Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO

Webinar promoveu troca de experiências em gastronomia sustentável na Colômbia e no Brasil

A atividade foi desenvolvida no âmbito do projeto Semeando Capacidades.

Bogotá, 18 de outubro de 2021 - A gastronomia não é apenas a arte de preparar uma boa refeição, mas também remete a um estilo de cozinha de uma determinada região. Para promover a troca de experiências, ferramentas e estratégias desenvolvidas no Brasil e na Colômbia sobre o tema, o projeto Semeando Capacidades realizou, no dia 14 de outubro, o webinar Gastronomia Sustentável. 

A atividade faz parte do eixo ´Mercados Diferenciados´ do projeto Semeando Capacidades, que é implementado conjuntamente desde 2019 pela Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC MRE), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil (MAPA), Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural da Colômbia (MADR) e Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO); e integra as ações do projeto regional América Latina e Caribe sem Fome 2025, do Programa de Cooperação Brasil-FAO. 

Em suas palavras de abertura, a Analista de Projetos da ABC/ MRE, Carolina Smid, destacou que o projeto conseguiu se adaptar muito rapidamente ao contexto da pandemia Covid-19 e que atividades virtuais como esta podem ter mais alcance e mais audiência, com a participação de vários países. 

Representando o MADR, Maria Gabriela Hernández apresentou as ações desenvolvidas na ´sub-mesa´ que faz parte da Comissão Intersetorial de Segurança Alimentar e Nutricional da Colômbia e que aborda o tema da alimentação saudável sustentável. Segundo Hernández, desta ´sub-mesa´ surgiu o compromisso de implementar uma estratégia nacional centrada na educação alimentar e nutricional nos territórios rurais, para a promoção de hábitos alimentares saudáveis ​​na população rural para que “a memória alimentar e a gastronomia tradicional sejam recuperadas", disse. 

Ana García da FAO Colômbia fez uma apresentação introdutória ao tema do evento, destacando que o consumo de alimentos locais produzidos de forma sustentável faz uma grande diferença para a subsistência. A especialista da FAO alertou sobre a questão da perda e desperdício de alimentos na Colômbia, onde um terço de todos os alimentos produzidos é perdido ou desperdiçado. “Há uma responsabilidade dos produtores e consumidores no cuidado com os recursos naturais e na escolha dos nossos alimentos”, comentou. 

Experiência colombiana

No primeiro painel, Diana Toro apresentou a experiência de Saberes e Sabores, da Rede de Mercados Agroecológicos Camponeses do Vale do Cauca, na Colômbia, atualmente formada por 16 mercados e 370 famílias de produtores. Toro explicou que saberes e sabores ancestrais é uma prática que se transmite pela tradição familiar ou comunitária, através do enfoque no conhecimento e na gastronomia do ponto de vista do convívio social. Uma das ações desenvolvidas é o resgate e documentação de receitas que demoram muitos anos “para que não se percam com o tempo”, afirmou. Também realizam reuniões em que conhecimentos e receitas são compartilhados entre produtores e degustações de produtos são promovidas aos consumidores. As atividades nos mercados têm como objetivos tornar visível o trabalho das mulheres; e resgatar conhecimentos tradicionais e ancestrais, entre outros. 

Experiência no Brasil 

No segundo painel, do Brasil, Ana Paula Jacques, apresentou a experiência da integração da sociobiodiversidade na gastronomia, por meio da iniciativa “Do Cerrado ao Prato”, que reúne um grupo de pesquisadores e chefs que entendem a gastronomia e o turismo como vetores para promover o uso sustentável da sociobiodiversidade do Cerrado, contribuindo para a valorização biológica e cultural do segundo maior bioma brasileiro. Entre as ações que realizam, destacam-se: publicações, experiências gastronômicas, Projeto Expedições, festival gastronômico, entre outros. “Reconhecemos que existem lacunas nos processos produtivos das espécies nativas e queremos somar esforços para reduzi-las, respeitando as particularidades culturais daquela metade do Cerrado que ainda nos resta”, concluiu. 

No encerramento do webinar, Ronaldo Ferraz, coordenador do projeto América Latina e Caribe sem Fome 2025, do Programa de Cooperação Brasil-FAO, destacou que a gastronomia sustentável deve, de fato, comprometer-se com o consumo consciente de produtos em risco de extinção, na questão do desperdício alimentar, respeitando os costumes culturais e as tradições alimentares dos territórios, destacando que a 'alta gastronomia' inclui também a utilização dos frutos que nascem e crescem nas nossas regiões.