Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO

África e América Latina discutiram soluções conjuntas para enfrentar os desafios da produção de algodão por meio da Cooperação Sul-Sul

Foram identificadas oportunidades e ações concretas necessárias para o fortalecimento do setor, a partir da criação de uma rede de intercâmbio Sul-Sul de experiências entre os dois continentes.

Foto: Palova Souza/FAO

Maceió, Alagoas 4 de setembro de 2017 – Cerca de 100 pessoas, entre 32 representantes da América Latina de seis países e 36 representantes de 14 países africanos, participaram do diálogo: Desafios e Oportunidades para a Cooperação Sul-Sul na cadeia de valor do algodão, realizado na última semana, em Maceió, paralelo ao 11º Congresso Brasileiro do Algodão

O diálogo, organizado pela Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE)Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e Organização Internacional do Trabalho (OIT), promoveu a troca de experiências para a identificação de desafios e soluções comuns para o desenvolvimento sustentável do setor algodoeiro na América Latina e África por meio de projetos de Cooperação Sul-Sul neste tema. 

Na abertura, o Diretor da ABC/MRE, Embaixador João Almino, manifestou satisfação em receber no Brasil as delegações estrangeiras. “Este fórum é resultado da riqueza da troca de experiências entre o Brasil e seus parceiros, por meio de projetos de Cooperação Sul-Sul no setor algodoeiro. Queremos continuar divulgando o impacto positivo das soluções encontradas pelo Brasil”, disse. O Embaixador acrescentou: “queremos criar uma rede de Cooperação Sul-Sul de boas práticas neste setor”. 

Desde 2009, o governo brasileiro, por meio da ABC/MRE, executa ações de cooperação Sul-Sul na área da cotonicultura entre o Brasil e países em desenvolvimento mediante a troca de experiências e de conhecimentos técnicos, de pesquisa e tecnologias. 

Cooperação, trabalho decente, produção e mercado – África e América Latina

O diálogo abordou temas como a cooperação internacional, o trabalho decente, a produção e o acesso a mercados. Representantes dos governos de países da África e da América Latina, organismos internacionais como OIT e FAO, e pesquisadores dos dois continentes apresentaram suas experiências, dificuldades, desafios e propostas de como os projetos de cooperação Sul-Sul podem ajudar a fortalecer a cadeia de valor do algodão em seus países. 

Também identificaram as oportunidades e as ações concretas necessárias para fortalecer o setor, a partir do desenvolvimento de uma rede Sul-Sul de troca de experiências entre países da América Latina e da África. 

Sobre este tema, Cecília Malaguti, Coordenadora-Geral de Cooperação Técnica com Organismos Internacionais da ABC/MRE, disse: “nossa expectativa é iniciar a construção de uma rede entre os países produtores de algodão para a sustentabilidade de todo o trabalho que o governo do Brasil tem executado para o fortalecimento do setor algodoeiro nos países latino-americanos e africanos”

De acordo com Cecília, os produtores de algodão na África e na América Latina contam com características comuns. São, na maioria, pequenos e médios agricultores que possuem características climáticas e de solos muito parecidas e dificuldades similares de acesso à capacitação, informação, entre outros. “Ficou muito evidente neste diálogo que há, ainda, espaço para muitos desafios e interesses dos países em seguir fortalecendo o setor”, acrescentou a coordenadora da ABC/MRE. 

+Algodão

Para Adriana Gregolin, Coordenadora Regional do projeto +Algodão, do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO, a relação com os países tem avançado muito, a troca de informações e o apoio às solicitações, já que cada país vive uma realidade diferente mas que ao mesmo tempo se coincidem. “A África, do mesmo jeito que a América Latina, tem problemas de sementes, capacitação, acesso a tecnologias. Este diálogo promovido no Congresso Brasileiro nos permitiu conhecer ainda mais as necessidades dos países e discutir soluções para seguir fortalecendo o setor algodoeiro, de maneira conjunta”, avaliou Adriana. O projeto +Algodão é executado em seis países da América Latina.  

Amadou Aly Yattara, o ponto focal do projeto bilateral “Cotton4” executado pela ABC/MRE com o apoio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Mali, explicou que o algodão é prioritariamente para a segurança alimentar dos agricultores familiares de seu país, no qual 3,5 milhões de pessoas vivem da produção do algodão. Yattara destacou que a Cooperação Sul-Sul está muito preocupada com a formação, a gestão e os produtores e acrescentou: “A Cooperação Sul-Sul entre os países da África e da América Latina pode nos ajudar a avançar. Se trabalhamos juntos, podemos ser grandes”. O projeto Cotton4 é executado em outros quatro países da África. 

Fernanda Barreto, Coordenadora do projeto da OIT de Cooperação Sul-Sul para a promoção do trabalho decente em países produtores de algodão na África e na América Latina, participou do diálogo apresentando o trabalho que a OIT realiza na cadeia do algodão. “Foi uma oportunidade de abordar os diferentes temas que envolvem a cadeia de valor do algodão no âmbito da iniciativa brasileira, dentro dos eixos social, de produção e de comercialização. Com este evento, foi possível compreender melhor todas as ações que estão sendo executadas neste tema, buscando identificar pontos em comum entre os projetos na África e na América Latina e que possam ser desenvolvidos no proximo ano”. O projeto da OIT é executado em dois países da América do Sul e 3 da África. 

Sobre os próximos passos, Adriana Gregolin, do projeto +Algodão, informou que um dos resultados concretos do diálogo é a realização de um grande evento técnico em 2018, no qual África e América Latina vão estar juntas para discutir problemas e soluções que possam ser implementadas junto aos agricultores e às agricultoras familiares dos dois continentes. “Este encontro de saberes, conhecimentos e de profissionais é muito enriquecedor para os países ao apresentar os benefícios e oportunidades da Cooperação Sul-Sul Trilateral”, finalizou Adriana.