Agricultura Familiar: características ergonômicas das atividades e impactos na saúde dos trabalhadores
Um dos setores que carecem de atenção em termos de preservação da saúde, principalmente em decorrência das características das atividades de trabalho, é a agricultura familiar. Esse setor representa uma parcela significativa da produção agrícola brasileira. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o segmento da agricultura familiar é responsável por produzir 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros todos os dias e ocupa quase 75% da mão de obra do campo (BRASIL, 2012). De acordo com o IBGE (2006), tomando como referência os dados do Censo Agropecuário5 de 2006, é possível concluir que 9,4% da área territorial brasileira é ocupada por estabelecimentos da agricultura familiar, que empregam 6,5% da população
Os dados do censo revelam também que um contingente superior a 12 milhões de brasileiros atuam na agricultura de pequeno ou médio porte, submetendo-se a condições de trabalho muitas vezes insalubres e críticas em termos ergonômicos devido à precariedade de equipamentos e maquinários usados no setor. Kroemer e Grandjean (2005) afirmam que, mesmo com certo grau de mecanização, o trabalho agrícola continua pesado. Isso se deve ao fato das tecnologias não estarem voltadas ao pequeno agricultor, mas para aquele que dispõe de extensas áreas de terras planas. Ademais, existem poucas máquinas agrícolas capazes de realizar o plantio e a colheita de alimentos que não sejam grãos, devido ao tipo de manuseio que determinados produtos requerem por serem volumosos ou frágeis, diferentemente do que ocorre com a soja, o milho e a ervilha, por exemplo.