FAO in Portugal

FAO Moçambique fala sobre impacto das cheias na agricultura em programa de televisão

24/02/2015

Maputo – A poucos dias da chegada da equipa de emergência da FAO às zonas afetadas pelas cheias do início deste ano, no norte e centro de Moçambique, o Representante da FAO no país, Castro Camarada, falou sobre o impacto que estas tiveram – e ainda têm – sobre a agricultura e a pecuária na região. Segundo o Representante da FAO, a coordenação entre os vários actores e o trabalho de alerta rápido têm sido bons – “já no final do ano passado se sabia que janeiro e fevereiro iriam ser meses críticos” – mas o desafio é grande: “ao mesmo tempo que vemos cheias na Zambézia, em Nampula, em Niassa e noutras províncias, Manica luta contra a seca”. Camarada falou no passado dia 18 de fevereiro no programa de televisão “Moçambique, Terra de Oportunidades”, um programa sobre agricultura e pecuária em Moçambique da TV Miramar.

Em conversa no estúdio estava também Rita Almeida, porta-voz do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), parceiro da FAO no trabalho de emergência. Para ela, outro desafio prende-se com a necessidade de “sensibilizar a população quanto a zonas baixas, de maior risco, mas mais férteis e, portanto, mais atractivas, como zonas de residência e agrícolas, oferecendo alternativas viáveis”.

No passado dia 12 de Janeiro, o Governo de Moçambique emitiu um alerta vermelho para as regiões centro e norte do país. As chuvas alagaram campos e isolaram comunidades, destruindo pontes e estradas e abalando o abastecimento de electricidade e as telecomunicações. Segundo cálculos do Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar (MASA), mais de 50.000 ha de campos cultivados ficaram inundados, deixando mais de 37.000 agregados familiares em situação de grande vulnerabilidade.

Entretanto, já foram garantidos fundos à FAO para providenciar apoio imediato aos 11.000 agregados familiares rurais mais vulneráveis em sete distritos das províncias da Zambézia e de Sofala. Os fundos provenientes do Programa de Cooperação Técnica (TCP, na sigla em inglês) e do Fundo Central de Resposta à Emergência (CERF) deverão beneficiar agricultores em situação de insegurança alimentar, cujas colheitas foram destruídas durante as cheias de janeiro ou cuja produção se perdeu em 60 por cento e não têm meios alternativos (rendimentos ou reservas) para aceder a sementes. Em cooperação com o MASA e outros parceiros, como organizações não-governamentais locais e organizações comunitárias, a FAO distribuirá sementes de cereais e hortícolas bem como enxadas.

Além disso, a FAO encontra-se actualmente no processo de solicitação de 7 milhões de dólares norte-americanos no âmbito da Proposta de Resposta e Recuperação (RRP, na sigla em inglês) da ONU para prestar assistência a outras 44.000 famílias de agricultores que perderam toda ou parte da sua colheita e gado, para que estas possam retomar rapidamente a produção de alimentos e aumentar a sua resiliência a choques futuros.

Liderando o cluster da ONU de segurança alimentar juntamente com o Programa Alimentar Mundial (PAM), a FAO irá esforçar-se por coordenar a distribuição de insumos agrícolas com assistência alimentar.