FAO in Mozambique

FAO, CLUSA e parceiros promovem agricultura de conservação no centro e norte de Moçambique

Dia de Campo em Agricultura de Conservação, Barué, Manica
29/10/2021

Chimoio, 29 de Outubro de 2021- A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em coordenação com a Associação Nacional de Negócios Cooperativos - CLUSA e parceiros, organizaram uma Conferência sobre Agricultura de Conservação para reflexão sobre como expandir rapidamente a adopção desta prática para as zonas centro e norte do país.

Actualmente, pelo menos 20 mil agricultores de zonas áridas e semi-áridas das províncias de Tete, Manica e Sofala, no centro do país, e Gaza, no sul, estão a usar técnicas de agricultura de conservação nos seus campos de cultivo, numa experiência que se pretende replicar e expandir para mais áreas das zonas centro e norte do país.
Estes dados foram anunciados durante a Conferência de Agricultura de Conservação, que teve lugar nesta sexta-feira, em Chimoio, na província de Manica.

A agricultura de conservação consiste num conjunto de práticas como a sementeira em covachos, agricultura mecanizada, rotação de culturas e cobertura morta, que permitem o maneio do solo agrícola com a menor alteração possível da sua composição, estrutura e biodiversidade naturais, aumentando a produtividade de forma sustentável.

A conferência, que contou com a participação de pesquisadores, parceiros do Governo, do sector privado e organizações não-governamentais, foi realizada no âmbito do projecto regional da FAO para o Fortalecimento da Coordenação, Ampliação e Governação da Agricultura de Conservação na África Austral, financiado pelo Reino da Noruega.

O projecto foi criado para facilitar a revisão e o desenvolvimento de políticas e mecanismos desta prática, com ênfase na produção sustentável, resiliência às mudanças climáticas e conservação ambiental na agricultura.

O Oficial de Programa da FAO, José Matsinhe, considera que estas acções visam "ajudar na consciencialização dos actores envolvidos para que o país possa atingir as metas estabelecidas ao nível da União Africana, que propõe que, até 2025, pelo menos 25 milhões de hectares em África estejam sob práticas agrícolas inteligentes ao clima", como foi definido na declaração de Malabo, em 2014, com a participação de Moçambique.

Dados oficiais indicam que em Moçambique 66% da população vive nas zonas rurais e, desta população, 90% depende da agricultura. Devido às mudanças climáticas e aos efeitos das calamidades naturais em Moçambique, vários agricultores, maioritariamente dependentes da agricultura de subsistência, são expostos aos efeitos negativos das mudanças climáticas aumentando a sua vulnerabilidade e colocando-os em situação de insegurança alimentar.

O Oficial de Programa da FAO afirma que "uma das vantagens da agricultura de conservação é a preservação ou recuperação das características do próprio solo, tornando-o mais produtivo, o que contribui para a construção da resiliência dos pequenos agricultores e garante-lhes segurança alimentar e nutricional e meios de subsistência decentes".

O projecto regional da FAO pretende apoiar a ampliação da transformação dos actuais sistemas de produção convencionais de baixa produtividade e não resilientes ao clima para abordagens de agricultura de conservação de alta produtividade e sustentáveis, por meio de uma melhor coordenação com os parceiros, fortalecer parcerias e promover maior partilha de conhecimento.

A Organização considera que, devido aos sistemas de produção agrícola não resilientes às mudanças climáticas, registou-se um aumento no número de pessoas que sofrem de insegurança alimentar e nutricional, bem como a perda de meios de subsistência na África Austral.