FAO in Portugal

FAO e Observatório do Meio Rural dedicam seminário ao Dia Mundial da Alimentação

11/11/2014

Maputo – No âmbito das comemorações do Dia Mundial da Alimentação, a Representação da FAO em Moçambique realizou no passado dia 6 de novembro um seminário em parceria com o Observatório do Meio Rural (OMR).

O evento reuniu na Universidade A Politécnica, em Maputo, representantes de organizações e instituições da área da agricultura e alimentação, incluindo associações de produtores, parceiros de cooperação, agências das Nações Unidas e o sector privado envolvido no agro-negócio.

Segundo o Representante da FAO em Moçambique, Castro Camarada, o tema do seminário, que correspondeu ao tema que marcou o Dia Mundial da Alimentação este ano, “Agricultura familiar: alimentar o mundo, cuidar do planeta”, adequa-se perfeitamente à realidade moçambicana. Castro Camarada lembrou, na abertura da sessão que, no país, “3,2 milhões de explorações agrícolas estão nas mãos de famílias, enquanto apenas 400 são explorações de larga escala”.

 

Níveis de produtividade e competitividade baixos

O sector agrícola emprega 80 por cento da população activa moçambicana. Contudo, assim continuou Camarada, “ainda se verificam problemas a nível de produtividade de alguns cereais e leguminosas que, em Moçambique, mesmo em comparação com países da região como o Malawi, Zimbabué ou a Zâmbia, permanece baixa”.

A baixa produtividade agrícola a nível nacional foi um dos temas que estiveram no centro das apresentações dos oradores, bem como no debate que se seguiu. De acordo com o Director do OMR, a evolução da produção agrícola em Moçambique, ao longo das últimas décadas revela “uma redução da disponibilidade de alimentos per capita”. Tal deve-se, entre outros fatores, à baixa produtividade que, por sua vez, segundo João Mosca, se deve ao baixo uso de insumos melhorados e equipamentos agrícolas. No que toca à agricultura familiar, continuou o académico, acresce “a ineficácia das políticas de apoio ao sector”.

 

Urbanização e mudanças climáticas desafiam a agricultura

Ao mesmo tempo, afirmou Adérito Mavie, Chefe de Departamento do Agro-negócio do Centro de Promoção da Agricultura (CEPAGRI), o sector familiar tem sobre si uma responsabilidade cada vez maior perante a crescente urbanização do país: “quanto mais pessoas migram para as cidades, menos se dedicam à agricultura no campo”.

Por outro lado, também as mudanças climáticas fazem da agricultura em Moçambique “uma área em que é necessário inovar”, concluiu Castro Camarada: “Temos de reflectir na forma como a agricultura familiar se vai ajustar às condições futuras. E delas fazem parte a urbanização, a mudança na estrutura demográfica da população e as mudanças climáticas.” Ainda segundo Camarada, “existe na agricultura familiar um potencial enorme que precisa de ser realizado e para isso são necessárias políticas adequadas, recursos e capacidades de implementação dos programas existentes”.

 

2014: Ano Internacional da Agricultura Familiar

2014 foi declarado pelas Nações Unidas “Ano Internacional da Agricultura Familiar”. O objectivo é, portanto, reposicionar a agricultura familiar no centro das políticas agrícolas, ambientais e sociais nas agendas de desenvolvimento nacionais.

O Dia Mundial da Alimentação, que marca também a criação da FAO e, desde 1981, é celebrado anualmente a 16 de Outubro em mais de 150 países, pretende chamar a atenção e despertar a compreensão das pessoas em todo o mundo sobre as várias formas de se combater a fome e a malnutrição no planeta e de se garantir segurança alimentar para todos. Este ano, em particular, pretende-se aumentar o conhecimento e a compreensão sobre os desafios enfrentados pelos agricultores familiares e pequenos produtores.