FAO in Mozambique

FAO apresenta nova Plataforma Digital sobre Agricultura Familiar

Em Moçambique há 3,2 milhões de agricultores familiares
16/06/2015

Em reconhecimento da contribuição dos agricultores familiares para a segurança alimentar e nutricional e para os esforços de erradicação da pobreza no mundo, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) apresentou, esta terça-feira (16.06.), uma nova plataforma digital que tem como objectivo concentrar informação, dados e legislação sobre o sector que produz cerca de 80 por cento dos alimentos do mundo.

"Os agricultores familiares alimentam as nossas comunidades e cuidam da nossa terra, são aliados decisivos na luta contra a fome e a pobreza rural", afirmou o Director-Geral da FAO, José Graziano da Silva, no lançamento da plataforma.

Ao compilar informação digitalizada de todo o mundo sobre agricultura familiar, incluindo os programas públicos, as leis nacionalizes e regionais, estatísticas actualizadas, estudos de caso e investigação académica, a nova Plataforma Digital sobre Agricultura Familiar permitirá aos governos fortalecer as políticas de apoio aos agricultores familiares e contribuir para o diálogo normativo com as organizações destes produtores.

"Era necessário partilhar o conhecimento sobre a agricultura familiar: os diferentes tipos de políticas que os governos puseram em prática e as numerosas actividades dos agricultores familiares e das suas organizações no terreno", assinalou o Chefe da Unidade de Promoção Institucional do Escritório de Parcerias, Promoção e Desenvolvimento de Capacidades da FAO, Francesco Pierri.

"Há uma grande quantidade de informação disponível na internet, mas ela está dispersa. Nós queríamos um único ponto de acesso a toda a informação disponível para todos aqueles que trabalham neste sector", acrescentou.

Esta iniciativa é um dos principais legados do Ano Internacional da Agricultura Familiar, que se celebrou em 2014 e chamou a atenção para as contribuições e os esforços dos agricultores familiares no desafio mundial de alimentar uma população cada vez mais numerosa, que, em 2050, se prevê que alcance os nove mil milhões de pessoas.

Esta plataforma beneficiará da colaboração de parcerias com diversas entidades internacionais, incluindo governos, redes de agricultores familiares, agências das Nações Unidas, ONGs e organizações de investigação.

Os governos serão parceiros-chave desta iniciativa ao oferecer uma grande parte dos conteúdos para a base de dados jurídicos da plataforma, que permitirá aos usuários consultar um catálogo de políticas e programas relacionados com a agricultura familiar, por países.

Uma vez establecida a plataforma como ponto de informação internacional, numa segunda fase, expandir-se-á a iniciativa para que acolha também diálogos políticos online.

Porquê agricultores familiares?

As explorações familiares pertencem ou encontram-se nas mãos de famílias que dependem principalmente da mão-de-obra familiar.

Ainda que seja de uma categoria diversificada, que, além da agricultura, inclui também as pescas, as florestas e a pecuária, trata-se, na maioria, de pequenos agricultores. Hoje, cerca de 72 por cento das explorações agrícolas mundiais têm menos de um hectare de superfície e apenas 6 por cento têm mais de cinco hectares.

Estes produtores são essenciais para a segurança alimentar e nutricional a nível local e para que as dietas alimentares sejam equilibradas, desempenhando um papel fundamental na manutenção da biodiversidade ao preservar produtos alimentares tradicionais.

Além disso, os agricultores familiares contribuem para a utilização sustentável dos recursos naturais e são vistos frequentemente como a chave para quebrar o círculo vicioso da pobreza nas zonas rurais devido ao seu potencial para impulsionar as economias locais e os rendimentos das famílias.

Desde o início do Ano Internacional da Agricultura Familiar em 2014, a FAO e diferentes parceiros reconheceram a necessidade de um veículo permanente para tratar os assuntos da agricultura familiar e dar apoio aos decisores políticos a fim de criar estratégias fortes para combater a fome e tornar a agricultura mais sustentável.

O desafio global das alterações climáticas, os obstáculos mais comuns enfrentados pelos agricultores familiares são: o acesso limitado à terra, ao crédito e à tecnologia, assim como a deficiência dos serviços básicos como água, saneamento e electricidade.

A nova plataforma dará continuação ao diálogo mundial iniciado no Ano Internacional e contribuirá para os esforços baseados em conhecimentos que ajudem os agricultores familiares a manter a segurança alimentar e nutricional das comunidades no futuro.