Na Serra do Espinhaço Meridional, estado de Minas Gerais, um complexo sistema agrícola foi desenvolvido como resultado da co-evolução entre comunidades tradicionais, conhecidas como Apanhadores(as) de Flores Sempre-Vivas, e as condições do seu ambiente natural. Esse sistema está enraizado em terras montanhosas, cuja altitude varia de 600 a 1400 m, oferecendo um mosaico de paisagens e ecossistemas.

As comunidades locais, com base em seu profundo conhecimento acerca dos ciclos naturais, dos processos ecossistêmicos e do manejo da flora nativa, desenvolveram um sistema agrícola único e uma forte identidade cultural, alcançando, dessa forma, a harmonia entre o uso dos recursos naturais e a conservação da biodiversidade

Para garantir a qualidade de vida, os agricultores praticam diversas atividades agrícolas adaptadas aos diferentes tipos de solo e às características geográficas e climáticas da região. Eles realizam o manejo de sistemas agroflorestais e quintais produtivos próximos a suas residências; o cultivo de um grande número de espécies em áreas de vegetação nativa; a criação extensiva de gado em áreas de pastagem nativa de uso comum; e a coleta e o manejo de flores sempre-vivas para produção e comercialização de peças artesanais.

Atualmente, as flores sempre-vivas e todo o sistema agrícola associado fazem parte da identidade local, contribuindo, dessa forma, para a conservação da paisagem e para a segurança alimentar e os meios de subsistência das comunidades.