e representantes de um grupo diversificado de países, incluindo o G7, os Campeões do Grupo de Resposta à Crise Global da ONU, os principais estados doadores e os países mais vulneráveis e afetados, bem como líderes de organizações internacionais como as Nações Unidas e da sociedade civil.

 

Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) relacionados:

  • ODS 2 - Fome Zero e Agricultura Sustentável
  • ODS 8 - Trabalho decente e crescimento econômico
  • ODS 9 - Indústria, inovação e infraestrutura
  • ODS 11 - Cidades e comunidades sustentáveis
  • ODS 16 - Paz, Justiça e Instituições Eficazes