"2015: Ano Internacional dos Solos"

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Observatório do Meio Rural (OMR) realizaram esta quinta-feira (12.11.) um seminário técnico sobre solos, que reuniu em Maputo diferentes actores interessados, incluindo associações de produtores, os sectores público e privado envolvidos na agricultura e gestão dos recursos naturais, a academia bem como parceiros de cooperação e diplomáticos.

2015 foi declarado Ano Internacional dos Solos pela 68ª Assembleia Geral da ONU. O tema visa chamar a atenção da sociedade civil e dos decisores políticos para o papel que os solos desempenham na vida humana e na garantia da segurança alimentar, na mitigação e na adaptação às mudanças climáticas.

Na abertura do seminário, o Representante da FAO em Moçambique, Castro Camarada, destacou diferentes aspectos que reflectem o papel de relevo que os solos desempenham no desenvolvimento sustentável: "os solos constituem a base para a produção de alimentos bem como de fibras, combustíveis e produtos medicinais", afirmou Camarada. "Os solos sustentam a biodiversidade do planeta e ajudam-nos a enfrentar inundações e secas e ainda a combater e a adaptar-nos às mudanças climáticas."

Em Moçambique, disse Rui Brito, da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal da Universidade Eduardo Mondlane (FAEF-UEM), as mudanças climáticas fazem-se sentir sobretudo através do "aumento e da variabilidade das temperaturas e das precipitações, mais concentradas e intensas, assim como através das secas, das cheias e dos ciclones, todos eles agora eventos mais frequentes e intensos".

As mudanças climáticas, mas também, por exemplo, o crescimento demográfico, que, segundo a engenheira agrónoma do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM), Laurinda Nobela, "impõe uma pressão cada vez maior sobre os recursos naturais", são dois dos mais sérios desafios actuais que põem a qualidade dos solos em risco no país. Entre os factores naturais, continuou Laurinda Nobela, está a erosão e, entre os humanos, contam-se "a desflorestação – com a abertura de novos campos de cultivo e a exploração de lenha – práticas agrícolas não sustentáveis, queimadas descontroladas e a extracção mineira". Outro factor de acordo com o Director do OMR, João Mosca, é ainda constituído pelas "migrações de população e as suas estratégias de sobrevivência, com a ocupação e conflitos de terras e a consequente deterioração dos solos".

Ao longo do Ano Internacional dos Solos pretenderam-se promover, precisamente, acções de investimento para assegurar a gestão sustentável dos solos a nível global no sentido de os manter saudáveis para poderem ser usados de diferentes formas e apoiar políticas eficientes e acções com vista a garantir o seu uso sustentável e a protecção dos recursos neles existentes.