FAO in Mozambique

FAO forma 200 produtores como facilitadores de grupos de extensão participativa

O alfobre serve para controlar a germinação e o crescimento inicial das culturas ©FAO/ Máximo Ochoa
16/04/2021

16 de Abril de 2021, Alto Molócuè (Zambézia) – Quando ouviu falar do projecto PROMOVE Agribiz na sua Localidade, Mugema, Ilda Ernesto percebeu que teria oportunidade de aprender e inovar na sua actividade agrícola.

Co-financiado pela União Europeia, pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e pela Cooperação Alemã e co-implementado pela FAO, pela Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ), pela Avaliação de Impacto do Desenvolvimento (DIME) do Banco Mundial e pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável (FNDS), o PROMOVE Agribiz visa promover uma agricultura de pequena escala, sustentável e orientada para o mercado. Para tal, o projecto assenta na abordagem de grupos de extensão participativa (GEPs), em que produtores de uma comunidade se reúnem semanalmente para aprender, de forma prática e experimental, técnicas e práticas de maneio de culturas de importância alimentar e comercial.

Foi a um destes grupos que Ilda se juntou em Mugema e, este sábado (17.04.), termina a sua formação como facilitadora produtora de GEP. No total, a FAO formará 196 facilitadores produtores no âmbito de uma série de formações que se realizarão até ao início de Maio nos 10 distritos das províncias de Nampula e da Zambézia abrangidos pelo projecto PROMOVE Agribiz.

Na formação, os produtores aprendem técnicas de produção e práticas de adaptação às mudanças climáticas, incluindo os princípios da agricultura de conservação e os sistemas diversificados ou policulturas. No fim, todos receberão um kit de insumos, entre sementes e fertilizantes, para, ao retornar às suas comunidades, estarem apetrechados para estabelecer a parcela de aprendizagem dos GEPs e facilitar o novo ciclo de aprendizagem ao longo da próxima época agrícola.

Ao fim desta primeira formação, Ilda recorda que a primeira das práticas disseminadas no GEP que adoptou na sua machamba foi a sementeira em linha. Mas no GEP aprendeu também a "não queimar capim nem restos de colheitas passadas, mas a deixar os restolhos ali mesmo na machamba, porque ajudam a melhorar o solo". A cobertura do solo é um dos princípios da agricultura de conservação, que ajuda a reduzir a erosão e aumenta a capacidade de retenção de humidade do solo. O resultado ficou à vista, conta a produtora de 37 anos e mãe de cinco crianças: "Melhorou a produção. O milho teve espigas cheias, com linhas de grãos completas."

Através da abordagem de aprender fazendo, os GEPs criados no âmbito do PROMOVE Agribiz focam na agricultura de conservação e outros sistemas de produção, que, segundo Máximo Ochoa, Especialista em GEPs da FAO e um dos formadores de Ilda e de outros 13 produtores de Alto Molócuè, nesta última semana, é uma das formas mais eficazes de "preparar os pequenos produtores para reagir às ameaças das mudanças climáticas, às quais as províncias de Nampula e da Zambézia estão expostas, aumentando a resiliência das suas machambas e comunidades".

Até ao final do projecto, espera-se estabelecer 720 grupos de extensão participativa e capacitar 18 000 pequenos produtores, 60% destes mulheres como Ilda Ernesto.