Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO

Agremiações do setor algodoeiro e governos discutiram as ações em andamento para o setor e o tema da crise de fertilizantes

A reunião virtual foi realizada no âmbito do Fórum Regional Algodoeiro.

Santiago do Chile, 13 de julho de 2022 – O projeto +Algodão realizou, no dia 7 de julho, o III Encontro de Agremiações, no âmbito do Fórum Regional Algodoeiro dos países parceiros da cooperação Sul-Sul trilateral +Algodão, para abordar as perspectivas para o algodão latino-americano até 2025 e os planos de ação dos países produtores para um diálogo entre agremiações para enfrentar os desafios da crise dos fertilizantes, bem como aproveitar as oportunidades do algodão sustentável nos mercados. 

O projeto +Algodão é executado pela Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE), Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e sete países parceiros: Argentina, Bolívia, Colômbia, Equador, Haiti, Paraguai e Peru. 

Participaram do evento virtual representantes de agremiações, cooperativas, associações do setor algodoeiro, interessados ​​no setor têxtil-vestuário e governos dos países parceiros do projeto +Algodão. Também estiveram presentes representantes de instituições de pesquisa, extensão rural, universidades e outros ligados ao setor algodoeiro da agricultura familiar. 

Na abertura, Plínio Pereira, responsável adjunto pela área de cooperação sul-sul trilateral com organismos internacionais da ABC/MRE, ressaltou a importância do algodão para a Agência, destacando o programa de cooperação técnica do Brasil em países em desenvolvimento que é implementado com a colaboração de parceiros: países e organizações internacionais como a FAO. “Em nome da ABC, temos o compromisso de continuar construindo soluções inovadoras para este momento desafiador”, afirmou. 

Ana Posas Guevara, oficial de Agricultura Familiar do Escritório Regional da FAO, comentou sobre a relevância da produção da fibra devido à sua ligação com a produção de alimentos, com a utilização da proteína do caroço do algodão para alimentação animal e do óleo para alimentação humana, além do cultivo de algodão em consórcio com alimentos, o que contribui para a segurança alimentar. Da mesma forma, aproveitou para destacar as contribuições do projeto +Algodão para os eixos estratégicos da FAO, como a melhor produção e melhor meio ambiente: "O algodão é um produto amigo do meio ambiente." 

O diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA), Márcio Portocarrero, apresentou um breve resumo das ações estratégicas desenvolvidas pela Associação. Ele comentou sobre o tema dos fertilizantes no Brasil, explicando que no caso do país há um planejamento bem estabelecido, onde os agricultores compraram o insumo com bastante antecedência para a safra seguinte, 2022/2023. “A preocupação que temos é com a temporada 2023/2024, se esse conflito mundial não acabar, teremos problemas de abastecimento no Brasil”, alertou Portocarrero. 

Representando o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) do Brasil, Luís Rangel, apresentou o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF). "Os fertilizantes são insumos estratégicos para o modelo de produção que temos no país", disse Rangel, lembrando que a agricultura brasileira depende 85% da importação de fertilizantes de outros países. Para reduzir essa dependência externa, em 2019 o governo brasileiro começou a desenhar o Plano Nacional de Fertilizantes, uma estratégia de longo prazo até 20250 para a “reindustrialização” do país em termos de produção de insumos para a agricultura, e atingir uma dependência de 50% da importações. "Precisamos reduzir a dependência para ter soberania." 

Monica Ayala, da Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), apresentou a experiência de integração na região e as ações que desenvolvem. Segundo Ayala, das empresas que atuam na América Latina e no Caribe, 98% são Pequenas e Médias Empresas (PMEs) e, destas, apenas 5% exportam. “Devemos promover a internacionalização das PMEs na região”, disse. A representante da ALADI destacou o trabalho da Associação com ferramentas digitais para o comércio regional, por meio da plataforma Pymes Latinas - Grandes Negócios

A voz das agremiações

Cristian Zorzón, da Associação para a Promoção da Produção de Algodão (APPA) da Província de Santa Fé, na Argentina, apresentou um resumo das ações realizadas na Província, como a implementação do Fundo Nacional do Algodão. Segundo Zorzón, parte deste fundo destina-se à assistência financeira a médios e pequenos produtores para que continuem a cultivar algodão. Além disso, são incentivados treinamentos, novas variedades e desenvolvimento tecnológico da produção. 

Da Bolívia, Alejandro Godefray, da Federação Departamental de Produtores de Algodão (FEDEPA), comentou sobre o trabalho de promoção do cultivo do algodão de pequenos e médios produtores e da comercialização e fomento da tecnologia da fibra para disponibilizar aos agricultores. Sobre a questão dos fertilizantes, Godefray comentou sobre a necessidade de insumos específicos para o cultivo do algodão e alertou que o país tem dificuldade de acesso aos fertilizantes, devido à falta de porto marítimo, o que encarece o produto por transporte terrestre. 

Já o representante da Câmara do Algodão do Paraguai (CADELPA), Wilfrido Zarate, destacou que a produção de algodão é dividida em duas zonas no país. Na região leste, são pequenos agricultores de pequena escala, com uso de mão de obra familiar. Na região oeste, no “Chaco” paraguaio, a produção é mecanizada, em grandes áreas, sendo a maior área de produção de algodão do país. Como estratégia da instituição, Zarate destacou o trabalho de aproximar os agricultores e levar informações. 

Cesar Pardo Villalba, da Confederação Colombiana do Algodão (Conalgodón), disse que a Confederação está trabalhando em temas como a compra de cobertura e o seguro de renda como mecanismos para fortalecer a cadeia produtiva e seu desenvolvimento na Colômbia. 

A visão de governos

Do Peru, Franklin Suárez, representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Irrigação (MIDAGRI), apresentou as medidas integradas para lidar com a alta de preços e a escassez de insumos agrícolas e "mitigar o aumento significativo de preços para os produtores”. “No Peru, 90% dos fertilizantes que consumimos são importados. Nós dependemos do mercado internacional", afirmou. 

Em nome do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Agrário da Colômbia (MADR), Otto Vila, comentou que o ministério, juntamente com Conalgodón, estabeleceu metas para 2025, como atingir 45-50 mil hectares para a cadeia do algodão, significando uma “reação muito importante para o setor”. Para isso, foram identificados vários fatores a serem considerados: sementes, pesquisa, maquinário, créditos, política de renda, treinamento e extensão. 

Fórum 

O Fórum Regional Algodoeiro, impulsado pelo projeto +Algodão, busca estimular a participação de atores públicos e privados da cadeia para mobilizar uma agenda de trabalho para enfrentar os desafios do setor, em um contexto de pandemia e recuperação econômica e social pós-pandemia.