FAO in Mozambique

Zika: Director-Geral da FAO diz que Organização está preparada para contribuir para os esforços internacionais contra o vírus

Mosquitos em laboratório. Remover a água estagnada usada por estes insectos para se reproduzirem é crucial para combater a propagação do vírus Zika
09/02/2016

Sob a liderança da Organização Mundial da Saúde (OMS), o sistema da ONU está a mobilizar-se para dar uma resposta coordenada contra o Zika de forma a minimizar a ameaça nos países afectados e reduzir o risco de propagação a nível internacional.

"Com os seus recursos e a capacidade técnica, a FAO [Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura] está preparada para fazer o que lhe compete para dar uma resposta imediata a esta emergência que continua a alastrar-se", afirmou o Director-Geral da FAO, Graziano da Silva, em comunicado.

"Na condição de principal agência da ONU nas áreas de saúde animal e controlo de pragas, a FAO reúne todas as condições para prestar assistência aos países afectados com intervenções concretas, especialmente para evitar que as pessoas e o meio ambiente se exponham a riscos de saúde resultantes do uso inapropriado de produtos químicos potencialmente perigosos", disse Graziano da Silva.

O Director-Geral da FAO salientou ainda ser preferível utilizar acções mais simples e imediatas para o combate ao mosquito, como a remoção da água parada - meio em que os mosquitos mais se proliferam - em detrimento do uso de insecticidas.

"Caso o uso intensivo de insecticidas seja realmente necessário, a FAO recomenda ser essencial a sua utilização com muito cuidado, de forma a assegurar a segurança humana e proteger a cadeia de alimentos de uma possível contaminação", completou Graziano da Silva.

FAO e OMS juntos

Num programa conjunto com a OMS, a FAO desenvolveu um conjunto de recomendações sobre uma boa gestão do uso de insecticidas. "Entre outras medidas, sugere-se o uso de pesticidas de alta qualidade, misturados de acordo com as instruções do fabricante, de modo a promover tanto a sua eficácia como a segurança", enfatizou o Director-Geral.

Mas, além do uso de insecticidas, existem outras formas de combater a propagação do vírus Zika.

Uma solução a longo prazo é a técnica do insecto estéril que tem sido desenvolvida no Programa Conjunto FAO-AIEA sobre Técnicas Nucleares em Alimentação e Agricultura. Esta é uma forma de controlo de pragas que utiliza uma radiação ionizante para esterilizar os insectos machos e que são produzidos em massa em instalações especializadas. Essa técnica tem sido usada com sucesso em todo o mundo há mais de 50 anos para várias pragas de insectos agrícolas, como a mosca da fruta, a mosca tsé-tsé, larvas e bicho-da-seda. A aplicação contra os mosquitos transmissores de doenças, tais como o portador dos vírus Zika, Dengue e Chikungunya, está em curso - com algumas experiências-piloto já concluídas com êxito e outras que mostram resultados promissores", disse Graziano da Silva.

"O custo humano desta emergência é potencialmente devastador e devemos trabalhar em conjunto para garantir que ele é mantido sob controlo", concluiu o brasileiro.