FAO no Brasil

América Latina promove iniciativas de cidades verdes e sustentáveis

05/06/2024

No âmbito do Dia Mundial do Meio Ambiente, foi realizado em Santiago, no Chile, o evento “Cidades Verdes e Sistemas Alimentares Urbanos”, um encontro que reuniu altas autoridades e que discutiu o trabalho liderado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) para apoiar várias iniciativas na América Latina, visando promover a criação de cidades verdes e sustentáveis. 

A urbanização não planejada afeta negativamente os solos, a biodiversidade e as paisagens, levando à fragmentação e à destruição dos recursos naturais e dos ecossistemas tanto nas cidades quanto nas áreas periurbanas, comprometendo a qualidade de vida das populações. 

“Os esforços para acabar com a fome, a insegurança alimentar e a má nutrição em um mundo em urbanização não podem mais se basear no entendimento tradicional da divisão urbano-rural. A urbanização, combinada com mudanças na renda, no emprego e nos estilos de vida, apresenta desafios e oportunidades para garantir a segurança alimentar e a nutrição, ao mesmo tempo em que se equilibra com o meio ambiente”, disse o Diretor-geral Adjunto da FAO e Representante regional para a América Latina e o Caribe, Mario Lubetkin. 

De acordo com dados das Nações Unidas, em 2011, as cidades do mundo ocupavam apenas 3% do território, mas eram responsáveis por 60% a 80% do consumo de energia, 75% das emissões de carbono, além de concentrarem 70% da distribuição e do consumo de alimentos. 

Durante o evento, foi assinada a Estratégia Nacional de Longo Prazo para Infraestrutura Verde e Soluções Baseadas na Natureza em Áreas Urbanas e Periurbanas no Chile, um projeto financiado pelo Fundo Verde para o Clima. 

“O trabalho sobre cidades verdes e sistemas agroalimentares urbanos na América Latina é um exemplo inspirador de como as políticas públicas, a cooperação internacional e as iniciativas locais podem convergir para enfrentar os desafios urbanos contemporâneos. Por meio de esquemas de governança de múltiplas partes interessadas, ambientes alimentares sustentáveis, economia circular e desenvolvimento, resiliência e gestão de riscos, os países da região estão criando ambientes mais saudáveis e sustentáveis para seus habitantes", disse Corinna Hawkes, Diretora da Divisão de Sistemas Agroalimentares e Segurança Alimentar da FAO em Roma. 

“A FAO continuará apoiando esses esforços, promovendo o desenvolvimento de sistemas agroalimentares integrados e a implementação de infraestrutura verde que beneficie tanto as cidades quanto todo o âmbito urbano-rural”, afirmou João Intini, Oficial de Políticas de Sistemas Alimentares da FAO para a América Latina e o Caribe. 

Iniciativas e projetos na América Latina 

Na América Latina e no Caribe, 50 cidades de nove países da região participam da Rede de Cidades Intermediárias e Sistemas Alimentares (Rede CISA), que conta com o apoio técnico da FAO para promover a cooperação e o intercâmbio de conhecimentos e experiências sobre a governança de sistemas agroalimentares entre autoridades e equipes municipais. 

A Rede CISA tornou-se um espaço de intercâmbio e referência, com os desafios que a administração municipal acarreta e que implicam a proposta de novas estruturas de governança que permitam a inclusão da agenda alimentar no planejamento urbano e a participação dos governos locais nos projetos de investimento estratégico dos estados. 

Na Argentina, houve progresso na gestão dos excedentes agroalimentares por meio de cooperativas como a Cooperativa Obrera. O estudoFornecimento local e modelo de cooperativa de consumidores, sistematiza essa experiência e sua contribuição para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A disseminação desse modelo inspirou outros atores a implementar práticas semelhantes que integram produção e consumo responsáveis. 

No Brasil, foi dado um novo impulso às políticas de combate à fome e à segurança alimentar e nutricional, coordenadas pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome. Entre elas estão: o restabelecimento do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), reativando um espaço estratégico de diálogo entre o governo e a sociedade civil, com destaque para a Estratégia Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional nas Cidades, a reestruturação dos programas de transferência de renda e o Plano Brasil Sem Fome, que reúne 80 ações e programas dos 24 ministérios que compõem a Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional. 

No Chile, estima-se que 88,6% da população viva em áreas urbanas, com 61,5% residindo em grandes aglomerações urbanas. No país, a FAO está promovendo a Agenda de Alimentação Urbana e a iniciativa Cidades Verdes, que busca melhorar o ambiente urbano e fortalecer a resiliência dos sistemas alimentares urbanos.  

A Colômbia facilitou espaços para o diálogo e a promoção de sistemas alimentares urbanos com associações de municípios. A instalação da agenda alimentar urbana nas áreas programáticas da FAO permitiu que os projetos incluíssem o fortalecimento do ‘continuum’ urbano-rural.  

Desde 2018, a Costa Rica tem trabalhado na criação de agências intermunicipais para a gestão de bacias hidrográficas. Essas agências visam melhorar a qualidade de vida por meio do desenvolvimento de corredores e espaços de biodiversidade e da promoção da gestão integrada da água. A FAO apoiou a revisão do marco legal sobre planeamento urbano e a implementação de políticas de abastecimento de alimentos que contribuem para a segurança alimentar e nutricional. 

No Paraguai, a FAO trabalhou na elaboração de diretrizes estratégicas para os municípios e no desenvolvimento de perfis de projetos vinculados à agenda alimentar urbana. Esses esforços geraram oportunidades de trabalho conjunto com municípios, associações de produtores e organizações locais. 

No Peru, a FAO apoiou a promoção de cadeias de provisão em ambientes alimentares urbano-rurais saudáveis, sustentáveis e resilientes. A governança articulada entre os governos nacional, regional e local permitiu a implementação de políticas e outros instrumentos regulatórios e técnicos que garantem a produção, a disponibilidade e o acesso a dietas saudáveis e o desenvolvimento de ambientes alimentares saudáveis, modelos de educação alimentar e nutricional, no âmbito da política de alimentação saudável, com uma abordagem integrada, com a participação dos atores do canal tradicional de abastecimento alimentar. 

Mais informações: 

Conferência: Cidades Verdes e Sistemas Alimentares Urbanos 

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