Assunção, 24 de maio de 2022 – Representantes dos governos do Paraguai, Brasil e Colômbia se reuniram no dia 23 de maio, em Assunção, para o seminário internacional “Projetos de Cooperação Sul-Sul Trilateral e sua contribuição para o desenvolvimento sustentável do setor algodoeiro”, promovido pelo projeto +Algodão. 

O projeto +Algodão é uma iniciativa de cooperação sul-sul trilateral executada em conjunto pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE) e sete países parceiros, incluindo o governo do Paraguai, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAG) e o governo da Colômbia, por meio do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADR). 

Na abertura do evento, a primeira-dama do Paraguai, Silvana Abdo, destacou as conquistas das mulheres rurais e artesãs que trabalham com algodão e que fazem parte dos programas promovidos pelo Governo Nacional. "O algodão é a matéria-prima essencial para a produção de tecidos e fios no artesanato paraguaio", disse. 

“Algodão é amizade, é cooperação sul-sul e, também, é comércio”, disse o ministro da Agricultura e Pecuária do Paraguai, Moisés Bertoni, em seu discurso de boas-vindas. O ministro destacou a importância do algodão como uma alternativa rentável para os pequenos produtores. "Temos que garantir aos pequenos agricultores matéria-prima de forma eficiente, sustentável e, sobretudo, incorporando a tecnologia mais adequada e adaptada.". 

Em nome do governo brasileiro, o ministro Marcelo Araújo, da Embaixada do Brasil no Paraguai, destacou o papel da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) como uma das instituições brasileiras mais destacadas do país. "Com o projeto +Algodão, a Embrapa demonstra sua capacidade de aliar humanismo e ciência.". 

Jorge Meza, representante da FAO no Paraguai, destacou que o governo brasileiro, com a implementação do projeto +Algodão, tem demonstrado grande disposição em cooperar para o desenvolvimento dos países latino-americanos. “Os resultados são importantes para impulsionar a produção e o beneficiamento do algodão na região”, disse. 

O público que participou do seminário foi composto por integrantes do MAG, do Instituto Paraguaio de Tecnologia Agrária (IPTA) e do Instituto Paraguaio de Artesanato, representando o Paraguai. Da parte do governo do Brasil, participaram representantes da ABC/MRE e da Embrapa Algodão. A delegação colombiana foi composta por integrantes da Diretoria de Cadeias Agropecuárias e Florestais, do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADR), do Fundo de Desenvolvimento do Algodão (Conalgodón), do Serviço Nacional de Aprendizagem (SENA) ´La Granja´; da Corporação Colombiana de Pesquisa Agropecuária (Agrosavia); bem como produtores e técnicos do projeto +Algodão Colômbia. 

A delegação colombiana continuará no Paraguai durante toda a semana para conhecer as experiências do país no cultivo de algodão com visitas a plantações de algodão, descaroçadoras, entre outros. Durante o Dia de Campo, em Caazapá, a delegação também conhecerá a colheitadeira de uma linha desenvolvida pela Embrapa Algodão, e que está sendo testada no Paraguai. 

+Algodão no Paraguai e Colômbia

Durante o seminário, foram apresentados os resultados do projeto +Algodão no Paraguai e na Colômbia. No Paraguai, a iniciativa teve uma primeira fase entre os anos de 2014 e 2021, com ações desenvolvidas nos departamentos de Cordilheira, Paraguarí, Misiones, Caaguazú, Alto Paraná, Guairá, Caazapá e Itapua. Ao longo desses anos, cerca de 2.000 pequenos agricultores produtores de algodão fortaleceram seus conhecimentos e 560 técnicos de instituições nacionais foram capacitados em 36 sessões. Além disso, as boas práticas agrícolas foram validadas e divulgadas junto a técnicos, agricultores e agricultoras em 15 parcelas de demonstração. Em 2022, o projeto iniciou uma segunda fase no país. 

O projeto +Algodão Colômbia iniciou suas atividades em fevereiro de 2017 e continua em execução, desenvolvendo uma série de atividades para fortalecer a cadeia algodoeira colombiana. As ações são desenvolvidas em três zonas de intervenção: Caribe Seco, Caribe Úmido e Interior, reunindo sete departamentos do país. Ao longo de sua execução já foram capacitados 1.387 agricultores e 699 técnicos dos setores público e privado. Com o apoio do projeto, o algodão foi posicionado como uma das 10 culturas prioritárias do governo no Plano Nacional de Desenvolvimento. 

A contribuição da Embrapa e os desafios da mecanização

O pesquisador Tarcísio Gondim, da Embrapa Algodão, apresentou os resultados da contribuição da instituição brasileira do projeto no projeto +Algodão Paraguai, como participação em missões técnicas, boas práticas agrícolas, troca de experiências no controle e qualidade de sementes e no manejo do solo. “Acompanhamos de perto os técnicos que foram fortalecendo suas habilidades, adquirindo novos conhecimentos”, disse Gondim. 

Por sua vez, o pesquisador Valdinei Soffiati, da Embrapa Algodão, apresentou os desafios da mecanização na cotonicultura familiar. A instituição de pesquisa brasileira é uma importante aliada do projeto para promover a inovação tecnológica voltada para pequenos produtores de algodão. 

Um exemplo dessa contribuição é o protótipo de colheitadeira de uma linha desenvolvida pela Embrapa Algodão, para o projeto +Algodão. A máquina, que está no Paraguai para testes de campo, pode colher 1 hectare em 3,5 horas, o equivalente a 120 hectares em 30 dias. A colheitadeira é acoplada a um trator e tem como objetivo auxiliar os agricultores familiares na colheita do algodão em pequenas áreas agrícolas, com menor custo. 

+Algodão

O projeto +Algodão é realizado desde 2013 com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável da cadeia do algodão latino-americana. Mobiliza uma rede regional de mais de 80 instituições do setor público e privado que unem esforços para fortalecer a cadeia de valor do algodão. Sete países parceiros participam desta iniciativa: Argentina, Bolívia, Equador, Colômbia, Haiti, Paraguai e Peru. 

Mediante esta cooperação sul-sul trilateral são geradas oportunidades para a troca de conhecimentos e experiências, promoção do acesso a mercados, promoção de inovações tecnológicas e de gestão agrícola, a partir de uma perspectiva de sistemas agroalimentares diversificados de produção, contribuindo para a segurança alimentar e nutricional das famílias algodoeiras.