Foto: Palova Brito

Brasília, 20 de abril de 2016 - Cinco merendeiras de escolas públicas brasileiras estiveram na ultima semana na cidade de Santiago, no Chile, para conhecer a experiência do Programa de Alimentação Escolar daquele país. O primeiro compromisso foi um encontro no Escritório Regional da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) para a América Latina e o Caribe. 

A Representante da FAO no Chile, Eve Crowley, destacou que a visita foi uma oportunidade de conhecer as boas práticas de outros países da América Latina. “Vocês que ajudaram a criar receitas interessantes, nutritivas, saudáveis fazem parte da luta contra as práticas de consumo que levam as crianças à obesidade”, disse. Para Eve, a alimentação escolar tem muitas finalidades, desde garantir a frequência do aluno na escola até dinamizar as economias locais por meio de compras de produtos saudáveis e frescos, produzidos pela agricultura familiar local. 

A Diretora de Assuntos Educacionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Maria Fernanda Bittencourt, ressaltou que o trabalho das merendeiras é fundamental para o sucesso do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) do Brasil. “O Programa não seria reconhecido internacionalmente como é, se não existissem merendeiras como vocês que estão por todo o país, envolvidas, dedicadas, criando receitas com um olhar nos produtos locais”, afirmou a Diretora. Ela também parabenizou o trabalho que realizam as nutricionistas na criação e acompanhamento dos cardápios nas escolas. 

Da cidade de Iporá, Goiás, a merendeira Osmarina Pereira Assini, foi uma das ganhadoras a participar da visita ao Chile. Segundo Osmarina, a viagem foi muito construtiva e um estímulo a continuar se aperfeiçoando. “Hoje, posso incluir novos produtos na alimentação dos alunos, coisas que muitas vezes eram desperdiçadas e que, agora, vejo que posso incluir nas receitas”, disse a merendeira que ganhou o concurso com a sua Torta saborosa de batata doce e peixe. 

A merendeira do Nordeste do Brasil, da cidade de Salvador, Bahia, Dejanira de Souza, ganhou o concurso com a receita de Abará de carne moída com mandioca. “Tudo me encantou no Chile”, resumiu. Para ela, após o concurso as crianças da escola em que trabalha passaram a olhar alimentação escolar de uma maneira diferente, seu trabalho passou a ser mais reconhecido e incentivou a trocar de receitas entre as outras merendeiras. 

O concurso Melhores Receitas da Alimentação Escolar foi realizado pelo FNDE, em 2015, em comemoração aos 60 anos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), com um foco no papel que as merendeiras exercem no processo de alimentação escolar e como um incentivo à prática de hábitos alimentares saudáveis nas escolas. Participaram do concurso 2.433 merendeiras de escolas públicas brasileiras. 

Diariamente, o PNAE atende cerca de 43 milhões de estudantes brasileiros das escolas públicas de todas as etapas e modalidades de ensino, entregando 54 milhões de refeições todos os dias. 

Intercâmbio de experiências

As merendeiras brasileiras também conheceram o funcionamento da política de alimentação no Chile.  Participaram de reuniões na Junta Nacional de Auxílio Escolar e Bolsas (JUNAEB), responsável pelo serviço naquele país, onde a Diretora do FNDE também apresentou o programa brasileiro. O Diretor Nacional do JUNAEB, Cristóbal Acevedo, felicitou as ganhadoras brasileiras. “Não é somente um prêmio, mas um reconhecimento do trabalho que executam em beneficio das crianças”, afirmou. 

Como parte da missão de intercâmbio, elas puderam visitar um centro de preparação e distribuição de alimentos e uma escola pública da região metropolitana da capital chilena. 

A visita ao Chile foi promovida pelo FNDE, Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE) e pelo Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO. 

O Brasil como referência para a região

A partir da ampla e exitosa experiência brasileira na área de alimentação escolar, desde 2009, a FAO e o governo do Brasil executam projeto na América Latina e no Caribe para o fortalecimento dos programas de alimentação escolar. Em 2016, está atuando em treze países da região: Belize, Costa Rica, El Salvador, Honduras, Guatemala, Granada, Guiana, Jamaica, Paraguai, Peru, República Dominicana, Santa Lucia e São Vicente e Granadinas.