Seminário promove transferência de tecnologia nos sectores agrícola, alimentar e florestal entre Moçambique e Portugal
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A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) participou esta terça-feira (02.06.) num seminário sobre a "Colaboração entre Moçambique e Portugal nos sectores agrícola, alimentar e florestal", que reuniu na capital moçambicana, Maputo, representantes das Nações Unidas e do Governo de Moçambique bem como da academia e da sociedade civil de ambos os países.
No encontro, que se realizou no âmbito da Plataforma SKAN – Sharing Knowledge Agrifood Networks, pretendeu-se, entre outros, divulgar iniciativas de colaboração em investigação e transferência de conhecimento e tecnologia nos sectores agrícola, alimentar e florestal. "Estes sectores", disse no discurso de abertura o Representante da FAO em Moçambique, Castro Camarada, "são centrais para a estratégia de desenvolvimento económico e inclusivo de Moçambique pelo peso que têm no Produto Interno Bruto nacional e pelos empregos que geram, sobretudo se considerarmos os efeitos indirectos nos subsectores a eles ligados". O desenvolvimento nestas áreas, assim continuou Camarada, "é fundamental para a segurança alimentar e nutricional e a redução da pobreza".
Ao promover a troca de conhecimento e a partilha de tecnologia entre Europa, África e América Latina, a Plataforma SKAN, uma iniciativa da Comissão Europeia e do Governo português, potencia precisamente o crescimento económico e o desenvolvimento social dos países emergentes nos trópicos. "A tecnologia e o conhecimento devem criar valor e riqueza, daí a importância de uma plataforma como esta", disse no evento Luís Mira da Silva, Presidente da Inovisa – Associação para a Inovação e Desenvolvimento Empresarial.
Colaboração entre Moçambique e Portugal pode beneficiar
Com a plataforma, a comissão organizadora – composta pelo Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), o Instituto de Investigação Científica Tropical (IICT), a Universidade Eduardo Mondlane (UEM), a FAO e a Inovisa – tem como objectivo fortalecer a ligação entre os meios científico e empresarial, tornando-a sustentável através da capacitação de agentes locais e potenciando a aplicação de recursos já existentes como outras redes e plataformas locais. Em Moçambique, recordou o Director Técnico da Direcção de Formação, Documentação e Transferência de Tecnologias do IIAM, Feliciano Mazuze, "tivemos já a Plataforma para Investigação Agrária e Inovação Tecnológica (PIAIT) que, entre outros, pretendeu tornar tecnologias úteis e acessíveis para agricultores e teve como resultados, em termos de parcerias e coordenação, a massificação de tecnologias e o desenvolvimento de pacotes tecnológicos".
Segundo o Embaixador de Portugal em Moçambique, José Augusto Duarte, a plataforma SKAN tem potencial para beneficiar em grande medida ambas as partes [Moçambique e Portugal]. "Os portugueses têm feito muitos investimentos nas áreas de foco da plataforma, ajudando a dinamizar a produção moçambicana e trazendo recursos para o país." Segundo o Embaixador português, mais de 90 por cento das importações de Moçambique por Portugal são produtos agrícolas. "Contudo, as trocas comerciais ainda estão aquém do desejado e ainda há muito espaço para a sua incrementação."
No país, mencionou ainda o Inspector-Geral do Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar (MASA), Ilídio Miguel, mais de 80 por cento da população praticam agricultura como principal actividade. Neste contexto, são objectivos do novo governo "acelerar a produção agrícola, aumentar o rendimento dos agricultores e impulsionar o desenvolvimento das regiões com maior potencial agrário", disse Miguel, indo ao encontro de alguns dos desafios globais que justificam a necessidade da plataforma SKAN, tais como uma maior produtividade agrícola e segurança alimentar.
Numa mesa redonda, diferentes actores apresentaram as suas perspectivas sobre a importância das redes internacionais de partilha de conhecimento e tecnologia no desenvolvimento dos sectores agrícola, alimentar e florestal, contribuindo para um dos prinicipais objectivos do evento: iniciar discussões com vista ao desenvolvimento de novos projectos de inovação nos países de língua oficial portuguesa, com foco especial sobre as colaborações entre Moçambique e Portugal.