FAO in Mozambique

Técnicos moçambicanos formados em detecção e vigilância da PPR

"Prevenção protegerá 45 milhões de pequenos ruminantes na SADC"
05/12/2014

Ao longo dos últimos cinco dias, 11 técnicos de veterinária receberam uma capacitação em detecção rápida, vigilância e epidemiologia da peste dos pequenos ruminantes (PPR). A formação, promovida pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e pelo Ministério da Agricultura (MINAG)/DNSV, teve como objectivo formar técnicos de laboratório a fim de criar uma capacidade de resposta rápida à PPR na eventualidade de entrada da doença em Moçambique.

Na capacitação, que terminou esta sexta-feira (5.12.), em Maputo, foram abordadas técnicas de diagnóstico laboratorial que permitirão monitorar a situação epidemiológica da doença. Entre elas, explicou Lourenço Mapaco, Chefe da repartição de virologia do Laboratório Central de Veterinária da Direcção de Ciências Animais do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), contam-se os testes Elisa e RT-PCR. "Se, por um lado, o PCR é mais sensível, detectando a doença imediatamente após infecção, por outro, o Elisa tem a vantagem de ser mais barato e permitir processar mais amostras simultaneamente", disse Mapaco.

O curso beneficiou três técnicos das províncias de Niassa, Cabo Delgado e Manica e oito do Laboratório Central de Veterinária da Direcção de Ciências Animais.

Segundo Julieta Anapakala, técnica do Laboratório Provincial de Veterinária de Cabo Delgado, o curso permitiu-lhe "adquirir o conhecimento necessário para poder agir de forma adequada, nomeadamente como proceder, por exemplo, em termos de colecta de amostras caso a PPR entre em Moçambique".

A província de Cabo Delgado, juntamente com Niassa, é uma das duas mais expostas à PPR, uma vez que se encontra na região fronteiriça entre Moçambique e a Tanzânia, país afectado pela doença desde 2008/2009. Desde então, os países vizinhos – Malawi, Moçambique e Zâmbia – estão a levar a cabo programas de sero-vigilância nas áreas fronteiriças. "O objectivo é manter os três países livres da PPR", disse Agostinho de Nazaré Bangueze, Coordenador do projecto "Capacitação para prevenir a introdução da peste dos pequenos ruminantes (PPR) no Malawi, em Moçambique e na Zâmbia", em que se inseriu a formação.

"Se estes países estiverem livres da doença", continuou Nazaré, "não estaremos a proteger apenas os efectivos de Moçambique, do Malawi e da Zâmbia, mas também os efectivos de toda a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), uma vez que esta é uma zona tampão."

Assim sendo, não serão só 4 milhões de pequenos ruminantes que estarão protegidos em Moçambique e 12 milhões nos três países, mas um total de 45 milhões em toda a região da SADC. Daí que "seja importante que o trabalho de sero-vigilância seja permanente e intensificado", como disse Sara Achá, responsável pelo Laboratório Central de Veterinária da Direcção de Ciências Animais do IIAM. Também Rafael Sallu, o consultor contratado pela FAO para orientar a capacitação, é da opinião de que "é crucial que Moçambique e os outros países que partilham fronteira com a Tanzânia tomem medidas de protecção, não só em termos de capacitação do pessoal veterinário, mas também em termos de esclarecimento junto da população".

O projecto pretende, por um lado, aumentar o conhecimento e a consciência da doença e, por outro, reforçar os sistemas de aviso prévio nacionais e regionais bem como fomentar a preparação (através de planos de contingência), explorando ainda o nível de preparação regional em reagentes, bancos de vacinas e outros materiais de diagnóstico para que estes estejam disponíveis para os países do sul da SADC.

Entre os intervenientes-chave encontram-se os serviços de veterinária, os laboratórios de veterinária, a população proprietária de pequenos ruminantes, os comerciantes, as autoridades locais, as organizações não-governamentais da área da veterinária e os serviços de administração distritais/regionais.

Os beneficiários indirectos serão todos os produtres de pequenos ruminantes, a indústria de lã e os serviços de veterinária nos países vizinhos: África do Sul, Botswana, Lesoto, Namíbia, Suazilândia e Zimbabué.