FAO no Brasil

FAO participa de seminário internacional sobre o terceiro salto da produção de alimentos em âmbito global

©️FAO/Aline Czezacki
26/10/2022

Na manhã deste dia 26 de outubro, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil participou, na sede do Banco Mundial em Brasília, do Seminário Internacional “Temas críticos para o terceiro salto da produção de alimentos em âmbito global”.

Promovido pelo Fórum do Futuro, com apoio do Banco Mundial, Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Projeto AKSAAM, o seminário teve entre os seus objetivos debater os modelos de desenvolvimento sustentável e o papel da Bioeconomia Tropical na segurança alimentar, na inclusão social e tecnológica de pequenos e médios produtores; propor alternativas para os desafios ambientais se converterem em soluções estratégicas; e promover o compartilhamento de agendas na promoção do desenvolvimento sustentável.

O representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala, participou do painel “Pacto Global do Alimento: A inclusão social e tecnológica de pequenos e médios produtores rurais e a segurança alimentar”, junto com Paulo Haddad, ex-ministro da Economia; e José Siqueira, especialista em desenvolvimento da Amazônia. A discussão foi moderada por Leonardo Bichara, economista sênior para agricultura do Banco Mundial.

Em sua fala, Paulo Haddad explicou que o Brasil passou por dois grandes ciclos de progresso econômico brasileiros, e que é preciso que o Brasil avance rumo a um terceiro ciclo de expansão com foco na produção agrícola. “Se aplicarmos cerca de 50% das inovações tecnológicas disponíveis no sistema produtivo agropecuário, podemos dobrar a produção de alimentos sem desmatar uma única árvore”.

O ex-ministro ainda defendeu medidas importantes para avançar rumo a uma produção de alimentos mais sustentável e sem desmatamento na Amazônia. “É preciso que o consumidor saiba na hora de comprar os produtos, se ele foi feito ou não em uma área de desmatamento, se compromete a situação climática mundial. Além disso, é preciso frear o incentivo financeiro a atividades consideradas ilegais, e gerar sistemas de corresponsabilização a quem financia para que também apoie a revitalização dessas áreas”.

Logo em seguida, José Siqueira, especialista em desenvolvimento da Amazônia, corroborou a ideia de que é urgente o rompimento do ciclo de destruição de riquezas da Amazônia, e isso só é possível com o incentivo a uma nova economia com soluções inovadoras. “É preciso olhar para a floresta como uma oportunidade de crescimento e não como barreira ao desenvolvimento. Melhorar as cadeias extrativistas, criar e fortalecer uma nova bioeconomia, desenvolver a região sem destruir e com regeneração”.

“Historicamente, a atividade produtiva na Amazônia é extrativista, mas quando praticada, ela não gera desenvolvimento, apenas garante minimamente uma sobrevivência. Precisamos incentivar através do conhecimento e da educação, uma relação saudável entre humanos e natureza”, concluiu Siqueira.

Por fim, o representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala, defendeu que o Brasil possui particularidades, a exemplo da institucionalidade, que favorecem medidas pioneiras na região para o desenvolvimento da agricultura tropical. Além disso, com a pandemia, apesar dos desafios, alguns avanços como a digitalização, a criação de redes dentro dos sistemas alimentares e a valorização da proximidade dos alimentos, foram muito importantes para uma cidadania mais solidária e para uma mudança de percepção sobre os sistemas alimentares.

“É inadmissível que o Brasil, o celeiro do mundo, enfrente os mesmos índices de fome que tinha há 15 anos. Precisamos fortalecer os sistemas alimentares das cidades, principalmente nas pequenas e médias onde vivem mais de 60% dos brasileiros para gerar estabilidade entre o rural e o urbano, diminuir a prática extrativista na Amazônia, e aumentar os investimentos para socializar as inovações tecnológicas”, concluiu Zavala.

Desenvolvimento da Amazônia Legal

Em fevereiro de 2022, O Sistema ONU no Brasil e o Consórcio Interestadual pelo Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal assinaram um memorando de entendimento para colaborar em iniciativas conjuntas que visem acelerar o desenvolvimento sustentável da região amazônica. Entre as ações previstas no acordo estão o intercâmbio de informações e a promoção e apoio à implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na região, que inclui a proposta de criação de um Observatório de Indicadores de ODS na Amazônia Legal.