FAO no Brasil

FAO lança nova ferramenta pública baseada em dados sobre o censo agropecuário

©️FAO/Fellipe Abreu
31/05/2022

Novo domínio FAOSTAT avalia tendências nos setores agrícolas em todo o mundo 

Roma – A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) está inserindo no FAOSTAT, o maior banco de dados agrícolas do mundo, um novo domínio que permite melhor comparação e avaliação  das tendências agrícolas de todos os países membros. 

O FAOSTAT, base de dados que possui uma política de dados abertos–e que serve como um bem público global– reúne e harmoniza uma riqueza de dados sobre a produção, comércio e consumo dos setores agrícolas, que é de longe o maior setor econômico do mundo em termos de emprego e meios de subsistência sustentáveis. 

Nos últimos anos, a FAO adicionou um conjunto crescente de informações críticas sobre emissões de gases de efeito estufa, uso da terra, cobertura florestal e investimentos. Agora a Organização está acrescentando “Dados Estruturais de Censos Agropecuários”, que apresentam relatórios nacionais detalhados que rastreiam o tamanho real das propriedades agrícolas, quem trabalha nelas e quem as possui. 

“Esses dados não estão disponíveis em nenhum lugar do mundo”, diz Jairo Castano, Estatístico Sênior e Líder do Programa Mundial para Censos Agropecuários da FAO. “Esta é uma informação de baixo para cima muito preciosa e baseada em fazendas reais, de todas as fazendas do mundo ” 

O novo domínio permite um acesso rápido para saber quantas fazendas existem em um determinado país, quais são seus tamanhos, a tipologia de posse que determina sua propriedade, o sexo do(a) agricultor(a) e quantas pessoas vivem e trabalham nelas, tudo com base nos Censos Agropecuários nacionais 

“Isso permite que os políticos comparem a estrutura do setor agrícola de um país com a de outro ou de uma região, ao mesmo tempo em que permite que os pesquisadores analisem, por exemplo, a distribuição do tamanho das fazendas em nível nacional e global”, destacou Castano. 

Alguns pontos principais 

A Federação Russa possui a maior área total coberta por fazendas, com 451 milhões de hectares, seguida pela Austrália, Estados Unidos e Brasil. 

A Rússia também tem o maior número de propriedades ou fazendas –independentemente do tamanho– por 1.000 pessoas, seguida pela China, Vietnã e Índia. 

Os países com maior tamanho médio de fazendas são a Austrália, seguida pela Islândia, Argentina, Uruguai, Canadá, Nova Zelândia e República Tcheca.  

Entre os países que realizaram o Censo, aqueles com a menor área média de propriedade relatada são Palau, Bangladesh e Egito. 

40% ou mais de todas as explorações agrícolas são chefiadas por mulheres na Lituânia, Letónia e Eswatini. Em nenhum lugar isso está acima de 50%. 

Em oito países, 60% ou mais das terras agrícolas são alugadas e não cultivadas por seus proprietários. Além das Ilhas Marianas do Norte, estão todas na Europa, incluindo França e Alemanha. 

França, Uruguai, Guam, África do Sul, República Checa e Islândia são países onde a porcentagem de explorações agrícolas geridas por pessoas jurídicas– empresas, cooperativas ou entidades públicas – é mais elevada, mas raramente ultrapassa os 10 por cento. Quando medido por área em vez de unidades individuais, no entanto, o controle jurídico caracteriza mais de dois terços das participações na Namíbia, Eslováquia, Ilhas Maurício, República Tcheca e Bulgária, seguidos de perto pelo Peru e Hungria. 

Em países como Brasil, Vietnã, Uruguai e República da Coréia, a maioria dos membros da família que vivem em fazendas trabalha na agricultura. Essa tendência está aumentando nesses países, bem como em Burkina Faso, Mianmar e Japão. 

A importância dos censos 

A variedade de estruturas agrícolas que podem aparecer em tais classificações destaca a importância de políticas sob medida, que podem ser aprimoradas pelas evidências históricas que o novo domínio FAOSTAT oferece. Os dados atualmente abrangem as rodadas do censo de 1990, 2000 e 2010, e à medida que chegarem os dados de 2020 serão adicionados. 

A Divisão de Estatística da FAO também embarcará no processo de digitalização, mineração de texto e upload de dados históricos, alguns dos quais remontam à década de 1930 e foram inicialmente coletados pelo Instituto Internacional de Agricultura, entidade cujo papel a FAO assumiu quando foi criada em 1945. 

Embora o novo domínio FAOSTAT ofereça uma ferramenta poderosa para todos usarem, ele se baseia nos dados coletados pelo programa que a FAO supervisiona por meio do Programa Mundial para Censos Agropecuários

Antes do lançamento da nova ferramenta de acesso aberto, os especialistas da FAO fizeram um trabalho meticuloso para calcular o papel dos pequenos produtores na alimentação global.  À medida que o novo domínio for preenchido com novos dados,  será mais fácil para a FAO, autoridades públicas e pesquisadores dos países membros realizar análises mais detalhadas e relevantes para as políticas. 

 

Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) relacionados:

  • ODS 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável
  • ODS 5 – Igualdade de Gênero
  • ODS 10 – Redução das Desigualdades