FAO in Mozambique

FAO fala sobre impacto das cheias na agricultura em programa de televisão

FAO e INGC são parceiros no trabalho de emergência
18/02/2015

A poucos dias da chegada da equipa de emergência da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) às zonas afectadas pelas cheias do início deste ano, no norte e centro de Moçambique, o Representante da Organização no país falou sobre o impacto que estas tiveram – e ainda têm – sobre a agricultura e a pecuária na região. Segundo Castro Camarada, a coordenação entre os vários actores e o trabalho de alerta rápido têm sido bons – "já no final do ano passado se sabia que Janeiro e Fevereiro iriam ser meses críticos" – mas o desafio é grande: "ao mesmo tempo que vemos cheias na Zambézia, em Nampula, em Niassa e noutras províncias, Manica luta contra a seca". Camarada falava esta quarta-feira (18.02.)* no programa de televisão 'Moçambique, Terra de Oportunidades', um programa sobre agricultura e pecuária em Moçambique da TV Miramar.

Em conversa no estúdio estava também a porta-voz do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), parceiro da FAO no trabalho de emergência. Para Rita Almeida, outro desafio prende-se com a necessidade de "sensibilizar a população quanto a zonas baixas, de maior risco, mas mais férteis e, portanto, mais atractivas como zonas de residência e agrícolas, oferecendo alternativas viáveis".

No passado dia 12 de Janeiro, o Governo de Moçambique emitiu um alerta vermelho para as regiões centro e norte do país. As chuvas alagaram campos e isolaram comunidades, destruindo pontes e estradas e abalando o abastecimento de electricidade e as telecomunicações. Segundo cálculos do Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar (MASA), mais de 50.000 ha de campos cultivados ficaram inundados, deixando mais de 37.000 agregados familiares em situação de grande vulnerabilidade.

Entretanto, já foram garantidos fundos à FAO para providenciar apoio imediato aos 11.000 agregados familiares rurais mais vulneráveis em sete distritos das províncias da Zambézia e de Sofala. Os fundos provenientes do Programa de Cooperação Técnica (TCP, na sigla em inglês) e do Fundo Central de Resposta à Emergência (CERF) deverão beneficiar agricultores em situação de insegurança alimentar, cujas colheitas foram destruídas durante as cheias de Janeiro ou cuja produção se perdeu em 60 por cento e não têm meios alternativos (rendimentos ou reservas) para aceder a sementes. Em cooperação com o Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar e outros parceiros como organizações não-governamentais locais e organizações baseadas na comunidade, a FAO distribuirá sementes de cereais e de hortícolas bem como enxadas.

Além disso, a FAO encontra-se actualmente no processo de solicitação de 7 milhões de dólares norte-americanos no âmbito da Proposta de Resposta e Recuperação (RRP, na sigla em inglês) da ONU para prestar assistência a outras 44.000 famílias de agricultores que perderam toda ou parte da sua colheita e gado para que estas possam retomar rapidamente a produção de alimentos e aumentar a sua resiliência a choques futuros.

Liderando o cluster de segurança alimentar da ONU juntamente com o Programa Mundial para a Alimentação (PMA), a FAO irá esforçar-se por coordenar a distribuição de insumos agrícolas com assistência alimentar.

* O programa será transmitido em Março de 2015 pela TV Miramar