Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO

Especialistas em comércio de algodão no Brasil compartilharam experiências, cenários e desafios da cadeia em nível nacional e internacional

A cadeia produtiva algodoeira do Brasil é a segunda que mais gera empregos no país.

Santiago do Chile, 12 de novembro de 2020 - As experiências brasileiras no comércio têxtil de algodão e o panorama do mercado internacional foram apresentados durante a videoconferência: “A integração comercial do algodão e os coprodutos na América Latina: aprendendo com a experiência brasileira”, promovido, dia 11 de novembro, no âmbito do Fórum Regional Algodoeiro dos Países Parceiros da Cooperação Sul-Sul Trilateral +Algodão. 

A videoconferência e o fórum são impulsados pelo projeto regional +Algodão, executado  de forma conjunta pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e  Agricultura (FAO), Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC /MRE); e os países parceiros: Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Paraguai e Peru. 

Nas palavras de abertura, Dulclair Sternadt, Oficial de Alianças do Setor Privado da FAORLC, explicou o trabalho que a organização tem desenvolvido para elaborar uma estratégia de parceria com o setor privado. Também destacou o papel fundamental dos consumidores, alertando que: “é importante incluir suas vozes porque são eles que podem provocar mudanças importantes nos mercados; além disso, são parceiros-chave para transformar os sistemas alimentares”, disse. O Conselheiro da Embaixada do Brasil no Peru, Luiz Marfil, também deu as boas-vindas aos participantes, ressaltando a relevância da cooperação entre o Brasil e o Peru, em especial as ações que foram desenvolvidas no âmbito do projeto +Algodão e que impactaram em termos econômicos e sociais. 

O Diretor Executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), Marcio Portocarrero, disse que a cadeia têxtil brasileira é muito bem estruturada, com um grande mercado consumidor que abrange mais de 200 milhões de consumidores, e que reúne produtores de algodão que fornecem quase 100% do que a indústria nacional demanda. “A cadeia produtiva do algodão no Brasil é a segunda que mais gera empregos”, afirmou Portocarrero. 

Encerrando a inauguração da videoconferência, Miguel Caballero, Diretor de Educação Agrária do Ministério da Agricultura e Pecuária do Paraguai (DEA/MAG), apresentou um breve panorama da juventude rural do país, sua relação com a cotonicultura e o apoio dado pelo projeto +Algodão Paraguai a mais de 400 jovens estudantes de escolas agrícolas, com capacitação por meio das unidades técnicas demonstrativas instaladas para a produção sustentável de algodão, bem como a incorporação ao currículo escolar do sistema algodoeiro como parte da formação técnica agrícola. “A importância estratégica de trabalhar com a juventude rural reside no fato de que é por meio dela que chegamos a um maior número de famílias rurais, contribuindo desta maneira para o desenvolvimento de suas comunidades”, destatou o Diretor do DEA/MAG. 

Brasil: produção têxtil e mercados nacional e internacional

“A principal matéria-prima produzida e consumida em nosso país é o algodão”, afirmou o Presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT), Fernando Pimentel, em sua apresentação sobre as perspectivas e expectativas do setor têxtil e de confecções no Brasil. Segundo Pimentel, o país é um dos poucos do mundo com produção em todos os elos da cadeia têxtil, incluindo fornecedores de insumos, universidades, centros de pesquisa, entre outros. “Somos a maior cadeia produtiva integrada”, afirmou o Presidente, que também destacou alguns números importantes do setor têxtil brasileiro: reúne 25,5 mil empresas; gera 1,5 milhão de empregos diretos; e representa 918,7 milhões de dólares em exportações. Pimentel destacou que a produção brasileira de algodão atinge índices de sustentabilidade por meio de iniciativas como Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e Better Cotton Initiative (BCI), o que permite ao país ter uma grande vantagem competitiva: “Estamos entre os cinco maiores produtores de algodão do mundo ", disse. Encerrando sua exposição, o Presidente da ABIT apontou a questão da sustentabilidade nas organizações para além das preocupações com o tema ambiental, mas incluindo também os aspectos sociais e trabalhistas que devem cada vez mais estar integrados à agenda das empresas. 

Em sua apresentação, Rafael Cervone, Diretor do Programa TexBrasil, explicou que nos últimos dois anos foram exportados cerca de 2 bilhões de dólares, entre os principais destinos da fibra brasileira na América estão Argentina, Paraguai, Estados Unidos e Uruguai e que os principais produtos exportados são tecidos e confecções, entre outros. “O Brasil é um dos poucos países do mundo que conhece todos os elos da cadeia desde a produção da fibra até a sua comercialização. Portanto, existe uma complexidade muito grande para exportar e esse é um dos grandes desafios que temos”, analisou. A indústria têxtil e do vestuário é uma das mais tradicionais e importantes do mundo e, nos últimos 15 anos, o comércio internacional do setor se multiplicou por 2,34. Sobre o Programa TexBrasil, criado há 20 anos, Cervone apresentou como está estruturada a iniciativa que, segundo o Diretor, tem contribuído para a agregação de valor da cadeia têxtil brasileira, gerando 34,6 mil empregos a partir das exportações realizadas por meio do programa. 

Em sua apresentação, Sergio Armando Benevides Filho, Coordenador do Comitê Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão da ABIT, apresentou o comércio, os investimentos e o desenvolvimento do Comitê Setorial, que se reúne a cada dois meses para analisar a situação da cadeia em termos de mercado e as estimativas para o futuro, analisam a safra brasileira e o mercado internacional, entre outros temas importantes para a comercialização. Segundo Benevides Filho, em relação ao mercado nacional de fibras, o setor de fiação consome 45% do algodão brasileiro e o da produção têxtil 55%. “Apesar do preço mais baixo das fibras sintéticas, a indústria nacional prefere cada vez mais comprar o algodão”, disse. 

No encerramento da videoconferência, Mónica Ayala, Chefe do Departamento de Cooperação da Associação Latino-Americana para a Integração (ALADI), destacou a contribuição que o projeto +Algodão tem dado ao mercado latino-americano do algodão por sua atuação em cinco países da América Latina. "Isso representa um precedente exemplar para toda a região", afirmou. Em suas conclusões, Ayala destacou o papel estratégico do algodão para a agricultura familiar na América do Sul. Por sua vez, Adriana Gregolin, coordenadora do projeto de Cooperação Sul-Sul Trilateral +Algodão, parabenizou os painelistas brasileiros e suas apresentações de alto nível que “certamente nos ajudarão muito como países latino-americanos que enfrentam o desafio de ser competitivos e a oferecer produto de qualidade para o mercado. A experiência brasileira, de fato, é uma referência para nós”, concluiu.