Praga da lagarta do funil do milho ameaça segurança alimentar em Moçambique
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Dois anos após uma seca intensa provocada pelo El Niño que afectou mais de 40 milhões de pessoas e causou um défice de cereais de 9 milhões de toneladas, a região austral de África se depara com uma nova praga que ameaça devastar as culturas dos agricultores da região.
Trata-se de uma espécie de lagarta invasora comum nos países da América do Sul (Lagarta do Funil do Milho) que foi diagnosticada recentemente no continente africano. A Nigéria foi o primeiro país africano a detectar a praga em Janeiro de 2016, seguindo-se a África Central em Abril do mesmo ano e a África Austral nos finais de 2017.
Depois de ter sido detectada em países como Zâmbia, Zimbábwé, África do Sul, Malawi, Botswana, Swazilândia e Tanzania, foi confirmada a sua presença em Moçambique nas províncias de Maputo, Gaza, Manica, Tete, Niassa e Zambézia.
A praga tem potencial para causar prejuízos económicos consideráveis nas culturas em alguns países da região ameaçando reduzir as perspectivas de produção projectadas para a actual campanha agrícola.
O milho, que é a cultura alimentar mais importante na região, é a mais afectada por ser a principal cultura hospedeira comprometendo assim a segurança alimentar das famílias mas, esta também pode afectar um grande número de culturas incluindo a mapira e o trigo.
A fim de conter a propagação desta praga a FAO em Moçambique disponibilizou fundos para apoiar o Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar (MASA) no rastreio da praga nas zonas suspeitas.
A nível regional e internacional, estão a ser realizadas reuniões técnicas entre as autoridades nacionais de controlo de pragas e doenças transfronteiriças e as instituições técnicas internacionais com vista a desenhar-se uma estratégia global de intervenção e a identificação das necessidades de apoio dos países.
Paralelamente, a FAO tem estado a apoiar os países na avaliação da situação actual destinada a compreender a extensão e a intensidade da ameaça da lagarta do funil do milho, bem como na identificação de soluções sustentáveis para o controlo da propagação da praga.
Para a técnica de responsável pela área Produção e Protecção de Plantas dos escritórios regionais da FAO em Harare - Zimbabwe, Joyce MulilaMitti “nenhum país está a salvo, todos os países estão em risco e é importante que estejam preparados e tenham uma resposta imediata e, a constante monitoria é fundamental para se manter a praga controlada”.
MulilaMitti disse ainda que para para além destas acções a FAO prevê:
- Apoiar a realização de avaliações em cada país sobre o impacto da praga (distribuição / mapeamento, níveis de infestação, danos, perda de rendimento, necessidades da população);
- Reforçar a coordenação regional através de sistemas de alerta precoce;
- Criação e/ou reforço de sistemas nacionais de vigilância com o envolvimento de parceiros através da prestação de assistência técnica e de aconselhamento;
- Distribuição aos países de guias técnicos com protocolos para auxiliar nas medidas de identificação e controle.
A Zâmbia registou a maior área afectada na região da África Austral, com cerca de 223 000 hectares afectados, dos quais 90 000 de campos de milho, o que levou os agricultores a replantar as suas culturas e, noo Zimbabwé, foram afectados cerca de 130 000 hectares.