Gênero nos sistemas alimentares urbanos
Não é segredo que o sistema alimentar tem um problema de gênero endêmico. Existem barreiras significativas à participação nas cadeias de valor alimentares devidas a identidades socialmente determinadas, papéis, direitos e obrigações das mulheres e homens, e muitas iniquidades estruturais embutidas no sistema.
Inúmeros trabalhos para avaliar as iniquidades de gênero no sistema alimentar até o presente têm focado nas áreas rurais, especialmente nas mulheres agricultoras. Mas também existem grandes disparidades nos sistemas alimentares das cidades, que têm sido negligenciados pelas autoridades urbanas, planejadores econômicos e profissionais de desenvolvimento.
Por exemplo, em muitos países há mais mulheres do que homens trabalhando nas pequenas operações agrícolas informais e de comércio de alimentos nas ruas, com pouca segurança no trabalho, reduzido pagamento e em condições inseguras. Em especial no contexto urbano, frequentemente as mulheres desempenham o duplo trabalho de gerar renda e ser responsáveis pelo acesso e preparo das refeições familiares. As mulheres e meninas são mais sujeitas a passar fome e sofrer desnutrição, enquanto normas sociais influenciadas por questões de gênero privilegiam as porções maiores e melhores para os homens e meninos. Os choques e tensões relacionados com as mudanças climáticas podem exacerbar essas vulnerabilidades pré-existentes no sistema alimentar urbano-regional, significando que as mulheres têm menos capacidade para se adaptarem e sobreviverem.