Representante da FAO em Moçambique e parceiros do PROMOVE Agribiz assistem à graduação das primeiras EMCs do programa
17 de Outubro de 2022, Nametil Sede (Nampula) – "Há alimentos que nos dão força, como se fossem o nosso alicerce [alimentos de base] e há os que nos dão a energia de que precisamos para trabalhar [alimentos energéticos]. Alguns ajudam-nos a crescer bem [alimentos construtores] e outros protegem o nosso corpo de doenças [alimentos protectores]." Apontando para cada um dos grupos de alimentos, separados em caixas de madeira, Rosalina Raísse fez a sua apresentação com a confiança de quem sabe do que fala. Na Escola na Machamba do Camponês (EMC) Natere, da qual é facilitadora desde a sua criação em 2021, Rosalina e outras mulheres tiveram sessões de introdução à educação nutricional.
A sua EMC é uma das mais de 700 EMCs apoiadas pelo programa PROMOVE Agribiz, co-financiado pela União Europeia (UE), pelo Ministério Federal da Cooperação e do Desenvolvimento (BMZ) da Alemanha e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e implementado pela Agência de Cooperação Internacional alemã (GIZ), pela FAO, pela Avaliação de Impacto do Desenvolvimento (DIME) do Banco Mundial e pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Sustentável (FNDS).
Rosalina falava esta segunda-feira (17.10.) na feira de educação nutricional, realizada em Nametil Sede no âmbito da cerimónia central do Dia Mundial da Alimentação, comemorado juntamente com o Dia da Mulher Rural, e do lançamento da campanha de educação nutricional da Primeira Dama de Moçambique, Isaura Nyusi.
O Dia Mundial da Alimentação é comemorado anualmente a 16 de Outubro e assinala a criação da FAO. Neste dia, pretende-se promover a reflexão sobre a situação da alimentação a nível mundial. Aproveitando a sua participação na celebração da data no Distrito de Mogovolas, Provínica de Nampula, o Representante da FAO em Moçambique, Hernani Coelho da Silva assistiu, dois dias antes, no sábado (15.10.), à graduação das nove primeiras EMCs no âmbito do PROMOVE Agribiz, ao fim de três anos de implementação do programa.
"O nosso objectivo", afirmou Coelho da Silva no evento, "é aumentar o conhecimento, a produtividade e a diversificação das culturas nas machambas e dinamizar as cadeias de valor dos produtos dos pequenos produtores no sentido de contribuir para o alcance da segurança alimentar e nutricional assim como para a redução da pobreza nas zonas rurais de forma substancial e sustentável."
As EMCs apoiadas pelo PROMOVE Agribiz passam por um período de formação de 4 a 5 ciclos produtivos. Ao fim deste período, são avaliadas e, se apresentarem resultados satisfatórios, obtêm o estatuto de EMC graduada. Depois da graduação, os grupos passam para uma abordagem orientada para o mercado através de uma Escola de Agronegócio. Ao longo deste período e até à sua graduação, as EMCs recebem da FAO kits de insumos, compostos por sementes certificadas e fertilizantes, para cobrir as necessidades de produção dos grupos.
Assim, no mesmo evento, que se realizou na EMC Cava Cava, em Nametil Sede, Rosalina esteve entre os facilitadores e presidentes das 24 EMCs que receberam insumos para esta época agrícola. "A [abordagem da] EMC beneficia-nos como pequenos produtores, porque lá aprendemos muito sobre a machamba. Antigamente semeávamos de forma descontrolada, mas agora sabemos como semear cada cultura e como contribuir para o rápido crescimento dessa cultura." Ao receber o seu kit de insumos, Rosalina mostrou-se convencida de que, "com o conhecimento de boas práticas agrícolas, acabamos por melhorar a nossa vida: não só comemos mais e melhor, mas também conseguimos reservar sementes para a época seguinte e vender uma parte da produção". Ainda no ano passado, continuou a produtora, produziu 1ha de gergelim. "Com o dinheiro da venda, o meu marido comprou uma mota, que nos ajuda muito no transporte da produção."
De Cava Cava, o Representante da FAO em Moçambique seguiu para a EMC Wiwanana Orera, juntamente com parceiros da GIZ, do Instituto de Amêndoas de Moçambique (IAM) e do Serviço Distrital de Actividades Económicas (SDAE) de Mogovolas, que o acompanharam na sua visita de campo.
Máximo Ochoa, especialista em EMC da FAO, mostrou-se optimista quanto ao futuro dos grupos de produtores: "Esperamos agora aumentar a motivação dos grupos no sentido de atingir outro tipo de objectivos, mais relacionados com empreendimentos e negócio." Através da metodologia da EMC, o programa lançou as bases da produção, seguindo-se agora a elevação para o nível de comercialização da produção agrícola. Tratando-se de um evento tão significativo para a FAO, continuou Ochoa, a presença de alguns dos nossos parceiros é crucial: "Pretendemos estreitar ainda mais a nossa colaboração para que também os nossos parceiros apoiem os grupos de produtores a alcançar estes objectivos."
Wiwanana Orera, também graduada este sábado, é uma das EMCs do PROMOVE Agribiz que estudam o maneio integrado de caju (MIC), em particular, o maneio de pragas e doenças dos cajueiros. O objectivo nestas EMCs é divulgar técnicas e métodos que permitam aumentar a produção e a produtividade dos cajueiros nas zonas de produção de caju.
O PROMOVE Agribiz visa precisamente contribuir para o aumento da segurança alimentar e a resiliência de pequenos produtores agrários, gerar emprego e criar uma base de crescimento económico inclusivo, ao mesmo tempo que estimula a competitividade rural nas províncias de Nampula e da Zambézia. O programa integra um conjunto de programas financiados pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED) como abordagem integrada de desenvolvimento rural nas duas províncias.