FAO no Brasil

FAO na COP28: A transformação dos sistemas agroalimentares é fundamental para a ação climática

©FAO
13/12/2023

O escritório da Organização para a América Latina e o Caribe participou de diversos eventos onde apresentou iniciativas que mostram histórias de sucesso em adaptação e mitigação às mudanças climáticas.

Emirados Árabes Unidos, Dubai  – O Escritório Regional para a América Latina e o Caribe da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura concluiu a sua participação na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28) com um apelo à transformação dos sistemas agroalimentares para alcançar soluções sustentáveis, resilientes e com baixas emissões para enfrentar as mudanças climáticas.

A participação do Escritório Regional da FAO na COP28 – que aconteceu entre 30 de novembro e 12 de dezembro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos – focou inicialmente no trabalho realizado pela Plataforma de Ação Climática na Agricultura na América Latina e no Caribe (PLACA).

O mecanismo, formado por 16 países da região, atraiu este ano mais de 3.000 participantes, oferecendo cursos, treinamentos e workshops sobre Extensionismo, Adaptação e Mitigação às Mudanças Climáticas. Além disso, levantou mais de 200 soluções tecnológicas de baixo custo para promover a ação climática na agricultura.

Participaram do evento Cesar Saboto, Ministro da Agricultura, Florestas, Pesca, Transformação Rural, Indústria e Trabalho de São Vicente e Granadinas; Ana María Loboguerrero, Diretora da Área de Pesquisa em Ação Climática do CIAT Bioversity Alliance e Diretora Sênior de Ação Climática do CGIAR; Juan Carlos Mendoza, Diretor de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do FIDA; Sol Ortiz García, Diretora Geral de Políticas, Prospecção e Mudanças Climáticas do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural do México e, atualmente, Presidente da PLACA; e Kaveh Zahedi, Diretor do Escritório de Mudanças Climáticas, Biodiversidade e Meio Ambiente da FAO.

“É urgente fortalecer a ação climática regional no setor agrícola, fonte de uma ampla gama de soluções que contribuem para a adaptação e mitigação das mudanças climáticas. Neste contexto, a PLACA se fortaleceu como um espaço de articulação de alto nível para abordar a contribuição da agricultura para a agenda climática”, explicou María Mercedes Proaño, Oficial de Financiamento Climático da FAO para a América Latina e o Caribe.

Além disso, a FAO, em colaboração com o Sistema de Integração Centro-Americano (SICA), abordou soluções baseadas na natureza no corredor seco e nas zonas áridas da região do SICA. Neste contexto, apresentam estratégias partilhadas, boas práticas e lições aprendidas para reduzir a vulnerabilidade e reforçar a resiliência nestes territórios, destacando, especialmente, o sucesso da implementação da Iniciativa Regional para a Agricultura, Florestas e Outros Usos do Solo, AFOLU 2040, cujo objetivo central é a construção da resiliência agrícola regional nos países do SICA. Esta iniciativa visa restaurar e conservar 10 milhões de hectares de terras e ecossistemas degradados até 2030 e alcançar a neutralidade das emissões de carbono até 2040.

Em termos de bioeconomia, o evento “Economia Bioamazônica e Transformação Rural Inclusiva” apoiou os esforços dos países para adaptar e mitigar as mudanças climáticas, garantindo o desenvolvimento de meios de subsistência alinhados com os conhecimentos e preferências locais, explorando oportunidades e desafios para desbloquear o potencial da Amazônia como um caminho viável para o seu desenvolvimento inclusivo e sustentável, que supera em tamanho a Alemanha, Espanha, França, Itália, Noruega e Reino Unido.

Com 237 milhões de hectares de floresta, este território é vital para o nosso planeta, abrigando 20% da água doce mundial e 10% da biodiversidade mundial, além de abrigar mais de 50 milhões de pessoas, incluindo 400 povos indígenas, Comunidades afrodescendentes e agricultores.

Por fim, no evento “Impulsionando a ação climática com culturas sustentáveis: como a erva-mate, o cacau e o café aumentam a renda e reduzem as emissões”, foi destacado o valioso trabalho com comunidades indígenas do projeto “Pobreza, Reflorestamento, Energia e Mudanças Climáticas” (PROEZA), com a planta sagrada da erva-mate, e financiamento do Fundo Verde para o Clima. O evento mostrou como a colaboração com as comunidades indígenas pode gerar impactos positivos na luta contra a pobreza e na proteção do meio ambiente. 

Un novo paradigma 

Os sistemas alimentares devem considerar uma produção sustentável, eficiente, com baixas emissões e rica em nutrientes, uma vez que atualmente não são suficientemente sustentáveis, degradam, desnutrem e produzem de forma limitada.

Para tal, é necessário criar um novo paradigma na eficiência e utilização dos recursos naturais, cada vez mais limitados, menos poluentes em termos de emissões, utilização de plásticos, produtos químicos, restauração da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos, e produção de alimentos saudáveis.

“Em um ambiente em mudança e incerto, a capacidade de adaptação à produção é vital, e isso tem a ver não só com como e quando é produzido, mas também com a previsão com a maior precisão possível, face aos diferentes cenários que nos permitem prevenir riscos e gerir catástrofes ambientais”, explicou Hivy Ortiz, Oficial de Agricultura Sustentável da FAO para a América Latina e o Caribe.

“Devem ser levados em conta os elementos biofísicos e as boas práticas agrícolas, bem como as considerações sociais, como a segurança social e as questões econômicas associadas ao investimento em boas tecnologias para a transformação, seguros catastróficos para a recuperação ambiental e social, entre outros elementos”, acrescentou Ortiz.