Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO

Encontro de saberes: artesãs do Paraguai e da Argentina trocaram experiências na fiação e artesanato em algodão

Artesãs paraguaias viajaram para a Argentina para participar de oficinas de fiação, palestras técnicas e visitas de campo para trocar conhecimentos com artesãs do país vizinho.

Santiago do Chile, 21 de outubro de 2022 - "O encontro me pareceu excelente, foi uma oportunidade de compartilhar, trocar ideias com outras artesãs de outro país", disse Norma Cristaldo, artesã paraguaia do departamento de Guairá, uma das seis artesãs rurais que cruzaram a fronteira rumo ao país vizinho, a Argentina, para trocar experiências e também apresentar os saberes do artesanato de seu país durante o 2º Encontro Nacional da Rede Argentina de Mulheres Algodão, em Santiago del Estero. 

Foram dois dias com palestras técnicas, oficinas de fiação e preparo de bioinsumos e visitas à fazenda agroecológica de agricultoras familiares. Estavam reunidos produtoras de algodão, pesquisadores, extensionistas, fiandeiras e artesãs de tecidos de algodão. 

A participação de artesãs paraguaias contou com o apoio do Instituto Paraguaio de Artesanato (IPA) e do projeto de cooperação sul-sul trilateral +Algodão, executado pela Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE), Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas (FAO) e sete países parceiros, incluindo o governo do Paraguai, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAG). 

A técnica do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) da Argentina, Doriana Feulliade, avaliou a relevância do encontro entre artesãs dos dois países, visando um trabalho conjunto em nível latino-americano. A Rede Argentina de Mulheres Algodoeiras é formada por 14 organizações e duas instituições de assistência técnica: o INTA e a Secretaria de Agricultura Familiar, Camponesa e Indígena. 

A artesã argentina Marcela Suedo, da província de Tucumán, do grupo feminino "Tecendo Sonhos", participou do encontro e pôde compartilhar seus conhecimentos sobre a técnica "randa", artesanato típico de sua província, criado em 1865. "Este evento permitiu-nos conhecer artesãs do país vizinho. Vimos que temos uma semelhança com o “encaje yu”, técnica típica do artesanato paraguaio. 

No segundo dia do evento, foram apresentadas experiências sobre os elos da cadeia do algodão, por meio de visitas a propriedades de agricultores familiares de produção agroecológica de algodão e de alimentos e oficinas de produção de bioinsumos para cultivos agroecológicos, técnicas de fiação e bordado ‘ao poi´ Uma das fazendas visitadas foi da agricultora argentina Claudia Galván, que produz algodão em um sistema agroalimentar, com manejo agroecológico. 

Para a coordenadora do projeto +Algodão Paraguai, América González, a atividade possibilitou “posicionar o papel e tornar visível todo o trabalho que as mulheres algodoeiras realizam, em suas múltiplas atividades desde o cultivo até a fiação e o artesanato”. Segundo González, esse espaço possibilitou fortalecer cada uma das participantes e enriquecer seus conhecimentos. “Foi uma importante oportunidade para as artesãs paraguaias conhecerem as diferentes facetas do algodão, outras técnicas, além de destacar a relevância desta atividade tanto para o desenvolvimento econômico quanto para a manutenção do patrimônio cultural de um povo. Valoriza esse saber ancestral que é transmitido entre gerações”, concluiu.