34 países africanos em seminário sobre estatísticas agrárias
A estratégia global para a melhoria das estatísticas agrárias e rurais é "uma parceria inovadora" que pode ser vista como “um dos maiores esforços globais jamais tentados com o objectivo de melhorar as estatísticas agrárias numa base sustentável". Foram estas as palavras do Representante da FAO em Moçambique, Castro Camarada, durante o Seminário Regional sobre a Implementação do Plano de Acção da Estratégia Global para o Melhoramento das Estatísticas Agrárias e Rurais em África, que terminou esta sexta-feira (21.11.). O seminário reuniu por cinco dias, na capital moçambicana, 87 delegados de 34 países africanos bem como a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a Bill & Melinda Gates Foundation (BMGF), representantes da Comissão da União Africana (AUC), do Mercado Comum da África Oriental e Austral (COMESA) e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). Representando Moçambique estiveram o Instituto Nacional de Estatística (INE) e o Ministério da Agricultura (MINAG). Parceiros de implementação da estratégia, nomeadamente o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e a Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA), participaram igualmente no seminário.
Segundo o Representante da FAO na sessão de abertura do encontro, esta segunda-feira (17.11.), ainda que a agricultura desempenhe um papel "extremamente relevante" no combate contra a fome e a desnutrição e na eliminação da pobreza, "ao longo das duas últimas décadas, a quantidade e a qualidade das estatísticas agrárias sofreram um sério declínio".
O seminário teve como principais objectivos definir o futuro apoio e a aceleração da implementação do Plano de Acção para África e tomar as medidas adequadas, além de abordar as necessidades de assistência técnica dos países no sector estatístico.
Na sua intervenção, o Secretário Permanente do Ministério da Agricultura referiu que, para que tais estatísticas constituem a ser uma "verdadeira base de apoio para o processo de tomada de decisão e da implementação das estratégias e políticas agrárias" de desenvolvimento, elas devem ser "devidamente detalhadas, exaustivas, relevantes, fiáveis, consistentes e oportunas, tendo em conta as necessidades dos usuários a diversos níveis, incluindo o nível distrital". Na mesma linha, também Castro Camarada afirmou que tais dados são "muito importantes" como base para a implementação de "políticas eficientes e relevantes aos níveis internacional, regional e nacional", mencionando exemplos como a "recente crise alimentar e os debates correntes sobre volatilidade dos preços e impactos das mudanças climáticas na agricultura e segurança alimentar" que têm "trazido ao de cima as fraquezas ou debilidades nos dados existentes sobre agricultura".
No fim do seminário, os participantes reconheceram o avanço feito até agora na implementação do Plano de Acção, referindo que os esforços no sentido de mobilização de recursos devem ser apoiados tanto a nível regional como global. Outra observação final prendeu-se com o compromisso crucial dos governos de disponibilizar os recursos adequados para estatísticas agrárias, encorajando os países a ser proactivos na abordagem e na busca de apoio técnico e financeiro de parceiros de desenvolvimento, recomendando que os países que registam menos avanços impulsionem a implementação da estratégia global, mais pesquisa na área de estatísticas agrárias e ainda maior colaboração entre as instituições envolvidas.