Lisboa – Realizou-se no passado dia 15 de novembro, no Porto, a 4ª Conferência do Ciclo de Conferências de Sustentabilidade Alimentar da Associação Portuguesa de Nutrição (APN), com o tema "Boa Governança", que contou com a intervenção em formato de vídeo de Francisco Sarmento, Chefe do Escritório de Informação da FAO em Portugal e junto da CPLP, abordando o tema dos Mecanismos de Governança para uma Alimentação Adequada.

Francisco Sarmento referiu que para a FAO, todos os seus Estados-Membros e as demais Agências das Nações Unidas, a boa governança na área da alimentação e nutrição, baseia-se na participação de todos os atores relevantes, concretamente, a Sociedade Civil, o Sector Privado, as Instituições Financeiras Internacionais, as Instituições Académicas e de Investigação e os Governos, enfatizando que as soluções para os atuais desafios colocados à questão da sustentabilidade alimentar não passam por uma ação setorial de um Ministério apenas, mas de um arranjo institucional adequado ao contexto de cada País. Chamando a atenção para uma abordagem baseada em Direitos disse que "é necessário garantir e apoiar a participação dos grupos mais vulneráveis à questão da desnutrição como parte integrante da Sociedade Civil".

O Chefe do Escritório da FAO em Portugal falou da importância dos mecanismos de Governança ao nível nacional se replicarem também ao nível local, com a promoção de arranjos institucionais coerentes ao nível de cada Município que possibilitem uma maior coordenação de áreas de governação local e a participação dos atores mais relevantes, em particular dos que estão numa situação de vulnerabilidade acrescida.

Francisco Sarmento aproveitou para apelar ao uso mais frequente do termo Alimentação Adequada, mencionando que este termo engloba não só a questão da importância de uma alimentação equilibrada, capaz de produzir uma vida longa e saudável a quem a consome, mas também culturalmente adequada e em linha com modelos de produção que garantam a sustentabilidade do sistema alimentar como um todo e terminou a sua participação referindo que a FAO estará disponível para apoiar o Governo Português no desafio de estruturar de Conselhos Municipais para uma Alimentação e Nutrição Adequadas.

A Conferência contou também com a participação de Raquel Castello-Branco, da Câmara Municipal do Porto, que falou sobre o contributo do Município para estratégias sustentáveis na área alimentar e com uma tertúlia com participação de Pedro Graça, Director do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), Eduardo Diniz, Coordenador da Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar (CNCDA) e Diretor do Gabinete de Planeamento e Políticas (GPP) e Mafalda Evangelista, do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (BCSD), com moderação de Nuno Palas da APN. Foi ainda visionado o Documentário Sobre Sustentabilidade Alimentar "SustainableAting".

Para a APN, o Nutricionista, assim como os restantes profissionais da área da alimentação e da nutrição, assumem um papel preponderante na reflexão, discussão e decisão no que diz respeito ao desafio de pensar a alimentação de forma sustentável, permitindo responder às necessidades do presente sem que isso comprometa a disponibilidade para as gerações futuras. Neste contexto e com inspiração nos cinco eixos a trabalhar no âmbito da sustentabilidade alimentar e da agricultura apresentados pela FAO em 2016, a APN sugere 5 medidas para uma alimentação mais saudável e sustentável dos portugueses: sempre que possível comprar a produtores locais; preferir alimentos frescos, locais e da época; ter uma Alimentação Mediterrânica; Repensar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar; e envolver-se na promoção de uma Alimentação Saudável.

Foto: Conferência Sustentabilidade Alimentar da APN