FAO no Brasil

G20: Diretor-Geral da FAO apela à paz, ao direito à alimentação e às reformas da governança global

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22/02/2024

QU Dongyu discursou na Reunião de Ministros de Relações Exteriores do G20 no Brasil

Rio de Janeiro – QU Dongyu, Diretor-Geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), apelou à paz, ao reconhecimento do direito à alimentação e à reforma das instituições multilaterais como imperativos fundamentais durante a Reunião dos Ministros de Relações Exteriores do G20, realizada nesta quarta e quinta-feira no Brasil.

“A FAO apela à priorização de ações que promovam a segurança alimentar a nível mundial para alcançar os Quatro Melhores: melhor produção, melhor nutrição, melhor meio ambiente e uma vida melhor, sem deixar ninguém para trás”, disse Qu na primeira sessão, focada no papel do G20 na resolução de conflitos e tensões internacionais em curso.

“Precisamos de um sistema de governança global que seja adequado à sua finalidade, que funcione de forma eficiente, eficaz e coerente, que seja responsável perante os seus membros e totalmente alinhado e empenhado em alcançar todos os ODS”, disse ele na segunda sessão. “Quando se trata de fome e pobreza, deve-se priorizar as pessoas, ao mesmo tempo em que se protege o planeta. Os sistemas agroalimentares são soluções baseadas em ciência e dados.”

A Reunião reuniu os ministros de Relações Exteriores de países que, em conjunto, representam cerca de 85 por cento do produto interno bruto global, 75 por cento do comércio mundial e cerca de dois terços da população mundial. O Diretor-Geral da FAO foi acompanhado na reunião pelos chefes de outras organizações internacionais, incluindo o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, a Organização Mundial da Saúde e a Organização Mundial do Comércio, bem como a UNESCO, a UNCTAD, a OIT e vários bancos regionais de desenvolvimento.

O Encontro foi o primeiro grande evento da presidência brasileira do G20 em 2024, que apresenta a fome, o desenvolvimento sustentável e a governança global como principais prioridades. O Presidente do Brasil, Lula da Silva, também criou um grupo de trabalho com a intenção de estabelecer uma Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza até ao final do ano e aberta a todos os países, não apenas aos membros do G20.

Papel e mensagem da FAO

O aumento dos preços dos alimentos e da energia na sequência da pandemia da COVID-19, as catástrofes naturais, bem como os conflitos e guerras em curso e as tensões fiscais e monetárias, causaram impactos na segurança alimentar para além dos tradicionais focos de fome.

O Diretor-Geral da FAO enfatizou a importância de “aumentar o investimento para transformar os sistemas agroalimentares globais para serem mais eficientes, mais inclusivos, mais resilientes e mais sustentáveis”, observando que será fundamental reduzir a fome e tirar as pessoas da pobreza, bem como garantir alimentos saudáveis e nutritivos para todos.

Ele apontou três caminhos principais pelos quais a FAO apoia e complementa os esforços do sistema mais amplo da ONU: combater a fome aguda; reforçar mercados agrícolas eficientes; e aumentar a resiliência de todos os Membros e das suas populações.

O trabalho em matéria de segurança alimentar implica uma série de atividades que vão desde o acolhimento, pela FAO, da unidade de apoio global da Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC), que mapeia crises de fome emergentes em todo o mundo, até à tomada de um papel ativo na promoção dos objetivos da Iniciativa dos Cereais do Mar Negro, que visava mitigar o impacto do conflito nos grandes fluxos comerciais globais.

O trabalho dos mercados está orientado para aumentar a informação e a transparência sobre a produção e os preços e inclui o acolhimento do Sistema de Informação dos Mercados Agrícolas (AMIS), que foi criado pelo G20 em 2011 e desempenhou um papel importante na prevenção da volatilidade excessiva do mercado durante a pandemia da COVID-19. 

O trabalho da FAO para aumentar a resiliência dos Membros para permitir que as suas comunidades previnam e enfrentem crises e choques é orientado para as pessoas mais vulneráveis, incluindo mulheres, jovens, povos indígenas e agricultores rurais. “Precisamos criar oportunidades para os pobres aumentarem os seus rendimentos e melhorarem os seus meios de subsistência”, disse Qu, acrescentando que a digitalização e a inovação, bem como as infraestruturas e melhores serviços de educação e saúde são áreas de investimento prioritárias.

O Diretor-Geral ofereceu total apoio da FAO ao apelo do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, para reformar e renovar as instituições de governança global em linha com as “realidades econômicas e políticas do século XXI”.

A FAO, trabalhando como facilitador profissional ao serviço de 194 Membros, está no centro de uma arquitetura de governança global para a segurança alimentar, envolvendo o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), o Programa Mundial de Alimentos (WFP), a OMS e a OMC, juntamente com uma parceria de 60 anos com o Banco Mundial e outras organizações financeiras internacionais e instituições multilaterais de desenvolvimento. O Diretor-Geral destacou que a FAO oferece uma plataforma única para governos, instituições acadêmicas, sociedade civil, setor privado e outros parceiros importantes para troca de conhecimento e diálogos. 

Qu apontou para o Roteiro Global para Alcançar o ODS2 sem ultrapassar o limite de 1,5°C, que a FAO lançou na cúpula climática COP 28 no final do ano passado. Esse roteiro pode funcionar como um catalisador para orientar o financiamento de ações climáticas aceleradas para transformar os sistemas agroalimentares e ajudar os sistemas agroalimentares transformados a alcançar “alimentos bons e nutritivos para todos hoje e amanhã”, disse ele.