FAO no Brasil

Índice de preços de alimentos da FAO mostra queda nos preços internacionais de cereais, óleos vegetais e açúcar

©FAO/Anatolii Stepanov
08/07/2022

Uma ligeira queda na produção mundial de cereais está prevista para 2022.

Roma – O barômetro dos preços mundiais de alimentos caiu ligeiramente em junho pelo terceiro mês consecutivo, informou hoje a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

O Índice de Preços de Alimentos da FAO registrou média de 154,2 pontos em junho de 2022, ou seja, 2,3% a menos que em maio. No entanto, o índice, que reflete a variação mensal dos preços internacionais de uma cesta dos alimentos mais comercializados, ficou 23,1% acima do patamar de junho de 2021.

A queda em junho refletiu reduções nos preços internacionais de óleos vegetais, cereais e açúcar, enquanto os preços dos laticínios e carnes aumentaram. 

O Índice de Preços de Cereais da FAO registrou média de 166,3 pontos em junho, ou seja, 4,1% a menos que em maio, mas ainda 27,6% acima do valor de junho de 2021. Os preços internacionais do trigo caíram 5,7% em junho, mas ficaram 48,5% acima dos valores do ano anterior. A queda em junho deveu-se à disponibilidade sazonal de novas safras no hemisfério norte, melhores condições de safra em alguns dos principais países produtores e maiores perspectivas de produção na Federação Russa. Os preços internacionais de grãos secundários também caíram 4,1%, mas ainda subiram 18,4% em relação ao ano anterior. Os preços mundiais do milho caíram 3,5% mês a mês devido ao aumento das disponibilidades sazonais na Argentina e no Brasil e melhores condições de colheita nos Estados Unidos da América.

O Índice de Preços de Óleos Vegetais da FAO atingiu uma média de 211,8 pontos em junho, representando uma queda mensal de 7,6%. Os preços mundiais do óleo de palma caíram devido ao crescimento sazonal da produção nos principais países produtores e às perspectivas de aumento da oferta da Indonésia. Por sua vez, os preços mundiais dos óleos de girassol e soja caíram devido à fraca demanda global de importação após o aumento dos custos. 

O Índice de Preços de Açúcar da FAO registrou média de 117,3 pontos em junho, ou seja, 2,6% a menos que em maio,  marcando a segunda queda mensal consecutiva e atingindo seu nível mais baixo desde fevereiro, influenciado pelas boas perspectivas de disponibilidade global. A desaceleração do crescimento econômico global também pesou na demanda e nos preços internacionais do açúcar.

“Embora o Índice de Preços de Alimentos da FAO tenha caído em junho pelo terceiro mês consecutivo, permaneceu próximo ao recorde histórico alcançado em março deste ano. Os fatores que impulsionaram os preços mundiais em primeiro lugar seguem influenciando a situação – especialmente uma forte demanda global n, condições climáticas adversas em alguns dos principais países produtores, custos elevados de produção e transporte e interrupções na cadeia de suprimentos causadas pelo coronavírus (COVID-19) ―, agravados pela incerteza derivada da guerra em curso na Ucrânia”, disse o Sr. Máximo Torero Cullen, Economista Chefe da FAO. 

Por sua vez, o Índice de Preços da carne da FAO em junho ficou em uma média de 124,7 pontos, ou seja, 1,7% a mais que em maio, o que constitui um novo recorde e supera em 12,7% o valor de junho de 2021. Preços mundiais para todos os tipos de carne aumentaram, com a carne de aves crescendo acentuadamente – atingindo um recorde histórico – como resultado da prolongada escassez de oferta mundial, afetada pela guerra da Rússia contra a Ucrânia e pelo surto de gripe aviária no hemisfério norte.

O Índice de Preços dos Lácteos da FAO registrou média de 149,8 pontos em junho, ou seja, 4,1% a mais que em maio e 24,9% acima de seu valor de junho de 2021. Em junho, os preços internacionais de todos os produtos lácteos aumentaram. Os preços do queijo foram os que mais subiram, devido a um aumento repentino na demanda de importações em relação à oferta à vista, em meio a preocupações do mercado sobre a disponibilidade de oferta mais tardia durante o ano. Os preços mundiais do leite em pó aumentaram devido à forte demanda de importação e ao persistente aperto na oferta global.

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FAO aumenta previsão para produção mundial de cereais

A previsão da FAO para a produção global de cereais em 2022 aumentou 7 milhões de toneladas em julho em relação ao mês anterior e agora é de 2.792 milhões de toneladas, de acordo com a nova Nota Informativa sobre Oferta e Demanda de Cereais. Esse número ainda é 0,6% inferior à produção global em 2021.

O aumento mensal deve-se principalmente a uma revisão para cima de 6,4 milhões de toneladas na previsão de produção de grãos secundários, levando a produção mundial para 1.501 milhões de toneladas em 2022, apenas 0,5% abaixo da produção de 2021.

A previsão para a utilização mundial de cereais em 2022/23 também foi elevada, subindo 9,2 milhões de toneladas para 2.797 milhões de toneladas, mas ainda está 1,7 milhão de toneladas (0,1%) abaixo do nível de 2021/22, refletindo principalmente as expectativas de menor uso de ração.

Com 854 milhões de toneladas, a previsão da FAO dos estoques mundiais de cereais no final das temporadas em 2023 é de 7,6 milhões de toneladas em relação ao mês anterior, mas ainda aponta para uma contração anual de 0,6% (5,0 milhões de toneladas). Nesse nível, a relação estoque/uso global de cereais cairia de 30,7% em 2021/22 para 29,8% em 2022/23. 

A última previsão da FAO para o comércio mundial de cereais em 2022/23 é de 468 milhões de toneladas, um aumento de 4,8 milhões de toneladas em relação ao mês passado, mas representando o nível mais baixo em três temporadas e uma queda de 11,4 milhões de toneladas (2,4%) em relação ao volume de 2021/22. Contabilizando a maior parte do declínio, o comércio de grãos secundários deverá contrair 4,1% (9,5 milhões de toneladas) em 2022/23 (julho/junho) em relação ao nível estimado de 2021/22, em grande parte impulsionado pelas perdas de exportações de milho e cevada da Ucrânia relacionadas à guerra. 

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Perspectivas de colheita e situação alimentar

A FAO considera que 46 países –33 na África, 10 na Ásia, dois na América Latina e no Caribe e um na Europa– precisam de ajuda alimentar externa, segundo o último relatório "Perspectivas de Colheita e Situação Alimentar", publicado pelo Sistema Global de Informação e Alerta Precoce sobre Alimentação e Agricultura (SMIA). Esta lista agora inclui a Ucrânia, onde a guerra causou o deslocamento de um número significativo de pessoas, e o Sri Lanka, afetado por uma crise multidimensional que levou a aumentos de preços e séria escassez de produtos essenciais.

O relatório observa que a previsão da FAO para a produção agregada de cereais dos países de baixa renda com déficit alimentar (LIFDCs) em 2022 é de 187,8 milhões de toneladas, o que representa um aumento marginal em relação à média de cinco anos e ao ano anterior.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) relacionados: 

  • ODS 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável 
  • ODS 12 - Produção e Consumo Responsáveis