FAO in Mozambique

Programa Global da FAO ´Doutores do Solo´ promove a Gestão Sustentável do Solo em Moçambique

©FAO
03/05/2024

3 de Maio de 2024, Alto Molócuè – Numa iniciativa pioneira em Moçambique, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) realizou uma formação de formadores em gestão do solo, dotando os 20 participantes de conhecimentos sobre a melhoria da saúde dos solos e a adopção de práticas sustentáveis de gestão dos mesmos. A formação, que decorreu no âmbito dos projectos da Organização no país PROMOVE Agribiz, financiado pela União Europeia, e PRODAI, financiado pela Agência de Cooperação Italiana, realizou-se sob o Programa Global da FAO ´Doutores do Solo´ (GSDP, na sigla em inglês).

´Doutores do Solo´ tem como objectivo fornecer aos agricultores materiais educativos para aprenderem sobre Gestão Sustentável do Solo. Os agricultores que mais se destacam - reconhecidos como ´Doutores do Solo´ - são seleccionados para apoiar e educar outros agricultores da sua comunidade. Este esquema cria um processo de intercâmbio autossuficiente que promove a prática da Gestão Sustentável do Solo.

Em Moçambique, diz Carolina Olivera Sanchez, Consultora em Gestão Sustentável do Solo na sede da FAO em Roma, o foco recai sobre um dos parâmetros mais importantes, nomeadamente "a avaliação visual da matéria orgânica do solo e o seu aumento, que é muito importante tanto para a vida no solo como para garantir uma melhor produção de alimentos. O solo", continua Carolina Olivera, "é o maior reservatório terrestre de carbono, mais do que as florestas e a atmosfera. Desta forma, promovemos a resiliência das práticas agrícolas a longo prazo".

O Programa Global é uma iniciativa de formação de agricultor para agricultor, desenvolvida pela Parceria Global do Solo (GSP, na sigla em inglês). Como parte da FAO, a GSP trabalha para melhorar a governação do solo no sentido de garantir solos produtivos para a segurança alimentar, a adaptação e mitigação das mudanças climáticas e o desenvolvimento sustentável para todos.

Nélio António, técnico distrital da FAO no Distrito de Ribaué, Nampula, e um dos participantes da formação de cinco dias, está entusiasmado sobretudo com a possibilidade de fazer a análise de pH do solo no terreno: "as universidades estão a fazê-la em laboratórios, mas nós podermos fazer uma medição aproximada no campo é algo inédito". Além dessa nova possibilidade, a formação irá ajudar os produtores "a tomar decisões informadas sobre que práticas melhorar e implementar para garantir que o solo seja mais produtivo".

Os 20 participantes, entre técnicos da FAO e de Serviços Distritais de Actividades Económicas (SDAEs), assim como professores universitários, formarão 130 ´Doutores do Solo´ e cerca de 600 agricultores receberão formação em gestão sustentável e avaliação do solo através do Programa Global.

Para Ivanilde Azevedo, técnica do Serviço Distrital de Actividades Económicas (SDAE) de Nicoadala, Zambézia, a formação traz a complementaridade entre o conhecimento do solo e o conhecimento das plantas de que precisava: "normalmente trabalhamos as plantas sem abordar os solos. Mas nem sempre os problemas das plantas respeitam directamente às plantas. Agora podemos aprofundar mais a nossa análise dos solos. Assim, a qualidade da produção será maior."

Também para o Professor de Solos da Universidade Eduardo Mondlane, Armindo Cambule, trata-se de "uma oportunidade única para colmatar a lacuna entre a investigação académica e a aplicação prática no terreno de uma gestão sustentável do solo". Em breve, continua Cambule, "vamos ter agricultores dotados dos conhecimentos e competências necessários para adoptarem práticas de gestão do solo mais sustentáveis."

A GSP, na qual se integra o Programa Global, é um mecanismo reconhecido mundialmente, criado em 2012 com a missão de posicionar os solos na Agenda Global e promover a gestão sustentável do solo. Neste contexto, Máximo Ochoa, Oficial de Projecto da FAO Moçambique no âmbito do programa PROMOVE Agribiz, especifica:
"esta formação contribui para o alcance dos ODS 2, 13 e 15, já que providencia as ferramentas necessárias para aumentar a produtividade agrícola, mitigando as mudanças climáticas e preservando a biodiversidade".

O Programa Global ´Doutores do Solo´ já conta com mais de 10.000 agricultores formados em 25 países, sobretudo em África, na América Latina e na Ásia.