FAO in Mozambique

FAO Moçambique celebra 70° aniversário da Organização

A FAO foi fundada a 16 de Outubro de 1945
26/10/2015

No passado dia 16 de Outubro, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) celebrou o seu 70º aniversário. A data marca também o Dia Mundial da Alimentação que, desde 1981, é assinalado anualmente em mais de 150 países, entre eles Moçambique.

O dia pretende chamar a atenção das pessoas em todo o mundo para questões de segurança alimentar e nutricional e para a necessidade de erradicar a fome ao longo das nossas vidas. Este ano, o tema – "Protecção social e agricultura: rompendo o ciclo da pobreza rural" – foi escolhido para despertar consciência sobre o papel que a protecção social desempenha no combate à desigualdade e à vulnerabilidade bem como na erradicação da fome e da pobreza, quando incluída como prioridade nas agendas de desenvolvimento.

Neste contexto, a FAO Moçambique realizou e participou em diversas actividades alusivas à efeméride.

Lançamento do SOFA e seminário sobre protecção social e agricultura em Maputo

No dia 15 de Outubro, o lançamento do relatório sobre "O Estado da Alimentação e da Agricultura no mundo" (The State of Food and Agriculture 2015, SOFA) aconteceu, pela primeira vez, em Moçambique, reunindo na capital, Maputo, diversos representantes dos sectores público e privado envolvidos na agricultura, academia, parceiros de cooperação e agências das Nações Unidas.

O relatório deste ano concentra-se no papel directo da protecção social na luta contra a pobreza e a fome bem como na sua contribuição indirecta através da promoção do desenvolvimento agrícola e rural. Segundo Maya Takagi, antiga Oficial Sénior de Protecção Social e actual Vice-Directora do Programa Estratégico do Objectivo Estratégico 3– Redução da Pobreza Rural da FAO, a principal mensagem do documento prende-se com o facto de os níveis de pobreza e de fome terem baixado consideravelmente, "mas o progresso tem sido desigual e os números continuam altos". Isto, porque, de acordo com o SOFA 2015, ainda hoje, no mundo, cerca de 800 milhões de pessoas continuam a sofrer de fome crónica e quase mil milhões de pessoas continuam a viver em pobreza extrema.

No seminário técnico sobre "protecção social e agricultura em Moçambique", que se seguiu, Ruben Alves, da Organização Mundial do Trabalho, apresentou a realidade da protecção social em Moçambique, onde, em 2014, 341.000 agregados (incapacitados permanentemente de trabalhar) estavam cobertos por acção social directa.

Lançamento de Campanha de Nutrição

Numa "gala de nutrição", realizada no dia 16 de Outubro, pelo Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN) e na qual a FAO, a Primeira Dama bem como os ministros da Saúde e da Agricultura e Segurança Alimentar e outras personalidades participaram, a instituição lançou uma campanha de sensibilização sobre a desnutrição em Moçambique, sob o lema "Nutrição e Desenvolvimento, um compromisso de todos". A campanha deverá estender-se por quatro anos com acções por todo o país. O Representante da FAO em Moçambique, Castro Camarada, que esteve presente no evento, explicou que "a campanha deverá sensibilizar os moçambicanos para a necessidade de uma boa nutrição, com especial atenção para as crianças nos seus primeiros 1000 dias, desde a concepção até aos dois anos. Trata-se, portanto, de uma campanha oportuna, que, esperemos, venha a dar resultados positivos". Tal é especialmente importante, porque a malnutrição materna e infantil perpetua a pobreza de geração em geração. Em Moçambique, ainda hoje, mais de 40 por cento das crianças com idades inferiores a cinco anos sofrem de desnutrição crónica.

Corrida "Juntos contra a fome" na CPLP

Sob o lema "Juntos Contra a Fome, Nutrição e Desenvolvimento", foi organizada uma corrida em parceria com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a FAO, no âmbito da campanha de combate à fome com o objectivo de mobilizar a sociedade para a construção de uma comunidade sem fome. A corrida, a 17 de Outubro, foi organizada pelo Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar (MASA), em parceria com o Ministério da Saúde (MISAU) e teve a participação da Direcção e quadros dos dois ministérios, assim como do Representante da FAO em Moçambique, Castro Camarada, do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), da operadora de rede móvel Mcel e atletas federados e populares das modalidades de atletismo, ciclismo, paralímpicos em triciclo e cadeira de rodas. De acordo com o Ministro da Agricultura e Segurança Alimentar, José Pacheco, a escolha do desporto deve-se ao facto de ser uma "actividade que contribui para a manutenção de uma boa saúde".

Evento sobre "protecção social e vouchers electrónicos" em Manica

Mas não só em Maputo a FAO assinalou o Dia Mundial da Alimentação e o seu aniversário. Na Província de Manica, cidade de Chimoio, o sub-programa Objectivo de Desenvolvimento do Milénio 1c (ODM1c) da FAO realizou um debate público intitulado "Protecção Social e Vouchers Electrónicos". Pouco antes do lançamento pelo ODM1c deste novo formato de vouchers, o evento, em que participaram pequenos produtores de Escolas na Machamba do Camponês (EMCs), o Programa Mundial para a Alimentação (PMA), o Administrador do Distrito de Manica, Carlos Mutar, assim como o Director dos Serviços Distritais de Actividades Económicas (SDAE) de Manica, Eusébio Focolone, pretendeu servir de plataforma de informação para os beneficiários sobre o funcionamento dos vouchers electrónicos para a compra de insumos, com subsídio da FAO.

Comentando a ligação entre protecção social e agricultura em Moçambique, o coordenador do Sub-programa ODM1c da FAO, Walter de Oliveira, observou que a combinação entre protecção social e desenvolvimento rural é financeiramente viável em Moçambique. "Juntamente com o Instituto Nacional de Acção Social (INAS) e outros parceiros, actividades de transferências sociais, tais como as implementadas pela FAO através do Sub-programa ODM1c, podem aliar o apoio financeiro a um melhor acesso a serviços sociais, particularmente de saúde e educação. Por sua vez, a malnutrição diminuirá e as capacidades de geração de renda dos pequenos agricultores aumentarão."

Só no ano de 2013, os programas de protecção social retiraram cerca de 150 milhões de pessoas da pobreza extrema nas zonas rurais.