Moçambique foi um dos países que alcançaram o ODM1

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar (MASA) realizaram esta quarta-feira (24.06.) uma conferência de imprensa conjunta com o objectivo de informar os órgãos de comunicação sobre o recente reconhecimento de Moçambique pelo alcance do ODM1c.

No passado dia 7 de Junho de 2015, Moçambique foi um dos países que as agências alimentares das Nações Unidas baseadas em Roma, Itália – FAO, Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e Programa Mundial para a Alimentação (PMA) – reconheceram por alcançarem a meta do Objectivo de Desenvolvimento do Milénio 1 (ODM1) de reduzir para metade o número de pessoas que sofrem de fome até 2015. A prevalência da subnutrição em Moçambique baixou de 56,1 por cento em 1990-92 para 24 por cento em 2014-16.

"Foi adoptando políticas, estratégias e projectos nos sectores agrícola, pesqueiro, entre outros, que conseguimos alcançar a meta de redução pela metade da fome no nosso país", disse na conferência de imprensa o Ministro da Agricultura e Segurança Alimentar, José Pacheco, lembrando que "Moçambique conseguiu aumentar a produção de cereais em 13,9 por cento, de leguminosas em 36 por cento e de raízes e tubérculos em 7,6 por cento. Todos estes valores estão acima da meta de 7 por cento que nos tínhamos proposto".

De acordo com o relatório anual sobre a fome das Nações Unidas (O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo 2015 – SOFI), além de ter atingido a meta da fome do ODM1, Moçambique também registou progressos quanto às metas da Cimeira Mundial da Alimentação (CMA) de 1996, quando os governos se comprometeram a reduzir para metade o número absoluto de pessoas que sofrem de fome até 2015.

Citando o SOFI 2015, o Representante da FAO em Moçambique, Castro Camarada, lembrou que "o mundo tem hoje 795 milhões de pessoas afectadas pela fome, o que significa que actualmente, uma em cada nove pessoas ainda sofre de fome no mundo". Também em Moçambique, assim continuou Camarada, "os altos níveis de pobreza (54.7%) continuam a afectar negativamente a situação de SAN e contribuem em parte para níveis de insegurança alimentar (24% da população) e desnutrição crónica (43% das crianças com idades inferiores a 5 anos)" ainda elevados.

Assim sendo, disse o Representante da FAO, o reconhecimento "serve também para encorajar Moçambique a fazer mais e melhor, visto que ainda existem desafios". Entre eles, Camarada mencionou a necessidade de aumentar os níveis de produtividade e de produção agrícola (que estão ainda muito longe do seu potencial) e melhorar as vias de acesso aos mercados bem como melhorar a assistência técnica aos produtores, promover o agro-processamento e diversificar as dietas e o consumo de alimentos em muitas zonas do país.

Na mesma linha, o Ministro da Agricultura e Segurança Alimentar, José Pacheco, afirmou que a situação de segurança alimentar e nutricional em Moçambique "ainda é um desafio presente e o país tem de continuar firme no combate à fome".
José Pacheco representou Moçambique na cerimónia de reconhecimento, que se realizou à margem da 39ª Conferência da FAO em Roma, onde reiterou a importância da agricultura como base social e económica do país, dizendo ainda que o sector será uma prioridade do Governo do Presidente Filipe Nyusi.

Além de Moçambique, outros 71 países alcançaram o ODM1. 2015 marca o fim do período de monitoria dos ODMs. Em breve, estes serão substituídos pelos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Uma das metas dos novos objectivos é a erradicação total da fome, a melhoria da nutrição e a promoção de uma agricultura sustentável.