Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO

Gestores e profissionais caribenhos iniciam curso para fortalecer suas capacidades na implementação de programas de alimentação escolar

Promovido no âmbito do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO, o conteúdo do curso foi elaborado especificamente para a região do Caribe.

Brasília, Brasil, 13 de agosto de 2020 – Aproximadamente 60 participantes estiveram reunidos de forma virtual para o lançamento do curso online Educação Alimentar e Nutricional para Programas de Alimentação Escolar. Voltado especificamente para os profissionais e gestores do Caribe, o objetivo é melhorar as capacidades dos participantes no desenvolvimento e implementação de programas de alimentação escolar na sub-regiãoconsiderando o contexto da pandemia de COVID 19. 

A capacitação é promovida pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)Agência Brasileira de Cooperação dos Ministérios das Relações Exteriores (ABC/MRE)Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE) e Sociedade Agroeconômica do Caribe, no âmbito do projeto de cooperação sul-sul trilateral  Consolidação de Programas de Alimentação Escolar na America Latina e no Caribe

Durante a abertura, Renata Clark, Oficial Sub-regional da FAO para o Caribe, comentou os múltiplos impactos que os países estão enfrentando diante da atual pandemia e que “este curso é uma oportunidade para conhecer metodologias e modelos práticos que podem guiar os países no tema da alimentar escolar e da alimentação saudável”. A Oficial também acrescentou as mudanças e as oportunidades que podem ser geradas pelos Programas de Alimentação Escolar (PAE) na vida dos agricultores familiares, com a abertura de mercados. 

Renata Clark alertou que os níveis de obesidade e sobrepeso entre crianças e adolescentes no Caribe têm sido, por muitos anos, um dos maiores do mundo e que a alimentação escolar é uma importante alternativa para os países caribenhos para a formação de hábitos alimentares saudáveis. 

O Oficial de Nutrição da FAO para a Mesoamérica, Israel Rios, também destacou o panorama atual da região, que vem enfrentando sérios problemas com obesidade e a má nutrição, e com a fome que já alcança mais de 600 milhões de pessoas; além disso, afirmou que problemas como a obesidade e a atual pandemia afetam mais os grupos vulneráveis. “Todos os avanços que obtivemos na Agenda 2030 estão em risco devido à pandemia”, disse. Sobre o curso, ele acrescentou que o conteúdo proporciona a todos os participantes as ferramentas e os conhecimentos necessários para o desenvolvimento dos PAE. 

Paola Barbieri, Analista da ABC/MRE, disse que a Agência coordena as iniciativas de cooperação do governo brasileiro e que uma destas importantes ações é a estratégia executada em conjunto com a FAO e o FNDE para a consolidação dos programas de alimentação escolar na América Latina e no Caribe. A Analista explicou que o curso foi elaborado a partir da experiência do Brasil de mais de 60 anosde execução de seu programa de alimentação escolar e que esta capacitação é “apropriada para desenvolver capacidades e estratégias diante dos impactos do COVID-19 e os conhecimentos compartilhadosserão de grande utilidade para os países”. 

Para o especialista, assessor de Cooperação Internacional do FNDE, Bruno da Silva, já são sentidos os reflexos e os problemas gerados pela pandemia mas, ele acredita que boas soluções podem ser criadas para todos os países, “porque é positivo termos a oportunidade de refletir sobre os impactos e pensarmos no programa de alimentação escolar como uma estratégia. Espero que surjam boas ideias”.

Najla Veloso, coordenadora do projeto Consolidação de Programas de Alimentação Escolar na ALC, promotor do curso, afirmou que uma das melhores estratégias para dar uma resposta concreta e eficaz para a eliminação da fome e da desnutriçãoé a política de alimentação escolar sustentável. “Precisamos revisar nossos planos operacionais para atingir os ODS e, como resultado, redirecionar as políticas de proteção social”. 

Panorama da Segurança Alimentar no contexto de COVID-19 no Caribe

A professora Hazel Patterson-Andrews, da University of the West Indies, apresentou a situação do Caribe diante da pandemia em termos de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), já que foram afetados empregos, meios de subsistência e rendas, que diminuíram ou desapareceram. Segundo a professora, as políticas de produção agrícola caribenhaspara lidar com a pandemia se concentraram na autoprodução e no incentivo de hortas de quintal para o cultivo de produtos básicos. “O COVID -19 mostrou novamente a vulnerabilidade do abastecimento de alimentos do Caribe”, alertou. Com relação aos estudantes, o fechamento de escolas devido a pandemia deixou milhares de crianças sem aprendizagem institucionalizada por diferentes períodos de tempo e muitos alunos perderam uma parte importante da sua alimentação e que era fornecidapelos programas de alimentação escolar, o que tem gerado uma preocupação com relação a segurança alimentar e nutricional das crianças caribenhas. Hazel Patterson-Andrews finalizou sugerindo que os governos implementem medidas para apoiar as crianças cujas famílias têm maiores dificuldades de acesso a alimentos. 

Apresentação do curso

A coordenadora do curso, Flávia Schwartzman, explicou como será desenvolvido o curso, destacando que o conteúdo foi elaborado especificamente para o Caribe, contando com a parceria de universidade e de professores. Participarão representantes de Barbados, Granada, Guiana, Jamaica, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Suriname e Trinidade e Tobago. 

A primeira fase do curso terá a duração de dois meses, por meio de sessões virtuais, e permitirá aos participantes ter acesso a leituras atualizadas sobre PAE e Educação Alimentar e Nutricional (EAN); apresentações e discussões com especialistas; e intercâmbios de experiências e informações entre os países. A segunda fase, prevista para 2020, permitirá que os participantes tenham atividades práticas em escolas, além promover um encontro presencial.