FAO in Mozambique

Tecnologia e esforço comunitário de mãos dadas para a resiliência agrícola

©FAO
28/06/2024

28 de Junho 2024, Sofala- Dizer que a Associação Vida Viva é sinónimo de resiliência na agricultura não seria exagero. Desde 2022, a FAO tem prestado assistência técnica ao grupo do Distrito de Dondo, Província de Sofala, constituído por 40 membros, sobretudo mulheres, no âmbito do programa PROMOVE Agribiz, financiado pela União Europeia.

Como forma de incentivar o aumento da produtividade agrícola e mitigar o impacto do aumento dos custos dos insumos agrícolas, especificamente fertilizantes, decorrente do conflito Rússia-Ucrânia, a FAO apoia associações como a Vida Viva no sentido de expandir as reservas estratégicas de cereais e leguminosas em Moçambique e aumentar a capacidade nacional de resposta a crises alimentares.

Na época agrícola de 2022/2023, 7 membros da associação registaram-se no sistema de e-voucher da FAO, com um deles aderindo ao pacote de 2ha e 6 ao de 5ha, recebendo subsídios entre 47.250 MZN e 118.150 MZN para a compra de insumos, incluindo sementes certificadas e fertilizantes. Os produtores fizeram comparticipações em valores entre 8.350 MZN e 20.850 MZN. Cultivaram com sucesso 32 hectares de arroz, que foram divididos em blocos, alcançando um rendimento médio de 4,5 toneladas por hectare.

Quisito António, um dos membros da associação, lembra-se que "antes da assistência da FAO, a produção era mínima, limitada a pequenos campos". A introdução das sementes de arroz da variedade Macassane, com potencial de alto rendimento, e de fertilizantes essenciais como NPK e ureia pelos produtores ajudou-os a atingir novos patamares, com a criação de grandes blocos de produção, o que, juntamente com o uso de insumos de qualidade lhes permitiu aumentar significativamente a produção e a produtividade agrícolas.

O sucesso da produção não só garantiu a segurança alimentar como também aumentou o rendimento do grupo, motivando a expansão tanto em área de cultivo como em número de membros a aderir ao e-voucher. Para a época seguinte, 2023/2024, aumentaram a sua área de 32 para 50 hectares e o número de membros subiu de 7 para 15.

Esta época, no entanto, apresentou desafios significativos: as chuvas irregulares, impulsionadas pelo efeito El Niño, ameaçaram o desenvolvimento das culturas. Os membros da associação decidiram, então, alugar colectivamente motobombas para irrigar os seus campos. "Este ano, a falta de chuva foi um grande obstáculo para nós, produtores de arroz", conta Luísa Araújo, também membro da Associação Vida Viva. "Mas com o apoio da FAO através do PROMOVE [Agribiz] e o nosso esforço conjunto para o aluguer de motobombas, conseguimos manter os nossos campos irrigados. Sem sementes certificadas e irrigação adequada, a nossa produção teria sofrido muito."

Apesar dos desafios climáticos, os membros da associação estão optimistas à medida que vão colhendo o arroz nos seus campos. Prevêem uma colheita produtiva, não tanto como na época passada, mas ainda assim uma que justificará os seus esforços e investimentos ao longo do ciclo de produção. As suas aspirações incluem a expansão da terra cultivada e o investimento num sistema de irrigação permanente para mitigar futuros impactos climáticos.

Além de promover o desenvolvimento dos seus membros, o percurso recente da Associação Vida Viva também tem vindo a beneficiar a comunidade local. "Produzir arroz requer mão-de-obra, por isso contratamos habitantes locais e pagamos-lhes pelos seus serviços", afirma Quisito António. "Desta forma, todos beneficiam - a nossa associação obtém a ajuda de que precisa e a comunidade obtém rendimentos."