Líderes mundiais exortam a FAO a perseguir direitos, equidade e protecção social
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Representantes de 194 países, incluindo mais de 130 ministros, participaram este sábado (06.06.) na abertura da 39ª Conferência da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Até ao próximo dia 13 de Junho, os participantes irão discutir o programa da Organização, definir o orçamento para os próximos dois anos e eleger o novo Director-Geral.
No seu discurso de abertura, Sergio Mattarella, Presidente de Itália, país anfitrião, referiu-se ao direito à alimentação como componente central do direito básico à vida e alertou para o facto de que a verdadeira paz nunca será alcançada se não se erradicarem a pobreza e a subnutrição. Mattarella louvou ainda o Director-Geral da FAO, José Graziano da Silva, por intensificar o foco da Organização sobre a sustentabilidade, um objectivo ameaçado por clivagens sociais.
Mattarella argumentou também que questões como as alterações climáticas, limites nos recursos naturais e insegurança alimentar e nutricional têm consequências além-fronteiras e necessitarão que decisores políticos adoptem uma perspectiva de direitos humanos em cimeiras-chave sobre emissões de gases com efeito de estufa e os novos objectivos das Nações Unidas que se realizarão ainda este ano.
"O mundo mudou e chegou a altura de unirmos forças", disse. "Todos nós temos de nos esforçar, caso contrário não será possível termos uma governação mundial."
Programa brasileiro "Fome Zero" como inspiração
Ao fazer a Palestra Memorial McDougall, Luiz Inácio Lula da Silva, ex-Presidente do Brasil, mencionou as lições do programa "Fome Zero" que implementou no seu país em 2003 depois de ser eleito Chefe de Estado. O "Fome Zero" contribuiu em grande medida para o bem-estar geral da população do Brasil, onde, hoje, menos de cinco por cento sofrem de fome.
Observando que Graziano da Silva foi o arquitecto e o primeiro dos ministros responsáveis pelo programa "Fome Zero", Lula enfatizou que a ideia inicialmente controversa de transferências de dinheiro para os mais pobres tirou desde então dezenas de milhares de pessoas da pobreza – por apenas 0,5 por cento do Produto Interno Bruto do Brasil.
"Esta é a primeira geração de brasileiros que não tem de enfrentar o drama da fome", disse Lula numa descrição calorosa de como "as transferências para os pobres acabaram por ser benéficas para todo o país".
"A FAO", continuou, "deve servir de amplificador para que outros países tomem conhecimento de boas práticas" num momento em que os líderes mundiais negoceiam a agenda de desenvolvimento pós-2015. "Nunca estivemos tão perto de realizar o sonho de erradicar a fome, temos os recursos para isso, temos o poderoso argumento ético e também temos a prova concreta de que tal é possível".